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Edição 141
28 de agosto de 2008

Notícias da Semana

Periodontia: assunto tratado na Jornada de Odontologia

Cília Monteiro

No dia 26 de agosto, a XVIII Jornada Acadêmica de Odontologia abordou em um simpósio o tema “Periodontia clínica: do diagnóstico ao tratamento”. No intuito de promover um intercâmbio de conhecimentos entre outras universidades foram convidados especialistas da área para abordar academicamente questões relacionadas à prevenção e assuntos mais modernos da odontologia, como a estética.

De acordo com Jô Iazzetti, professora da Faculdade de Odontologia e colaboradora na organização do evento, o grande objetivo da jornada é fazer com que os alunos recebam um conhecimento externo. Um exemplo foi a palestra do professor chileno, Milko Vilarroel, da Universidade de Valparaiso. Para Jô, com a evolução da Odontologia surge uma necessidade de reciclagem do ensino, não só voltada aos alunos, mas aos professores também. “Convidamos profissionais de fora da universidade que tragam outros conteúdos que possam ser aplicados numa dinâmica de ensino. Os alunos compareceram em peso. É interessante que os professores também assistam às palestras para ver se a calibragem do ensino é basicamente a mesma ou não”, constata Jô.

Bruno Rescala, professor da Universidade Estácio de Sá (UNESA), começou falando sobre os aspectos microbiológicos da doença periodontal. Ele considera necessário que o dentista saia da faculdade com o conhecimento básico para pelo menos diagnosticar os quadros de doença periodontal, mesmo que não seja um profissional da área de periodontia. “De um modo geral, a doença periodontal acomete muitos indivíduos no Brasil. O dentista precisa entender alguns aspectos do sistema de como acontece essa doença, como é clinicamente detectável, qual o fator etiológico que leva ao problema. É importante o conhecimento para que se possa diagnosticar e, se o dentista não estiver apto ou não quiser tratar o caso, encaminhar o paciente a um periodontista”, explica o professor.

Alessandra Areas, professora da Universidade Veiga de Almeida (UVA), falou sobre a importância do diagnóstico precoce em periodontia. Segundo a dentista, atualmente estão disponíveis as ferramentas clínicas, necessárias à avaliação clínica do paciente, e há também a avaliação radiográfica. Além disso, vários métodos têm sido estudados no intuito de tentar melhorar o diagnóstico precoce, evitando perdas futuras ao paciente. “Os estudos envolvem métodos de avaliação de fluido gengival, detecção de microorganismos e avaliação de polimorfismos genéticos. Porém, ainda não há nada de concreto para uso no consultório. É muito importante que se avance nesse campo para podermos melhorar a qualidade do diagnóstico, e da terapia periodontal também”, constata a especialista.   

Para melhor contextualizar o assunto, Alessandra falou do conceito de diagnóstico, que corresponde à arte de identificar a doença a partir de seus sinais e sintomas. Um diagnóstico preciso é resultado da síntese do conhecimento científico, experiência clínica, intuição e bom senso. A dentista explicou que as doenças periodontais inicialmente seguiam um critério de idade em sua classificação. No entanto, não se sabia até que ponto essa divisão etária estava correta. A classificação foi revista pela Academia Americana de Periodontia e a decisão foi abolir a divisão por idade. A partir de então, o fator diferencial passou a ser as características das doenças.

Alessandra Areas falou do crescimento de uma nova área de interesse chamada Periodontia Médica, que associa as doenças periodontais a várias condições, como alterações cardiovasculares, alterações pulmonares e diabetes.

Segundo Alessandra, nos casos de periodontite, uma inflamação crônica, a maioria dos pacientes são tratados de maneira convencional e respondem bem ao tratamento, apenas uma parcela pequena da população terá a periodontite severa, ou a periodontite que não responde ao tratamento. “Logicamente isso depende muito do estado em que o paciente chega ao consultório. Muitas vezes, num caso de periodontite severa, faltou um diagnóstico precoce, que evitaria danos ao paciente. Quando chega num estágio de perda óssea avançado, não temos muito que fazer, o paciente acaba perdendo dentes” relata a professora.

Uma grande variação na resposta inflamatória de um indivíduo para outro tem sido observada. Estudos epidemiológicos têm demonstrado a importância de fatores como fumo, estresse, doenças sistêmicas e genéticas, independentemente da contribuição microbiana. “As bactérias são necessárias para desencadear o processo, mas os fatores externos ajudam na patogênese da doença. Estudos têm sugerido que pelo menos metade da variabilidade da expressão da doença periodontal é controlada por fatores genéticos”, observa Alessandra.

Para finalizar, a especialista apontou a necessidade do paciente fazer sua parte para que o tratamento tenha sucesso. “Não conseguimos progredir com pacientes que não escovam os dentes como deveriam, não cooperam com o tratamento. Sempre falo aos meus pacientes que 70% por cento do tratamento é responsabilidade deles, minha contribuição é pequena. E o dentista precisa mostrar como deve ser a escovação e a passagem do fio dental”, conclui Alessandra Areas.    

Último palestrante do simpósio, Márcio Falabella, professor da Unigranrio, falou sobre terapia cirúrgica e terapia não cirúrgica em periodontia. “É importante aos alunos darem um enfoque no tratamento periodontal. Tem sido questionado se alguns dentistas operam demais, outros de menos, e hoje precisamos tentar chegar a um consenso. Também há a questão estética na periodontia, o que é mais recente, pois antigamente se trabalhava muito com a condição funcional ou trabalho de recessões gengivais, e hoje existe a opção de pacientes se submeterem à cirurgia com o objetivo de melhorar a estética também”, finaliza o professor.


III Simpósio de Educação Física e Dança: uma vitória

Cília Monteiro

Nesta segunda-feira (25/8), teve início o III Simpósio de Educação Física e Dança, no auditório Rodolpho Paulo Rocco, no Centro de Ciências da Saúde (CCS). Na mesa de abertura estiveram presentes Maria Fernanda Quintela, decana em exercício do CCS, José Maria Pereira da Silva, vice-diretor e coordenador da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD), Alexandre Palma e Thiago Mendonça, respectivamente, professor e estudante da EEFD.

Para Maria Fernanda Quintela, o simpósio é de extrema importância devido à escassez de eventos no país que discutam de forma acadêmica e científica assuntos da área de Educação Física e Dança, relevantes para a superação humana. Apesar das dificuldades enfrentadas na EEFD, ela acredita que a contribuição de todos é capaz de fazer a diferença na busca por melhores condições, e o simpósio é um exemplo disso. “Sabemos que a Educação Física luta por uma melhor infra-estrutura. Além disso, tem sido difícil mudar a política dos ministérios da Educação, dos Esportes, da Saúde e da Cultura em relação ao reconhecimento da Educação Física no desenvolvimento da sociedade, da arte e da cultura. Acredito que possamos mudar essa história com a colaboração de todos, principalmente dos jovens”, constata Maria Fernanda.

José Maria Pereira destacou a relevância do evento para a formação acadêmica dos alunos. Segundo o professor, é papel da universidade investir nessa formação, e o simpósio se torna um diferencial nesse processo. “Sempre digo aos meus alunos que não basta ficar entre paredes numa sala de aula ou linhas de quadras e piscinas. É necessário sair e buscar um maior conhecimento para aumentar a excelência da formação, para que se possa enfrentar o mercado de trabalho, que está cada vez mais difícil, cruel e exigente”, relatou José Maria.

O aluno Thiago esclareceu o papel do Centro Acadêmico dentro da universidade. Para ele, a função é organizar os estudantes na luta por questões internas, como melhoras na infra-estrutura, e questões externas, dentre elas a política. O III Simpósio de Educação Física e Dança representa uma vitória nessa luta, alcançada com a ajuda da organização dos estudantes. “O simpósio é científico, coloca questões pertinentes hoje na sociedade, nem sempre abordadas nas salas de aula, mas que auxiliam nossa saída da universidade para o mercado de trabalho. Está presente a idéia de discutir o que vai interferir quando sairmos daqui, como é a regulamentação da Educação Física e de que forma o profissional deve agir no decorrer de sua carreira”, explica Thiago.

De acordo com o estudante, o evento ainda tem a função de divulgar os grupos de pesquisa, dos quais muitos estudantes sequer tomam conhecimento. O aluno ainda ressaltou que o simpósio é um marco para a EEFD, pois mostra que se pode realizar um evento com qualidade e sem altas taxas de inscrição. “Isso é possível porque a universidade investiu nos estudantes. É uma responsabilidade da Direção, da Decania e da Reitoria, que fizeram sua parte”, conclui Thiago.

Encerrando a mesa de abertura, Alexandre Palma declarou que a EEFD tem o papel de promover um evento de tal nível, uma vez que é uma das pioneiras no ensino universitário e extremamente importante no campo científico. Ele acredita que a Educação Física tem contemplado o critério da universidade, que é o ensino, a pesquisa e a extensão. Alexandre finalizou falando dos planos para o simpósio: “Teremos mesas redondas, com dois a três palestrantes, fóruns, debates, grupos de pesquisa, cursos planejados de acordo com o interesse dos alunos e a apresentação de temas livres”. O evento acontece até o dia 29, sexta-feira.

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