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Edição 145
25 de setembro de 2008

Microscópio

Preocupação ambiental é destaque em seminário de biologia

Heryka Cilaberry

Meio ambiente, pesquisa e o papel social do biólogo serão destaques da XII BioSemana, que acontece entre os dias 29 de setembro e 3 de outubro, no auditório Adolpho Paulo Rocco, o “Quinhentão”, no subsolo do Bloco K do Centro de Ciências da Saúde (CCS). O evento integra as comemorações dos 40 anos do Instituto de Biologia (IB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O evento é organizado desde 1996 por alunos do curso de graduação de Biologia da UFRJ. Anualmente, são discutidas algumas vertentes desse campo de conhecimento e as múltiplas possibilidades de atuação do profissional da área, como explica Rayanne Setubal, membro da comissão organizadora:

– A Biologia é uma das mais vastas ciências. Estuda desde a célula até a floresta. Assim, há diversos campos onde se pode trabalhar: educação ambiental, ecologia, genética, biotecnologia, transgênicos, biologia marinha. A BioSemana é uma porta para que o estudante conheça o trabalho do biólogo e descubra seus interesses – afirma Rayanne.

Nessa 12ª edição, um dos assuntos de destaque nas conferências, mesas redondas e mini-cursos é a preocupação ambiental. Para a organizadora, é preciso que a população conheça o meio ambiente, para compreender sua importância, principalmente no Brasil, uma das grandes potências em diversidade de ecossistemas. “O homem precisa se entender como parte da natureza, dependente dela para viver. Ter consciência, por exemplo, de que a fauna pode servir não só de sustento para a população mas também oferecer a planta que poderá vir a curar uma doença. É o velho lema: conhecer para preservar”, explica Rayanne.

A presença do ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc, prevista para a abertura do evento, reafirma essa importância. Minc discutirá o “Ambientalismo no Brasil”, abordando questões relevantes, como os casos de desmatamento que vêm sendo combatidos em sua gestão. Yghor Teixeira, também organizador do evento, explica a importância do tema:

– A Mata Atlântica hoje apresenta menos de 10% do território que apresentava. Já existem muitas pesquisas que envolvem não só a recuperação, mas também o religamento de seus fragmentos, um mosaico, já que uma população separada tende a se extinguir por questão de variabilidade genética – afirma Teixeira.

A preocupação com a natureza será tema da palestra “Proteção Ambiental no Município do Rio de Janeiro: recuperação e gestão”, que discutirá os problemas enfrentados no combate à degradação do meio ambiente, como a favelização, o despejo irregular de esgoto, a poluição da Baía de Guanabara e o tráfico de animais em feiras a céu aberto.

O papel do biólogo na sociedade também faz parte da programação da XII BioSemana. De acordo com Maria Fernanda Quintela, diretora do Instituto de Biologia da UFRJ, esse profissional tem papel fundamental na formação do conhecimento na sociedade.

– Acredito que nenhuma sociedade moderna possa viver sem um biólogo, pois a Biologia é a base para a maioria das ciências. Todas as espécies vegetais e animais, incluindo o homem, vêm da célula, e a partir dela pode-se entender o homem-planeta. Qualquer sociedade que não possua a Biologia será uma sociedade fracassada, porque faltará uma base de entendimento de questões sociais, políticas e econômicas ligadas ao desenvolvimento sustentável, ao entendimento do planeta – enfatiza Maria Fernanda.

A mesa “Ensino de Evolução e Religião” debaterá um recente episódio ocorrido nos Estados Unidos, onde a Igreja se manifestou favorável à implantação do Criacionismo nas escolas, ao contrário do modelo ensinado hoje, baseado no Evolucionismo proposto por Darwin. De acordo com a teoria defendida pela Igreja, o homem surgiu à imagem e semelhança de Deus, não ligado por ancestralidade com o macaco.

A divulgação de pesquisas compõe a outra vertente da BioSemana. Os pesquisadores terão a oportunidade de apresentar os resultados de seus estudos à comunidade.

O “Programa Antártico Brasileiro” projeto de repercussão internacional, será abordado por Lúcia de Siqueira Campos, professora-adjunta do Instituto de Biologia da UFRJ e coordenadora do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas. O projeto – que visa esclarecer questões de importância regional, como a viabilidade de exploração econômica sustentável dos recursos vivos marinhos, ou de relevância global, como as mudanças climáticas – coloca o Brasil em evidência no cenário mundial.

A mesa “DNA barcoding” apresenta, entretanto, a ambivalência das pesquisas para o biólogo, pois as inovações podem ir de encontro ao mercado de trabalho. “DNA Barcoding é uma técnica de classificação feita a partir da codificação genética de uma proteína que está contida em todos os animais, uma espécie de código de barra que identificaria os seres. Essa aplicação acabaria com a atuação do zoólogo sistemata que faz as classificações a partir de outras características animais”, explica Rayanne.

– A biologia é uma ciência que trabalha com a vida. Nós temos que desenvolver pesquisas para saber como ela acontece, como se desenvolve e como nós a afetamos. Entre esses pilares nós temos várias interseções importantes. O meio ambiente está diretamente relacionado com a vida. A partir do momento em que o homem modifica variáveis ambientais, ele interfere nela. Se nós somos seres sociais, influenciamos o meio ambiente e a saúde com as nossas ações. Essas três estruturas são fundamentais para o Instituto de Biologia – comenta a diretora Maria Fernanda Quintela.

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