Agência de Notícias da UFRJ www.olharvital.ufrj.br
Edição 112
20 de dezembro de 2007

Saúde em Foco

Variação rara de bactéria que causa meningite já é responsável por 11% dos casos no Rio

Antônio Marinho - O Globo

RIO - Uma nova variante da bactéria Neisseria meningitidis, que causa meningite, pode se tornar uma ameaça à saúde, segundo estudo feito no Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz. Antes de pouca importância, a W135 agora é responsável por 11% dos casos da doença no Rio. Entre 1988 e 2002, ela representava 0,3%. E já se pensa em incluir a variante numa estratégia de vacinação.

Até o fim da década de 1990, 90% dos casos de meningite bacteriana no mundo eram causados pelos grupos A, B e C, enquanto a W135 era rara ou esporádica. Em 2000, foi registrado o primeiro surto associado à variante. Começou na Arábia Saudita e se difundiu para o norte da África. A partir daí chegou à Europa e aos Estados Unidos. Em 2004, foi responsável por um surto na área metropolitana do Rio. Ele é perigoso e pode levar à septicemia.

- Isso é suficiente para pensar em imunização contra a W135. Na África existe uma vacina tetravalente, que inclui a W135. Nos Estados Unidos também, mas sem estoque suficiente - diz o infectologista David Barroso, coordenador do estudo. - A W135 é conhecida desde a década de 60 e tem comportamento mais parecido com o tipo C.

Na opinião do médico, o ideal seria que cada região adotasse estratégia própria de imunização, de acordo com sua realidade. Para o Rio, onde os tipos mais comuns são B, C e W135, ele diz que a vacina mais adequada seria a tetravalente, que protege contra os dois últimos, além dos tipos A e Y.

- Em outros lugares em que o W135 não fosse tão relevante, poderiam ser aplicadas outras vacinas - diz. - Não há vacina aprovada sem restrições contra o sorogrupo B, devido à especificidade das proteínas em suas membranas e à ausência de uma proteção específica - explica.

Só a vacina não basta. São necessários cuidados como quimioprofilaxia (tratamento com antibióticos de todas as pessoas que tiveram contato próximo com o doente) e mais divulgação a respeito do assunto:

- É quase impossível impedir a transmissão da bactéria - diz. - Na maioria das pessoas ela causa apenas infecção assintomática na nasofaringe, que dura meses ou mais de um ano, sem prejuízo à saúde. Induz à imunidade e transforma o portador em fonte de contaminação. Estima-se que 10% da população carioca está infectada.

Online O Globo Online , 20 de dezembro, Editoria Ciência

link original:http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2007/12/20/327696119.asp

Anteriores