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Edição 100
28 de setembro de 2007

Ciência e Vida

Estão de olho no Olhar: as matérias que mais repercutiram na mídia

Marcello Corrêa e Fernanda de Carvalho da Agência UFRJ de Notícias / CT

Ao longo de suas 100 edições, completadas hoje, o Olhar Vital tem chamado a atenção da mídia em matérias que levam para fora dos muros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) importantes pesquisas desenvolvidas nas áreas de Ciência e Saúde.
Ao divulgar a produção científica da Universidade, através da editoria “Ciência e Vida”, o Boletim atinge tanto a comunidade acadêmica quanto  o público em geral interessado em saúde, além de servir de pauta para a grande imprensa. Dessa forma, o nosso olhar também se estende à sociedade.

Nesta edição comemorativa, foram selecionadas três matérias que alcançaram grande visibilidade. São elas: “Substância extraída do cajueiro é eficaz no tratamento da hipertensão”, “Ei, doutor! Cuidado com seu jaleco” e “Expedição à Antártica traz material para pesquisas de Microbiologia”. Os especialistas entrevistados em cada uma delas tornam a falar conosco, desta vez sobre essa repercussão.

Avanços contra hipertensão

Em abril deste ano, o Olhar Vital revelou que o cajueiro pode ser um grande aliado no combate à pressão alta. A responsável por essa descoberta é a professora Cheila Mothé, da Escola de Química (EQ/UFRJ), à frente da inovadora pesquisa sobre o exsudato de cajueiro – uma substância de proteção liberada pelo caule desse tipo de árvore quando é agredido, a substância é eficaz no tratamento de hipertensos.

Após a divulgação feita pelo Vital, a professora foi solicitada para dez entrevistas em veículos do Rio de Janeiro e de outros estados. Cheila teve a oportunidade de difundir ainda mais a pesquisa desenvolvida na UFRJ, em emissoras de televisão como a TVE Brasil, Rede TV! News e TV Bandeirantes, além das rádios Band News FM e MEC FM, entre outros.

– A divulgação influenciou de maneira positiva o nosso grupo de trabalho, junto aos professores, pesquisadores e estudantes, pois nos levou a acreditar que estamos no caminho certo e poderemos corresponder com as expectativas da população brasileira –, avalia Cheila e também afirma: “a repercussão da matéria do Olhar Vital teve apenas pontos positivos”.

Para a professora, manter a sociedade informada sobre a produção científica da UFRJ significa dar um retorno positivo para o investimento feito pelo povo brasileiro, fortalecendo as Universidades públicas.

– A divulgação do boletim Olhar Vital, da UFRJ, é muito importante, pois incentiva e fortalece os grupos, os professores e ainda estimula os alunos a acreditar na pesquisa –, ela opina.

Cheila aproveita para ressaltar a necessidade de se mobilizar os órgãos governamentais – como prefeituras, governos estadual e federal – para valorizarem mais as pesquisas brasileiras.

– Uma empresa privada me procurou, por exemplo, interessada em produzir os alimentos desenvolvidos de acordo com minha pesquisa. O ideal é que esse interesse parta de organizações públicas, que podem tornar o tratamento para os hipertensos mais acessível à população –, declara a professora e pesquisadora da UFRJ.

Jalecos mais limpos e seguros

Também nesse ano, os leitores do Olhar foram alertados sobre os perigos da falta de cuidado com os jalecos dos profissionais de saúde. Em maio, o professor do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG) Marco Antônio Lemos Miguel divulgou no boletim sua pesquisa, que comprova a sobrevivência de bactérias por vários dias, fora do laboratório.

— A repercussão na mídia externa foi muito boa. Recebi uma série de contatos de pessoas que pensavam como eu, mas não tinham ainda elaborado estudos sobre o assunto —, comenta o professor. Além de falar para diversos jornais, impressos e de televisão, o pesquisador ministrou uma série de palestras, a fim de detalhar o estudo para profissionais de hospitais e laboratórios.

Embora a repercussão externa tenha sido muito grande, o pesquisador sentiu falta do apoio e da credibilidade dentro do próprio meio acadêmico. “Estranhamente, dentro da UFRJ, alguns grupos receberam a matéria com desconfiança”.

Por outro lado, o público leigo foi atingido e as pessoas passaram a conversar mais sobre o assunto, segundo o professor. “Quando garantimos que as pessoas saibam sobre o assunto, damos a oportunidade de a população contestar o próprio profissional de saúde de jaleco nas ruas”

Além disso, a matéria representou uma resposta rápida para o povo. “A população não está acostumada a ver resultados rápidos de pesquisas científicas. Geralmente os estudos são de longo prazo”, comenta o professor. “O leigo muitas vezes não compreende a Ciência. É uma forma de dar uma aula para o povo inteiro e não só quem está matriculado na Universidade”, complementa.

Conhecendo a Antártica

O Olhar Vital levou os leitores em uma viagem direto para a Antártica. No final de maio, a matéria publicada no boletim divulgou a expedição do professor Alexandre Soares Rosado, do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG), à Antártica. O professor relatou os resultados de sua pesquisa no continente, que, para ele, ainda é pouco estudado. O objetivo era estudar as novas espécies e buscar os microorganismos que produzem os chamados biossulfactantes, que são espécies de “detergentes naturais”.

— A repercussão foi gigante. Fiquei até surpreso, pois não esperava tanto —, comenta o professor. Alexandre concedeu entrevistas a diversos meios, como a emissora de televisão Rede TV! e a revista Pais e Filhos. Além disso, o assunto rendeu uma matéria de página inteira na edição de domingo do jornal O Globo.

Dentro da UFRJ, a pesquisa de Alexandre Rosado também foi amplamente divulgada e o professor comemora. “Muitas vezes, não sabemos o que o laboratório do lado faz”. Além disso, as diretorias das unidades e a reitoria entraram em contato com o laboratório para saber mais a respeito. Para o pesquisador, isso confere credibilidade e respaldo para a pesquisa dentro do próprio meio acadêmico.

Além disso, a matéria publicada no boletim e propagada pela mídia serviu de verdadeira vitrine para a pesquisa. “Pesquisadores de outras universidades entraram em contato. Na USP, por exemplo, estreitamos relações de cooperação com um laboratório que conheceu nossa pesquisa por meio da matéria e entrou em contato conosco”, conta o professor. Segundo ele, o laboratório paulista desenvolve uma pesquisa semelhante e agora ambos se apóiam mutuamente.

Alexandre também ressalta a importância da divulgação para o público leigo. “Nós, cientistas, ainda temos certo receio ou ainda não demos a devida importância para a divulgação para a população”, afirma o professor. Ele lembra que o objetivo da pesquisa científica é gerar um benefício real para a população. “Nós às vezes ficamos fechados em nosso mundinho e esquecemos de dar o retorno ao povo, que, afinal, paga nossos salários”

Para qualquer pesquisa científica, apoio é fundamental. Alexandre considera a divulgação para o povo um caminho para consegui-lo. “Quando isso acontece a população passa a nos respeitar mais. Conseqüentemente, a sociedade valoriza mais o trabalho científico e isso retorna para a pesquisa em apoio, até mesmo financeiro”, afirma. “Matérias como essa integram sociedade e pesquisadores, que passam a ficar menos distantes. O Olhar Vital uniu o melhor dos dois mundos”, finaliza.


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