Agência de Notícias da UFRJ www.olharvital.ufrj.br
Edição 075
12 de abril de 2007

Saúde e Prevenção

Saúde Vocal: Como prevenir e tratar disfonias funcionais

Julianna Sá

Causados por agentes de natureza externa ou inadequado comportamento vocal, é cada vez mais comum o aparecimento de nódulos, pólipos, entre outras lesões orgânicas que atrapalham o desempenho de quem depende da voz para realização de suas atividades profissionais. Estima-se, inclusive, que as razões mais citadas para o absenteísmo estão relacionadas a problemas vocais. Tanto o pólipo quanto o nódulo configuram formações benignas, mas exigem tratamento médico e/ou fonoaudiológico, além de bons hábitos vocais por parte do paciente.

Pólipo e nódulo nas pregas vocais são duas patologias completamente diferentes, histologicamente falando, mas os dois podem ocorrer devido a abusos vocais, sendo que o pólipo pode ter, também, outras motivações. “O pólipo é um outro tipo de patologia que, muitas vezes, o médico pode confundir com o nódulo devido à semelhança visual e por surgir, geralmente, no mesmo local - o terço médio da prega vocal. Ele pode acontecer abruptamente. Por exemplo: se o indivíduo vai a um jogo de futebol e grita excessivamente, no dia seguinte é possível estar com um pólipo que pode ser edematoso, com sangue, ou não. Pode aparecer, também, por contato com substâncias irritativas, provocando possivelmente lesão polipóide na prega vocal, aparecendo na parte posterior, anterior, ou no terço médio. No caso do pólipo temos substâncias líquidas dentro do epitélio responsáveis pela formação do mesmo”, explica a professora adjunta de fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, Ângela Garcia.

Já o nódulo é uma lesão de espessamento do epitélio, não há mudança no tecido.  “Quando falamos, temos um atrito maior na região central da prega vocal, no terço médio dela, e isso vai criando um espessamento que vai ficando endurecido, criando mais camadas de células no local, formando o nódulo. Ele não se constitui abruptamente: o indivíduo sente inicialmente cansaço, ardência, pigarreia, fica rouco e, quando procura o médico, a voz já está soprosa e o nódulo formado”, complementa a professora.

- Os cuidados que podemos recomendar é que as pessoas hidratem-se, evitem esforços excessivos, principalmente se já estiverem sentindo cansaço na voz. Quem usa a voz profissionalmente e sente ardência e ressecamento, deve procurar o fonoaudiólogo para um tratamento preventivo -, explica Ângela. Já no caso dos fumantes, ao contrário do que muitos acreditam, o cigarro não é causa para formação do nódulo, nem do pólipo, mas pode ser o precursor de lesões cancerígenas na prega vocal. É claro que o cigarro, sendo uma substância irritativa, alterando o epitélio devido à nicotina e à fumaça, pode favorecer o surgimento de nódulos, mas ele não é uma causa direta.

Para tratamento, normalmente o procedimento médico é encaminhar o paciente ao fonoaudiólogo para fazer terapia de voz. Se for um nódulo, a terapia o elimina, mudando o aspecto da mucosa. Se for um pólipo, ele pode ser reduzido, mas se manterá ali, sendo necessária uma análise da voz do indivíduo para que se avalie a pertinência de uma intervenção cirúrgica. “A literatura indica que, no caso de pólipo, o tratamento deve ser, primeiramente, cirúrgico e depois fonoaudiológico. Mas não é essa a conduta dos médicos.


Anteriores