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Edição 075
12 de abril de 2007

Saúde em Foco

Cientistas criam ‘semáforo’ para neurônios

Usando apenas luz, pesquisadores controlaram a ação de neurônios. Feito pode ajudar a explicar o que há de errado em pessoas com Parkinson e Alzheimer.

Marília Juste Do G1, em São Paulo

Cientistas desenvolveram um “semáforo cerebral” que promete grandes avanços para a pesquisa em neurociência. Usando apenas luz, eles conseguiram inibir ou incentivar a ação de neurônios em organismos vivos, sem danificar circuitos neurais. No semáforo do cérebro, amarelo é “pare” e azul é “siga.”

Os neurônios são onde nascem todos os nossos pensamentos, sentimentos e ações. Entender os sinais elétricos transmitidos por essa complicada rede neural é a base para entender todo o nosso comportamento. A tarefa não é fácil. Para começar, faltam ferramentas.

É por isso que o trabalho dos cientistas da Universidade de Stanford, publicado na edição desta semana da revista científica britânica “Nature”, é tão importante. Ao conseguir ligar e desligar um neurônio, eles poderão entender melhor cada função do nosso cérebro. Por exemplo, terão mais chances de descobrir o que é que há de errado nos neurônios de pacientes com mal de Parkinson e Alzheimer. No futuro, a técnica pode até se transformar em tratamento para essas doenças.

Para controlar os neurônios, os cientistas precisaram da ajuda de um vírus. Com ele, inseriram genes para produzir proteínas sensíveis à luz em alguns neurônios. Um dos genes, derivado de uma alga, deixa as células mais ativas quando expostas à luz azul. O outro, de um micróbio, as deixa menos ativas na presença de luz amarela. Usando os dois juntos, as células respondem ao que o cientista quer.

No vídeo ao lado, é possível ver um experimento feito por parceiros alemães do grupo. Um pequeno verme pára de nadar quando exposto a pulsos de luz amarela. Em outro teste, ele se movimentava de modo diferente quando luz azul era aplicada. E quando as duas eram desligadas, tudo voltava ao normal.

“Essa ferramenta nos dá o poder de perguntar qual é o papel específico de células dentro de um circuito neural”, explica o líder do estudo, Karl Deisseroth, ganhador de um prêmio dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, que garantiu o financiamento do estudo.

04/04/2007 - 14h28 - Atualizado em 04/04/2007 - 14h34

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL18090-5603-5997,00.html

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