Agência de Notícias da UFRJ www.olharvital.ufrj.br
Edição 056
05 de outubro de 2006

Argumento

A boa e velha consulta médica ainda é a melhor indicação

Isabella Bonisolo

Sabe-se que, atualmente, uma média de 150 milhões de homens no mundo sofrem de disfunção erétil - a incapacidade de atingir ou manter a ereção suficiente para a relação sexual. Cerca de 80% das causas desse problema são orgânicas, como diabetes, hipertensão, vascularização ineficiente, anormalidades hormonais, entre outros. Recentemente, o The Journal of Urology, publicação científica americana, apresentou uma pesquisa que coloca nessa lista mais dois novos fatores de risco dessa disfunção: o fumo e a vida sedentária. A possibilidade de a impotência ser também a conseqüência de transtornos psicogênicos não deve ser descartada.

Com a masculinidade abalada, os homens que sofrem com a disfunção erétil desesperam-se e sujeitam-se a ingestão de qualquer pílula que lhes prometa o sucesso retirado. Nas prateleiras de qualquer farmácia, inúmeras caixinhas de medicamentos contra a impotência estão à venda, sem a necessidade da receita médica para a compra. Com esse menu tão farto de possibilidades, fica impossível saber o que tomar.

Na verdade, nada deveria ser ingerido, pelo menos inicialmente. Segundo doutor Luiz Carlos Miranda, chefe do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), a melhor atitude é esquecer que existe tanta variedade disponível de medicamentos contra a impotência. A automedicação pode levar a conseqüências graves e por isso, a melhor saída é consultar-se com um urologista. O especialista, através do diagnóstico preciso, saberá indicar qual o remédio mais indicado. “Temos que estabelecer um critério para indicar tratamentos. Não existe um remédio que resolva tudo”, argumenta o médico.

- O primeiro passo é identificar se esse indivíduo que está com queixas relativa à impotência possui problemas emocionais ou orgânicos. Precisamos colher bem a história dele, para descobrir se ele tem diabetes, hipertensão e analisar a idade. Se for orgânico, urologistas podem resolver. Já o paciente psicogênico, geralmente possui alterações transitórias, que cabe ao terapeuta ajudar – explica Miranda.

Caso o indivíduo sofra de impotência psicogênica – mais comum em jovens - e resolva fazer uso indiscriminado de medicamentos contra esse tipo de disfunção, ele pode criar um quadro de dependência emocional da substância ingerida. “Há um uso indiscriminado desses medicamentos. Até por que há a venda livre nos balcões das farmácias, sem a necessidade do receituário. O paciente jovem, mesmo que não precise deles, ao fazer uso dessas substâncias, tem o seu desempenho sexual melhorado”, esclarece o urologista.

Os estudos de segurança permitem essa venda sem prescrição médica pois as substâncias disponíveis no mercado contra a impotência não geram riscos para a saúde cardiológica ou pulmonar dos pacientes. Porém, esses medicamentos não são tão inofensivos assim. Associados a tóxicos ou bebidas alcoólicas, eles levam a um quadro de baixa da pressão arterial (hipotensão). Segundo Luiz Carlos, “o indivíduo pode momentaneamente sofrer uma perda da consciência. Se ele está dirigindo, ele pode causar um acidente, se ele está caminhando, pode cair e sofrer um traumatismo craniano. São situações possíveis que põe em risco não só ele mesmo, como pessoas que estejam próximas”.

Os inúmeros medicamentos disponíveis para o aumento de rigidez peniana são substâncias com ação química próxima, mas com essências diferentes. As indicações para o uso devem ser de ordem clínica, para que acidentes ou maiores transtornos sejam evitados.

Anteriores