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Edição 079
03 de maio de 2007

Saúde e Prevenção

Manchas roxas podem ser um problema

Julianna Sá

Pouco conhecida pela sociedade, a púrpura, que causa manchas roxas pelo corpo, deve ter atenção especial. Não constituindo uma doença, mas uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais que podem representar diversas causas, tem manifestação variada, podendo ser de pequeno porte, chamadas petéquias, ou de maior diâmetro, sendo denominada, neste caso, equimose, como explica a doutora Elaine Sobral da Costa, oncohematologista pediátrica do Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG/ UFRJ).

-As petéquias são manchinhas roxas do tamanho de mordidas de mosquito, mas não desaparecem quando são comprimidas. Essas manchas podem ou não ter relevo e, em alguns casos, geram sangramentos na gengiva ou em outros locais, explica a pediatra.

O aparecimento das púrpuras pode ser por duas razões: por meio de lesões em pequenos vasos sanguíneos, ou devido à diminuição do número ou da função das plaquetas. “As plaquetas são pequenas partículas do sangue responsáveis por cobrir imediatamente uma lesão vascular para impedir que o sangue extravase. A contagem dessas plaquetas é feita no hemograma completo”, esclarece a doutora.

Existem diversas doenças inflamatórias, infecciosas ou hematológicas que podem causar uma púrpura. Na infância, por exemplo, a presença da síndrome é associada à febre e representa uma emergência médica. “Nesse caso é preciso atenção porque uma doença infecciosa muito grave chamada meningococcemia se apresenta desta forma e tem um curso extremamente grave. Nesta doença, a bactéria provoca uma alteração vascular chamada vasculite. Na presença deste quadro, devem ser feitos exames para excluir meningococcemia e antibiótico venoso até que o diagnóstico seja esclarecido. Nesse caso, o início imediato da medicação aumenta as chances de sobrevivência do paciente”, explica a especialista.

Outra causa freqüente de púrpura na infância é uma destruição das plaquetas que ocorre, geralmente, em torno de 15 dias após um quadro infeccioso ou por uso de alguns remédios, chamado púrpura trombocitopênica imunológica (PTI). Neste caso, o organismo que, para se defender de uma infecção ou de outro estímulo qualquer, produz anticorpos que, por engano, reconhecem e destroem as plaquetas do sangue. Em 85% dos casos, esse quadro se reverte sem medicação em três a quatro semanas, mas pode ser necessário tratamento se há sangramento ou contagens de plaquetas muito baixas.

Pode haver necessidade também de se realizar um aspirado da medula óssea (local onde o sangue é produzido) para diferenciar este quadro benigno de outras doenças mais graves, como as leucemias, por exemplo. Este aspirado mostra uma produção normal de plaquetas na PTI, enquanto nas leucemias a medula está invadida por células tumorais e não consegue produzir os elementos normais do sangue. “Esse exame é obrigatório se o paciente com a suspeita de PTI precisa usar corticóides, porque o uso dessa medicação pode mascarar o exame da medula óssea e dificultar o diagnóstico de uma leucemia depois. Há 15% das crianças com PTI, em que a doença se torna crônica com duração meses ou anos”, afirma Elaine Sobral.

A pediatra conclui afirmando que a púrpura pode significar, desde causas benignas, até quadros muito graves, devendo, portanto, ser um sinal de alerta para que o paciente procure atendimento médico.

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