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Edição 111
13 de dezembro de 2007

Microscópio

XIV Escola de Verão em Química farmacêutica e medicinal

Priscila Biancovilli

Quem pensa que a universidade tira férias durante o verão está enganado. Entre os dias 11 e 15 de fevereiro de 2008, a Faculdade de Farmácia da UFRJ, através do Lassbio (Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas), organizará a XIV Escola de Verão em Química Farmacêutica e Medicinal. O evento é composto por cursos e conferências, voltados a alunos de diversas áreas da saúde. “Este é o único evento de abrangência nacional, nesta área, focado essencialmente nos alunos da graduação. Cerca de 80% dos interessados são ainda graduandos”, explica Carlos Alberto Fraga, professor da Faculdade de Farmácia e um dos organizadores do evento.

Sucesso de público nas edições passadas e também nesta, a Escola de Verão nem sempre consegue atender a todos os interessados, pela própria falta de estrutura adequada dentro do ambiente universitário. “Estamos fechando as inscrições antes do prazo normal. Infelizmente, a estrutura universitária não nos permite fazer um evento com 500 pessoas, por exemplo. Hoje temos 250 alunos inscritos, no limite da nossa capacidade”, atesta Carlos. Quatro dos professores participantes têm toda a sua formação básica voltada para a pesquisa relacionada à temática do evento. “Alunos de quaisquer áreas básicas relacionadas á farmácia podem participar, por exemplo Química e Biologia. Obviamente, o foco da química medicinal está centrado sobre as ciências farmacêuticas”, continua o professor.

Programa

Dois cursos grandes, voltados para os alunos da graduação, serão ministrados. São eles: Introdução à Química Farmacêutica Medicinal e Metabolismo de Fármacos e Toxicologia. De acordo com o professor, estes dois módulos são os que atraem a maior parte dos alunos.

Os outros cursos são mais focados aos estudantes da pós-graduação. Dentre eles, destacam-se os “Aspectos da Interdisciplinaridade em Química Medicinal (AIQM)”, “Bioensaios Celulares: Princípios e Aplicações” e o “Highlights in Medical Chemistry”, ministrado pelo prof. Tudor Oprea, da Universidade do Novo México, nos Estados Unidos. “Ele é um bioinformata e trabalha as bases computacionais da compreensão dos fenômenos de interação fármaco-receptor, e como se pode desenhar e criar novos fármacos usando a inteligência artificial”, explica Carlos.

Haverá também um workshop sobre Química Bioinorgânica Medicinal, que contará com a presença da professora Heloísa Beraldo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Nicholas Farell, da Virginia Commonwealth University, nos Estados Unidos. “O inorgânico está mais relacionado aos metais. Como eles podem desempenhar papéis importantes em fármacos? Fármacos que estão coordenados a metais podem ser modulados para desempenhar algum tipo de atividade biológica? Hoje em dia sabemos que sim. Alguns alentos na terapia do câncer e doenças tropicais como o Mal de Chagas e a leishmaniose envolvem fármacos coordenados a metais, como cobre, ferro, zinco, entre outros”, completa o professor.

Destaques

O perfil da Escola de Verão está centrado nos cursos. Como o enfoque está na graduação, entende-se que o aluno aprende mais assistindo um curso de maior duração do que indo a uma conferência. “Este segundo formato funciona melhor para o aluno da pós, que vai assistir a um pesquisador de ponta falando sobre um aspecto completamente novo da química medicinal”, atesta Carlos.

Os participantes que vão ministrar cursos falam também sobre seus assuntos avançados. Os dois pesquisadores estrangeiros trarão à sala de aula seus trabalhos específicos. “Temos participação de expoentes da pesquisa na área farmacêutica e ciências conexas dentro e fora do Brasil. Raramente temos pessoas do Rio de Janeiro, procuramos evitar esta endogenia”, comenta o professor. Cabe destacar que, dentre os alunos participantes da escola, a grande maioria é de fora do Rio. Os alunos vêm de todas as regiões do Brasil. Mesmo se forem considerados aqueles de dentro do Rio, a maior procura é de alunos de fora da UFRJ. Já existem pessoas vindas da Guatemala, Chile e Uruguai, entre outros países, para participar da Escola de Verão.

“Em edições anteriores já tivemos episódios interessantes, que deram credibilidade ao evento. Na 12ª escola, fizemos dentro do evento uma reunião da IUPAC, um organismo mundial de padronizações e nomenclaturas das várias áreas da química. A reunião do conselho gestor para química medicinal foi feita dentro do evento”, explica o professor. “Ano passado, contamos com a presença do professor Simon Campbell, descobridor do Viagra. Ele fez uma conferência brilhante, com grande participação do público”, continua.

Este ano, destaque para Tudor Oprea, na área de bioinformática. Apesar de não ter participação direta na produção de nenhum fármaco, Tudor é um expoente nesta área, e internacionalmente reconhecido.

Maiores informações sobre a Escola de Verão podem ser obtidas no website http://www.farmacia.ufrj.br/lassbio/XIV_evqf.

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