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Edição 087
28 de junho de 2007

Saúde e Prevenção

A importância da higiene ao manipular os alimentos

Cinthia Pascueto

A falta de cuidados com a manipulação de alimentos aumenta o risco de contaminação por Salmonella spp e Listeria monocytogenes, microorganismos causadores de doenças que podem levar à morte. A falta de higiene na manipulação e conservação dos alimentos pode provocar mais de 200 diferentes tipos de doença.

A Salmonella e a Listeria monocytogenes são microorganismos que podem causar sérios danos à saúde do homem, sendo amplamente encontrados na natureza. A primeira provoca complicações gástricas e intestinais, enquanto que a segunda apresenta manifestações clínicas como febre, mal estar e aumento de gânglios. O maior problema da listeriose é quando acomete gestantes, recém-nascidos ou adultos com o sistema imunológico comprometido. Nesses casos, essa doença aparentemente de pouca importância, pode causar sérias conseqüências.

Dados internacionais apontam a Salmonella como o principal agente de surtos nos EUA. Lá, entre os anos de 1993 e 1997, foram contabilizados 32.610 casos, com 13 mortes. Já a Listeria monocytogenes, conforme a literatura ocupa o terceiro lugar no ranking dos surtos, respondendo por cerca de 7% dos registros.

O infectologista Edimilson Migowski, do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ), define a Listeria como uma bactéria relativamente comum, encontrada em uma grande variedade de alimentos crus, como carnes e vegetais não cozidos, leite e derivados. “Se o alimento for manipulado de acordo com práticas de higiene adequadas, como a pasteurização, você acaba diminuindo bastante ou neutralizando o risco da presença dessa bactéria”, orienta o professor.

Apesar da manifestação branda ou nula em indivíduos com sistema imunológico saudável, o que lhe atribui um caráter de pouca gravidade, a listeriose torna-se motivo de preocupação, segundo Migowski, “quando a bactéria infecta pessoas com o sistema imunológico deficiente, devido a quadros de HIV, leucemia, sessões de quimioterapia e uso de corticóides. Nesses casos a resposta imune é pior e a doença se manifesta com maior gravidade”, explica.

Já ao acometer gestantes, apesar de raramente apresentar sintomas na mãe, a doença pode ocasionar um caso grave de meningite bacteriana no bebê. Esta, por sua vez, se não for diagnosticada e tratada a tempo, pode se levar ao óbito. De acordo com o infectologista, o diagnóstico que acusa a presença ou não da bactéria em mulheres grávidas deve ser feito durante o pré-natal. “É necessário que se faça a sorologia, exame que pesquisa no soro sanguíneo a existência de anticorpos contra a Listeria. Se houver a presença deles, denota que a mãe esteve infectada e, assim, pode-se preparar o quanto antes um tratamento específico com associação de antibióticos para o recém-nascido”, alerta Edmilson.

Ele conclui ressaltando a importância da prevenção. “A melhor forma de se evitar a listeriose, portanto, se dá através do cuidado com a ingestão de leite e derivados, consumindo apenas produtos que tenham sido tratados corretamente. No caso da prevenção da mãe para o bebê, é imprescindível que se faça o pré-natal, e entre os exames a sorologia, para verificar se ela apresenta ou não a bactéria”, ressalta.

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