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Edição 101
04 de outubro de 2007

Notícias da Semana

Diversidade na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia atrai jovens


Flávia Fontinhas

Durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia que acontece em todo o território nacional, a Universidade Federal do Rio de Janeiro cumpre uma extensa programação. As atividades estão concentradas no Hangar da Ilha da Cidade Universitária, que se transformou em um grande centro de exposições, com direito a espetáculos teatrais, muro de escalada e oficinas. Além de passeios de barco pela região e noções básicas de vela para os participantes, podendo assumir o comando da embarcação sob a supervisão do instrutor.

Essas são apenas algumas das várias atrações que alunos e visitantes poderão experimentar até o dia 6 de agosto quando encerram-se as atividades. Nesse contexto, o Olhar Vital destacou algumas oficinas que mobilizam a população, em especial crianças e jovens, em torno de temas e atividades científicas e a inovação.

Promoção da Saúde Bucal

Promovida pelo centro acadêmico da Faculdade de Odontologia da UFRJ tem o objetivo de melhorar a parte social, e promover uma maior integração entre a faculdade e a sociedade. Estudantes de Odontologia ensinam o melhor método de escovação, e quais os erros que a pessoa está cometendo ao escovar os dentes. Os participantes aprendem onde não estão conseguindo higienizar direito durante a escovação. Para isso é utilizado um material que faz a coloração da placa, e mostra onde a escova não alcança. Os voluntários são levados a escovar os dentes na frente de um espelho, e o aluno de odontologia orienta sobre a forma mais adequada para o método. Depois é orientada ainda a utilização do fio dental, explicando como ele deve ser utilizado e quantas vezes ao dia; finalizando-se com a fluoretação.

– Achei muito interessante a iniciativa, nem sempre a faculdade tem essa possibilidade de interagir com a população. Os alunos, muitas vezes, ficam muito presos às aulas. Esse é um modo de nós, alunos, prestarmos um serviço à comunidade, dando um pouco de tudo o que aprendemos e recebemos dentro da universidade –, afirma Tatiana Kelly da Silva, aluna do 8º período da Faculdade de Odontologia.

Quem visitar a oficina poderá aprender a importância da higienização bucal e maneiras de prevenir cáries e outras doenças. Além disso, aprenderá a utilizar corretamente escova e pasta; sobretudo, quanto a saúde bucal é indispensável para manter o resto do corpo saudável.

Papo-Cabeça

Trata-se de um Programa de Orientação e Saúde Reprodutora para Adolescentes da Faculdade de Medicina, em conjunto com a Maternidade-Escola. O grupo visita escolas há 11 anos fazendo palestras voltadas para a sexualidade, gravidez na adolescência, e cidadania. O Programa visa orientar não somente os adolescentes, como também os pais, corpo docente e funcionários das escolas.

O projeto foi criado por um médico e professor da UFRJ, professor Leonídio, que no ano de 1996 trabalhava na Maternidade Escola com uma psicóloga e uma assistente social, começaram a pensar em uma alternativa para minimizar o aumento signficante de adolescentes grávidas atendidas na Maternidade. Assim, surgiu a idéia de trabalhar as questões de gravidez e sexualidade com essas meninas, a fim de elas começarem a refletir mais sobre seu futuro. O melhor local para o assunto era a escola, lugar de formação e de educação para essas adolescentes.

O programa tem vários projetos “filhotes”. Um desses projetos é o Papo-Cabeça na Praça, que consiste em participar de eventos externos e itinerantes; como a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

– Aqui há atividades de exposição de métodos contraceptivos e há barrigas construídas com material alternativo de baixo custo que demonstram a transmissão de doenças durante o período da gestação. Temos um jogo da velha, o jogo dos sexos, com perguntas relacionadas a conhecimentos sobre a sexualidade. Além de muitas outras atividades –, explica Paula Kropf, assistente social do Papo-Cabeça.

Quem vier para esse stand pode acessar informações sobre a gravidez, a sexualidade, as doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos, além de poder refletir sobre essas questões de uma maneira bem prática, brincando com as cores, com os jogos, pegando nos objetos, fazendo suas próprias descobertas. “A verdade é que, na maioria das vezes, os adolescentes sabem das coisas, mas não sabem lidar com essas tais coisas. Então, a grande questão é desenvolver um trabalho que proporcione a informação e a sensibilização.”

Oficina Florestas na Terra e no Mar

Nessa oficina montada para a Semana de Ciência e Tecnologia, mostra-se um pouquinho da diversidade das algas marinhas. “Explicando que elas ocorrem em todos os oceanos e litorais. E falando um pouco também sobre a diversidade dos fungos; desde o aproveitamento econômico deles, até os problemas que podem causar. Sendo que a ênfase nessa Semana é sobre as coisas boas trazidas por eles. Principalmente seu papel de decompositores da natureza, sem os quais tudo continuaria aí, e não retornaria ao nosso ciclo de vida.”, explica a professora Cristina Nassar, do Instituto de Biologia da UFRJ.

Segundo ela a biologia já tem uma tradição de mostrar, de um modo geral, o que faz para as pessoas. “Assim, nós comumente saímos nas ruas, praias e outros lugares a fim de repassar nosso conhecimento. Levamos para a população insetos, animais e plantas para, com isso, despertar o interesse pela biologia e pela vida. Portanto, a iniciativa de promover essa oficina é mais uma das nossas atividades de extensão.” –, afirma Cristina.

Na oficina montada para a Semana de Ciência e Tecnologia, há uma amostra da diversidade das algas marinhas. Os participantes conhecem de perto exemplos da diversidade de algas existentes na costa dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Há algas verdes, pardas e vermelhas; cada grupo tem uma coloração específica em função de sua composição e do pigmento. Há ainda algas indicadoras de locais poluídos, muitas vezes reconhecidas pelos participantes da oficina porque são iguais àquelas que vêem nas praias. Aqui estão todos aprendendo um pouco sobre cada coisa.

– Existe no mar uma floresta submersa, feita de algas. No nosso litoral as algas não são muito grandes, mas existem algas na Califórnia que chegam a 60 metros de comprimento. São verdadeiras florestas! Há ainda animais grandes, lontras e tubarões, vivendo entre elas; além de uma infinidade de microorganismos, animais e plantas pequenininhas –, diz Cristina.

Além de tudo, a oficina mostra ainda produtos presentes no nosso dia-a-dia baseados em substâncias extraídas de algas. “Muitas pessoas não sabem nem o que são algas, nem que delas se extrai alguma coisa usada habitualmente. Por isso, surgiu a iniciativa de promover essa oficina, a fim de informar um pouco melhor às pessoas”, conclui a professora


De olho nas estrelas


Fernanda de Carvalho da Agência UFRJ de Notícias / CT

Você sabia... Quando olhamos as estrelas à noite, estamos sempre vendo o passado? Sabia que isso se deve ao fato de cada ponto luminoso no céu ter sido gerado milhões de anos atrás? Sabia, ainda, algumas estrelas que vemos brilhar no céu talvez nem existam mais?

Curiosidades e conhecimentos como estes esperam os visitantes na exposição “O céu na terra: sessões de planetário inflável e oficina de astronomia, do Observatório do Valongo (OV), na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Na exposição de Astronomia, os estudantes conhecem o planetário inflável que simula, em sua cúpula, um céu repleto de estrelas, capaz de impressionar e ganhar a atenção até mesmo dos alunos mais bagunceiros.

– Nós simulamos o céu noturno do Rio de Janeiro, como se estivéssemos no interior do estado, onde a visibilidade é melhor, pois não há a poluição da cidade grande nem a interferência das luzes artificiais, por exemplo –, explica Elton Rodrigues, estudante de Astronomia e monitor da oficina.

O planetário inflável recebe entre 25 e 30 pessoa por sessão, com duração de cerca de 15 minutos. No interior da cúpula, enquanto observam o céu, os visitantes conhecem mais sobre os pontos cardeais, estrelas e constelações.
Também ouvem algumas histórias da mitologia grega, como a que explica a formação das constelações de Órion e Escorpião, as quais nunca aparecem juntas no céu.

Segundo a lenda, o guerreiro Órion e o escorpião gigante enviado para matá-lo eram inimigos e foram transformados em constelações por Zeus, o pai dos deuses gregos; ele os colocou em lados opostos do céu para evitar novos conflitos. Desta forma, quando Órion nasce Escorpião se põe e vice-versa: as constelações jamais podem ser vistas ao mesmo tempo.

Além do planetário inflável, os estudantes podem participar das oficinas de mesa, com jogos e brincadeiras aprendem mais sobre o sistema-solar. Com as atividades, é possível entender a proporção do tamanho e os movimentos de afastamento dos planetas componentes daquele sistema. Uma outra atividade, por exemplo, é brincar de montar um ônibus espacial.

– A idéia geral da oficina é ser lúdica, agradável e despertar o interesse para a Ciência pela a Astronomia –, afirma o professor Rundsthen Vasques de Nader, coordenador de extensão do Observatório do Valongo (OV-UFRJ).

De acordo com Rundsthen, o OV-UFRJ realiza atividades de extensão desde 1998, recebia visitas de estudantes, de início, apenas no Observatório, depois da aquisição do simulador inflável, passaram a levar o planetário até as escolas.

– Hoje trabalhamos da seguinte forma: no primeiro semestre, atendemos as escolas no Observatório, e no segundo, vamos até elas com as atividades do planetário inflável –, informa o professor. Segundo ele, desde 2001, o simulador que agora se encontra no evento da UFRJ atende, em média, dez mil pessoas por ano.



Projeto de biologia marinha na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia


Clarissa Lima

O Laboratório de Pesquisas Costeiras e Estuarinas (LABCOEST), do UFRJmar, está presente nas atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia expondo exemplos da fauna marinha da Baía da Guanabara. Raquel Neves, estudante do 6º período de biologia marinha da UFRJ, faz parte do projeto e explica um pouco sobre ele: “O laboratório existe desde 2005. Nós fazíamos monitoramento da Baía da Guanabara, analisávamos seu ambiente marinho. Este programa terminou, agora estamos com dois pólos de pesquisa, um em Cabo Frio e outro em Macaé.”

De acordo com Raquel, a coleta para a Semana foi feita ontem, dia 3, na Praia Vermelha. “Deixamos os animais o menor tempo possível dentro dos aquários, para o ambiente artificial não os afetar. Após a exposição, nós vamos devolvê-los a seus locais de origem.”

O Laboratório se apresenta em um espaço dividido em dois compartimentos, um tem aquários e outro tem lupas e microscópios. Na sala dos aquários há anêmonas, ouriços, baiacus, conchas e diversas outras espécies. Segundo a estudante, o objetivo de apresentar estes animais, mais que produzir conhecimento, serve para induzir à preservação. “Há pessoas que chegam dizendo detestar ouriços porque machucam seu pés quando vão à praia, crianças chegam dizendo que matam todos os caramujos que vêem pela frente, mas nós ajudamos a elas entender a importância destes animais para manter o equilíbrio ambiental.”

Na outra sala, os visitantes podem observar pelo microscópio animais pequenos e aspectos interessantes nos corpos de animais maiores. Há bioindicadores e espécies pouco conhecidas do público, para despertar maior interesse. Esta costuma ser a seção favorita das crianças, todas deslumbradas ao manusear os instrumentos. Nesta ala, eles explicam a utilidade dos bioindicadores, explicitam padrões de comportamento no ambiente marinho e, em situações adversas, auxiliam na redução do impacto ambiental.

Carolina Decina, professora de Biologia no Ensino Médio, ressaltou a participação deste projeto na Semana de Ciência e Tecnologia ser válida porque também é uma forma de aproximar o aluno da realidade: “Eles visualizam aqui coisas diferentes de seu dia-a-dia. Ver o animal em fotos é bem diferente de vê-lo vivo e ao vivo.”

Estudantes que acompanhavam a professora também aprovaram o laboratório. Ricardo Medeiros e Patrícia Peixoto, estudantes do Colégio Santa Rosa de Lima, em Botafogo, gostaram de tudo o que foi apresentado no projeto. Só divergiram em um ponto: enquanto Ricardo preferiu a sala dos microscópios, Patrícia achou os aquários mais interessantes.

Todas as apresentações da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia são interessantes e vale a pena conferi-las. Na UFRJ, a programação segue até o próximo sábado, 6 de outubro, no Hangar da Cidade Universitária.

 


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