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Edição 113
17 de janeiro de 2008

Ciência e Vida

Gel curativo favorece enxertos cutâneos

Seiji Nomura

Em nossos afazeres diários, é comum acontecerem acidentes. A cozinha é o lugar em que grande parte destes ocorre, vão de pequenas queimaduras a ferimentos leves com facas ou outros utensílios domésticos. Porém, há situações em que um band-aid não resolve, em muitos desses casos o bisturi é a única solução.

Como maneira de restaurar a resistência e a aparência da epiderme e reduzir o tempo de internação de um paciente, são usados implantes de pele nas áreas mais afetadas por uma queimadura ou corte profundo. Na maioria das vezes o próprio receptor é doador de tecido (os chamados auto-enxertos). “Quando você retira a pele de um local, ela perde toda a vascularização. No processo de regeneração, os vasos danificados da ferida passam a interagir com aquela película e fazem ligações (razão pela qual a pele deve estar imobilizada) entre a área receptora e o enxerto, trazendo suporte de sangue. Mas em algumas áreas, há dificuldade da reconexão do enxerto”, afirmou Diogo Franco, professor adjunto do Departamento de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da UFRJ e médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.

O especialista conduz uma pesquisa que procura solucionar parte dos problemas de cicatrização do enxerto. “Tentamos dar todas as condições para esse enxerto sobreviver. A possibilidade que o estudo explora é utilizar o próprio plasma do paciente, trabalhado em laboratório para obter uma maior concentração de plaquetas e fatores de crescimento”, explicou.

— Comparando os resultados entre área de enxertia sem o gel desenvolvido e com ele, observamos uma melhoria de 15% na integração do enxerto, em média - disse o doutor.

Outros pesquisadores já haviam utilizado a substância anteriormente, mas o custo de produção era muito elevado (cerca de U$3.000,00 por kit que produz volume semelhante ao obtido agora) e exigia equipamentos com tecnologia de ponta. “Em cooperação com o setor responsável, trabalhamos com materiais que qualquer laboratório de Hemoterapia tem para obtermos o produto. O custo foi muito baixo, praticamente nulo”, destaca o professor.

— Também desenvolvemos novas aplicações para o PRP (plasma rico em plaquetas), como na cicatrização dos enxertos de pele, de cartilagem e das falhas ósseas, inclusive na má-formação congênita. Não existiam muitos trabalhos nessas áreas —, declarou o médico.

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