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Edição 100
28 de setembro de 2007

Saúde e Prevenção

Previna a bursite e evite problemas maiores

Clarissa Lima

Quem de vez em quando já sentiu uma dor, uma fisgada ao fazer um movimento? Sentir pequenos espasmos devido a movimentos bruscos é normal. Contudo, existem certas lesões ocorridas devido ao atrito entre elementos presentes nas articulações. Um conhecido problema deste gênero é a bursite.

Trata-se de uma inflamação nas bolsas sinoviais, pequenos sacos contendo um líquido lubrificante dos tendões e protetor dos tecidos em torno dos ossos, evitando assim o excessivo contato de suas faces. Por isso, quando acometidas por esta lesão, as pessoas sentem mais dor se estão em movimento.

Esta doença pode surgir em qualquer área articular do corpo, é mais comum nos ombros e joelhos. Esta e uma aparição menos freqüente que nos ombros, mas também causa dor e desconforto.

Este problema pode ser causado por vários fatores, de naturezas diversas. “A lesão pode ser de origem traumática, por exemplo, com uma queda de joelhos no chão, assim como por degeneração das bursas, por causa do processo de envelhecimento ou, até mesmo, por esforço repetitivo e prática de exercícios físicos muito intensos sem preparação”, explica o professor Antônio Abreu, chefe do departamento de Traumato-ortopedia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).

O professor salientou que a bursite pré-patelar é uma das mais incômodas. Ela é a inflamação da bolsa sinovial pré-patelar, localizada na frente da rótula, o osso interno do joelho.

Esta inflamação ocorre freqüentemente em empregadas domésticas, devido ao esforço de limpar o chão ajoelhada e, por isso, é conhecida também como “joelho de empregada doméstica”. Por esta razão, a bursite pode ser classificada como doença ocupacional.

O ortopedista frisou também que a manifestação não só deste, mas de outros traumas articulares, é muito comum a partir dos 50, 60 anos de idade. O cuidado deve, então, ser redobrado nesta faixa etária.

O professor explicitou três modos básicos de tratar da doença: fisioterapia (exercícios com aparelhos), cinesioterapia (apenas exercícios) e uso de medicamentos (antiinflamatórios e analgésicos). A chamada infiltração (aplicação do antiinflamatório no local com agulha) também pode ser utilizada. Em casos extremos, pode haver intervenção cirúrgica, ressecando-se a bursa.

Bursite versus tendinite

Segundo Antônio Vitor, não é raro haver confusão entre bursite e tendinite, mesmo na classe médica. Ele assinalou, embora a bursite não seja grave, sem tratamento ela pode ocasionar a inflamação dos tendões, a conhecida tendinite. Esta contusão, sim, pode ter conseqüências drásticas, como a ruptura dos tendões. Por isso, identificar o problema é o primeiro passo, para, então, tomar as providências necessárias.

Por causa da proximidade entre a bursa e o tendão, fazer a distinção entre as duas lesões pode exigir procedimentos específicos. O professor mencionou o exame de ultra-som – apesar da imagem menos visível, de menor definição e qualidade, tem preço mais acessível – e o de ressonância – capaz de apresentar maior definição, sendo, contudo, consideravelmente mais cara.

Um outro aspecto ressaltado pelo ortopedista refere-se ao processo da infiltração. Antônio Vitor afirmou que este procedimento deve ser feito com cautela, pois, mal aplicado, pode lesionar o tendão. “Em função disso, os idosos o temem tanto”, declarou ele. “Mas, quando bem feita, a infiltração representa grande alívio para os doentes. Não é preciso fazê-la várias vezes, apenas uma já basta. E deve-se continuar o acompanhamento médico até a recuperação.”

Formas de prevenção

Para evitar a bursite o professor indicou cuidados básicos. Não fazer exercícios físicos intensos sem progressão é uma regra. Alongamento é obrigatório na preparação das áreas para o esforço. “As articulações são lesionadas porque não estão acostumadas com a prática”, afirmou ele. Este alerta é válido para prevenir-se também de outras doenças articulares, como a tendinite e artrose.

Cautela redobrada na fase da vida mais propícia, a partir dos 50 anos, também é recomendável. “Esforço repetitivo também pode contribuir para o aparecimento da doença. Enfim, atenção para estas pequenas dores articulares. Sem tratamento, podem resultar em sérios problemas”, aconselha o professor.


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