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Edição 093
09 de agosto de 2007

Saúde e Prevenção

Epistaxe: um problema de muitas causas

Flávia Fontinhas

A epistaxe, conhecida como sangramento nasal, é uma manifestação clínica freqüentemente encontrada na prática médica, sendo que na maioria das vezes é de pequena intensidade, não necessitando de cuidados médicos. Segundo as estatísticas, por exemplo, 60% da população já teve pelo menos um episódio de sangramento nasal, sendo que apenas 6% necessitou de assistência médica e de 7 a 15 % foi recorrente.

— Geralmente o sangramento ocorre em um lado das fossas nasais e, eventualmente, dos dois lados. Além disso, ela pode ser anterior, envolvendo a parte da frente do septo nasal, ou pode ser posterior, a que ocorre na porção posterior das fossas nasais — explica o dr. David Esquenazi, otorrinolaringologista, e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FM/UFRJ).

Segundo o professor, a epistaxe não tem uma causa definida, pode ocorrer por inúmeros fatores diferentes e apresenta diversas variáveis. As principais causas são: pressão arterial muito elevada, distúrbios de coagulação do sangue, tumores (basicamente malignos, que tendem a ter sangramentos espontâneos), ou mesmo traumas, que podem ser feitos com o próprio dedo, unha, ou ainda resultado de acidentes ou pancadas.

Quando executadas corretamente, e com um pouco de paciência, quase todas as hemorragias nasais anteriores não complicadas podem ser resolvidas através de simples medidas. O procedimento adequado é colocar a pessoa sentada com a cabeça abaixada, e fazê-la comprimir o nariz com o dedo (na região onde há as “asas do nariz”), por um período de 5 a 10 minutos, que é o tempo de coagulação do sangue.

— O fato de abaixar a cabeça faz o sangue sair pelo nariz com maior pressão, então as pessoas acreditam que está sangrando mais, mas na realidade é a mesma coisa. Quando a pessoa levanta a cabeça, o sangue desce pela garganta e vai direto para o estômago, e então ela acha que parou de sangrar, já que não vê mais o sangramento — esclarece Esquinazi.

Mas se a pessoa não consegue estancar a hemorragia usando os métodos caseiros, deve procurar um hospital imediatamente. E alguns procedimentos deverão ser adotados: o paciente passa por um exame de sangue, para saber se tem algum distúrbio de coagulação, a seguir será feito um exame minucioso da mucosa nasal, a fim de detectar o ponto hemorrágico.

— O problema é que às vezes o sangramento é tão grande, que o médico não consegue localizar o ponto hemorrágico, e tem que tamponar o nariz, que é um método que se baseia na compressão através de um tampão de gaze, ou de outro material, como merocel, que é colocado dentro do nariz do paciente para estancar o sangramento nasal — diz ainda o professor.

Além do tamponamento, que pode ser de dois tipos: o anterior e o posterior, outro método para solucionar a epistaxe é a cauterização do local lesionado.

Segundo Esquinazi, não existe exatamente uma dica de prevenção. Mas as pessoas podem diminuir a probabilidade de ocorrência descobrindo a sua causa. Por exemplo, se a pessoa é hipertensa, terá que tratar de sua pressão alta, a fim de prevenir novos sangramentos. Se ela tem um tumor, vai ter que fazer uma biópsia para saber qual o tipo de tratamento que será necessário.

Exames periódicos também são importantes: “o próprio exame a olho nu, da fossa nasal, uma endoscopia nasal ou videorinoscopia, e um exame radiológico, que pode ser tanto por um raio-x, quanto através de uma tomografia computadorizada, são importantíssimos para descobrir as causas da epistaxe e, assim, poder tratá-la corretamente”, conclui o professor.


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