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Edição 059
25 de outubro de 2006

Argumento

Nossos pequenos e grandes indicadores

Mariana Elia

As algas são importantes indicadores ambientais, bastante utilizadas no monitoramento de alguns locais por biólogos e ambientalistas. Sua definição abrange um largo número de grupos fotossintetizantes, de micro a macroscópicos. Durante a apresentação da equipe do Instituto de Biologia (IB) da UFRJ, na terceira edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a sociedade, em especial as crianças, pôde aprender um pouco mais sobre esses organismos, que ao contrário do que se imagina, não vivem apenas em ambientes aquáticos.

A maior parte das algas é microscópica, o que quer dizer que, mesmo associadas em filamentos, constituem-se em organismo unicelular. Já as macroscópicas são grupos de células que não formam exatamente um tecido. E é essa característica que insere as algas no reino protista, como base na evolução dos vegetais.

As algas são atualmente utilizadas em diferentes áreas econômicas. Da construção, a cosméticos e alimentos, elas podem ser úteis para indústria. O Brasil, no entanto, ainda não desenvolveu uma linha de produção, na qual se utilizassem as algas da nossa região. “Assim como as plantas medicinais, as algas produzem metabólitos secundários (chamados agora de especiais) que são úteis para gente. Temos essas algas, mas ainda não se deu importância suficiente para empreender um projeto de produção, que as cultivasse para, em seguida, extrair o material. Para fazer a consistência do sorvete e estabilizantes, por exemplo, a gente compra de outros países, como o Japão”, explica a estudante Valéria Souza, do Instituto de Biologia.

Segundo a bióloga Gisa Machado, existem alguns estudos de aproveitamento interno, como a pesquisa de criação de um tipo alga, que até agora não demonstrou sinal de reprodução em nosso território. “Isso é favorável, porque, dessa forma, o organismo não compete com outras algas que já fizeram daqui seu habitat há mais tempo”. Entretanto, existem linhas de pesquisa resistentes a essa tentativa, com receio da espécie se adaptar e se reproduzir no ambiente. Essa seria uma possibilidade, mas a passos curtos o Brasil está caminhando, para uma produção já constituída em outros países.

Se são economicamente rentáveis, muitos fármacos também são fabricados com base em metabólitos de algas, elas são igualmente ricas para ambiente. No estande montado pelo IB, as crianças tiveram a oportunidade de aprender brincando. “A gente mostrou, com um jogo, a indicação ambiental feita por dois tipos de algas, a ulva e o sargácio. Enquanto a primeira, sozinha em um ambiente, indica poluição da água, a segunda é indício de água limpa, pois é bastante sensível a poluentes”, diz Gisa Machado. Para Valéria, a Semana Nacional de Tecnologia foi uma ótima experiência, “principalmente porque o público é infantil. É divertido, totalmente diferente de uma apresentação em congresso, onde todos sabem do que se está falando”, relata a futura docente em Biologia.

 

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