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Edição 110
06 de dezembro de 2007

Notícias da Semana

Jornada apresenta pesquisas de alunos da Pós-graduação e discussões sobre as Ciências da Saúde

Seiji Nomura

A I Jornada dos Programas de Pós-graduação do Instituto de Ciências Biomédicas e a III Jornada do Programa de Pós-graduação em Farmacologia e Química Medicinal começou ontem, dia 5 de dezembro de 2007, e vai até o dia 7 deste mês. Promovido pelo ICB, e pelas direções de pós-graduação de Farmacologia, Ciências Morfológicas e de outros cursos participantes, o evento tem como objetivo prover um espaço para a exposição das pesquisas dos alunos dos cursos de Pós-graduação do Instituto de Ciências Biomédicas.

A abertura do evento foi feita por Luiz Eurico Nasciutti, diretor em exercício do ICB, Roberto Takashi, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia e Terapêutica Experimental da UFRJ, e Paulo Mello, da direção de Farmacologia.

—Essa jornada faz parte do conjunto de atividades que representa nossa mudança de filosofia, que é acompanhada da mudança para do Instituto o Hospital Universitário —, disse Luiz Eurico Nasciutti — Espero que tenhamos uma série de tentativas e colaborações cada vez mais profundas e frutíferas dentro do instituto.

O diretor também lembrou que o ponto mais importante do evento é a participação dos alunos de mestrado e doutorado, pela oportunidade de mostrar um pouco da sua pesquisa e difundir o conhecimento. Ele ainda destacou que a Jornada traz outras discussões importantes, como a mesa redonda sobre o processo de avaliação do CAPES e a conferência Vesalius desse mês, com o tema “Ética e política – de Maquiavel à Tropa de Elite”.

A jornada fez uma homenagem à Valéria de Mello Coelho, que completava então dez anos de sua apresentação de tese de doutorado, a primeira da pós-graduação de Ciências Morfológicas. A professora, que hoje leciona no departamento de Histologia e Embriologia, recebeu flores da comissão.

Paulo Melo ressaltou que um dos objetivos da Jornada é a integração. “Peço ao grupo que dê o máximo para trocar idéias e aproveitar essa oportunidade. É uma amostra pequena do trabalho desenvolvido aqui, mas tem uma heterogeneidade muito grande. Quero que esse evento se torne tradição. Algum dia, talvez esse anfiteatro seja pequeno para abrigá-lo”, afirmou o doutor.

Cada apresentação da jornada oferece 15 minutos para a exposição da pesquisa e outros 5 minutos para perguntas da comissão avaliadora. A primeira apresentação, da aluna Aline Cristina Portella Pereira, tratou do estudo realizado sobre a relação do hormônio tireoideano tipo B e a o desenvolvimento do cerebelo em camundongos. Ela explicou todo o processo de pesquisa, incluindo a metodologia utilizada e fez uma rápida apresentação do cerebelo.

A mestranda chegou à conclusão de que no começo da vida desses animais, o hormônio tem um efeito maior sobre o desenvolvimento dessa parte do sistema nervoso, mas que com o tempo o efeito diminui relativamente, o que indicaria mecanismos compensatórios. Ainda assim, a pesquisadora afirma que o déficit na constituição do cerebelo ainda seria elevado, sobretudo nas células de Purkinje.


IPPMG inaugura o Aquário Carioca

Marcello Henrique Corrêa

Seguindo a tendência estimulada pela Política Nacional de Humanização, do Ministério da Saúde, o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) inaugurou, no último dia 5 de dezembro, a nova sala do projeto de humanização das salas de quimioterapia do Rio de Janeiro – o Aquário Carioca. O projeto, que recebe esse nome por trazer elementos do fundo do mar para as salas de quimioterapia, é fruto de uma parceria entre o IPPMG, o Instituto Desiderata e o cenógrafo Gringo Cardia, que assina o projeto.

O evento reuniu representantes do Instituto Nacional do Câncer, da Secretaria Municipal de Saúde, entre outros. Além disso, contou com a presença do diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Alexandre Pinto Cardoso. À mesa de abertura estavam presentes, entre outros, o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, o diretor da Faculdade de Medicina, Antônio Ledo e o diretor do IPPMG, Marcelo Land. Além deles, estavam também presentes Beatriz Azeredo, diretora do Instituto Desiderata e o cenógrafo Gringo Cardia.

Tratar das crianças e acolher os pais

Entusiasmado, o diretor Marcelo Land relembrou um pouco da história do projeto. Para ele, o espaço é fruto de uma série de eventos que ocorreram no passado, hoje combinados para consolidar a idéia, que ele acredita influenciar muito no tratamento das mais de 100 crianças atendidas pelo serviço do IPPMG.

— Em primeiro lugar, houve fatos que, na verdade, começaram na direção anterior – do professor Antônio Ledo – em que nós, voluntariamente, numa tentativa de modernizar o Hospital, fomos à Vigilância Sanitária solicitar que fizessem uma avaliação das nossas áreas — contou Land. Esse foi o primeiro passo para detectar o problema. A Vigilância Sanitária, após a inspeção, percebeu a inadequação da área de quimioterapia do Instituto, o que deu início ao processo de pedidos de recursos à reitoria e mobilização em torno do problema.

Contudo, esse primeiro passo, tratava da obra física. Segundo Marcelo Land, outra linha de eventos ocorria em paralelo, era o processo de criação do Instituto Desiderata. “Nesse processo, enquanto os recursos da Reitoria eram liberados para a sala de quimioterapia, havia também a concepção de um projeto, o Aquário Carioca”, observou o diretor.

Marcelo Land ressaltou a importância de criar um ambiente favorável para o tratamento da criança com câncer. “O que estamos inaugurando hoje é um espaço singular dentro do tratamento dessas crianças, que traz o espaço lúdico e o da fantasia para dentro do espaço assistencial”, afirmou Land. “Isso não é um passo pequeno. É um conceito muito interessante e avançado” completou.

O diretor fez referência a uma pesquisa sobre qualidade de vida de pacientes hematológicos em comparação com outras doenças crônicas, desenvolvida por ele, cujos resultados apontam que, às vezes, a qualidade de vida das crianças com câncer é até melhor do que as com algumas outras doenças crônicas. O que é interessante notar, entretanto, é que a percepção dos pais não é a mesma da percepção da criança.

— Existe um dessincronismo entre o que pensam os pais sobre o sofrimento da criança e o que a criança sente — afirmou Marcelo Land. Segundo ele, estudos recentes já apontam que o diagnóstico e o peso do significado cultural de um termo como câncer tem um efeito de um trauma psicológico profundo para os pais.

Nesse contexto, o Hospital tem o dever de gerar essa sensação de acolhimento também a esses responsáveis, fundamental para que a adesão do tratamento seja garantida. “É lógico que o Aquário Carioca é apenas uma das ações que são feitas no Hospital para que essa sinalização seja dada. Trabalhamos, por exemplo, no ano passado, com um livro informativo tentando explicar para os pais a doença”, relembrou o diretor do IPPMG.

Para a Instituição, esse passo tem ainda um outro significado. “Para o Hospital, essa sala tem outra significação. Ela vai servir de referência para todas as nossas obras”, considerou Land. Ele acredita que a inauguração do projeto servirá para demonstrar para outras áreas que é possível fazer mais. “Demonstrar que é possível alcançar pelo menos uma parte desse conceito de acolhimento em outros locais, com o mesmo cuidado, o mesmo investimento”, finalizou, otimista, o diretor do IPPMG.

A cerimônia contou, também, com os pronunciamentos dos demais presentes e, ainda, com a apresentação de um vídeo institucional.

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