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Edição 076
05 de abril de 2007

Saúde em Foco

Leishmaniose se alastra no Brasil

Veterinária apresenta vacina canina contra tipo visceral da doença que também pode matar pessoas.

Maria Lucia Tolouei

DOURADOS – A vacina Leishmune, desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro contra a leishmaniose visceral canina foi apresentada ontem em Dourados durante palestras na Unigran e Uniderp.
A médica veterinária Ingrid Menz, do Laboratório Fort Dodge falou a acadêmicos, professores e veterinários sobre a importância da vacinação para o controle da doença que, segundo ela, se alastra em todo país.

O produto, único em todo mundo, registrado no Ministério da Agricultura em julho de 2003, está no mercado desde 2004, disponível em clínicas veterinárias. Ingrid diz que o preço da vacina não é popular, mas que pode abaixar a longo prazo. Os cães devem ser vacinados a partir dos quatro meses. São três doses com intervalo de 21 dias. Depois, basta aplicar uma dose anual até o resto da vida.

Em entrevista na manhã de ontem ao O PROGRESSO, a veterinária doutorada na Alemanha, alertou que é preciso vacinar os cães antes que sejam acometidos pela doença, que na forma visceral é grave e pode matar, inclusive pessoas.

Um mosquito que se prolifera em material orgânico – lixo, folhas e frutas em decomposição – é o meio de transmissão do protozoário leishmania. Ele pica o cachorro ou uma pessoa infectada e inicia ciclos de transmissão da doença que também pode passar por transfusão de sangue.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a leishmaniose visceral é uma das mais importantes zoonoses (doenças transmitidas dos animais para os seres humanos). O cão é hoje o principal reservatório de infecção para o homem. No passado, a doença acometia animais silvestres, como raposas e cachorros do mato, mas com o desmatamento o mosquito migrou para os centros urbanos, onde a doença é agora um sério problema de saúde pública.

Dados da OMS mostram que a leishmaniose visceral ameaça cerca de 350 milhões de pessoas em 88 países do mundo, com 500 mil novos casos registrados ano-a-ano.

No Brasil, a doença está distribuída em 22 dos 27 estados, atingindo quatro das cinco regiões brasileiras, com média de três mil casos por ano. Para cada caso humano, estima-se uma média de 200 cães infectados.

Conforme a bióloga Magda Fernandes, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Dourados registrou 1.445 notificações da doença em cães no ano de 2004; 1.200 (21 positivos) em 2005 (18 positivos) e 320 no ano passado, com 27 confirmados. Este ano já são 35 casos. Os laudos ainda não foram liberados. No Mato Grosso do Sul, estima-se que a leishmaniose visceral incide sobre 18% da população canina, diz a médica veterinária Ingrid Menz.

http://www.progresso.com.br/not_view.php?not_id=28951

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