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Edição 070
22 de fevereiro de 2007

Argumento

Criação de nova comissão no Senado gera polêmica

Renata Magliano

Foi com a proposta de dar maior destaque à ciência, tecnologia, comunicação e informática, possibilitando a discussão de temas como TV digital, que o senador Valdir Raupp propôs a criação de uma nova Comissão, agora desvinculada da área de Educação.

Polêmicas não faltam. Uns são a favor, outros contra. Walter Issamu Suemitsu, professor adjunto e Decano do Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, explicou que o desmembramento ocorrido não é benéfico para a sociedade brasileira.

- A Ciência e Tecnologia estão intimamente ligadas à Educação e a discussão de temas tão importantes deveria ser feita em conjunto para se obter soluções amplas. A nova comissão, pela própria denominação, especificando Comunicação e Informática, mostra que será tendenciosa, pois estas não são as únicas áreas importantes da Ciência e Tecnologia - revelou.

Segundo o professor, não há necessidade da criação desta comissão para se discutir questões ligadas a estes temas. "Parece evidente que a grande questão é a TV digital que envolve os interesses comerciais dos grandes conglomerados de comunicação e a criação da comissão atende justamente ao lobby destes últimos", destacou Walter, que disse ainda que a questão desta tevê deveria ser discutida amplamente com a participação da comunidade científica, o que não vem ocorrendo.

A nova comissão terá como presidente e vice-presidente, respectivamente, os senadores Wellington Salgado (PMDB-MG) e Marcelo Crivella (PRB-RJ), sendo composta de 17 membros titulares e 17 suplentes. A ela serão atribuídas várias funções, como a de opinar sobre desenvolvimento, organização institucional, política nacional, regulamentação, acordos de cooperação e inovação com outros países e organismos internacionais, entre outros.

Entre as competências desta comissão estão assuntos relacionados à comunicação, imprensa, radiodifusão e ainda matérias relacionadas às criações científicas e tecnológicas, informática, atividades nucleares de qualquer natureza, transporte e utilização de materiais radioativos, além de apoio e estímulo à pesquisa e criação de tecnologia.

Quanto ao possível prejuízo gerado no diálogo entre ciência e sociedade, Walter concorda, uma vez que a antiga subcomissão era a responsável por esta interação. "Apesar de tudo isso volto a ressaltar que a sociedade precisa ser convocada para participar do debate sobre as novas tecnologias e ser mais bem informada das questões que estão sendo discutidas no Senado", conclui o decano.

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