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Edição 054
21 de setembro de 2006

Saúde em Foco

Vacina contra diabetes funciona em testes com seres humanos

Droga é a única até agora que conseguiu desacelerar, sem efeitos colaterais, o diabetes tipo 1, que afeta, principalmente, crianças

Em testes na Suécia, uma nova vacina, feita nos Estados Unidos, promete trazer esperança para os pacientes de diabetes tipo 1. Segundo os cientistas envolvidos em seu desenvolvimento, até agora, ela foi a única que realmente mostrou ser capaz de desacelerar a doença, sem efeitos colaterais. Neste domingo (17), eles devem apresentar os resultados dos testes feitos em oito hospitais suecos. Mesmo se tudo der certo, no entanto, ainda demorará alguns anos para que o medicamento seja disponibilizado.

Apesar de afetar apenas uma entre cada 20 pessoas diabéticas, o diabetes tipo 1 é especialmente problemático por afetar, principalmente, crianças e adolescentes. Muitas vezes, chamado de “diabetes infantil”, ele ocorre quando células do pâncreas são destruídas pelo próprio organismo, diminuindo ou impedindo a produção de insulina. Os pacientes precisam tomar injeções diárias, em quantidades variáveis, da substância, e controlar a alimentação, evitando doces e refrigerantes. Sem esse controle, o corpo sofre crises, que, não tratadas a tempo, podem deixar seqüelas ou até mesmo matar. Estima-se que 35 mil crianças são diagnosticadas com o problema por ano no mundo.

A vacina que está sendo testada, batizada de “Diamyd”, foi desenvolvida nos laboratórios da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a partir de pesquisas na área de neurociência. Estudando os genes envolvidos no desenvolvimento cerebral, os cientistas encontraram um gene especial para a comunicação entre os neurônios. O que ninguém sabia, é que o mesmo gene também atuava nas células do pâncreas que produzem insulina.

Com a grata surpresa, os pesquisadores mudaram o foco de suas pesquisas e descobriram que eram capazes de detectar os anticorpos relacionados com o diabetes 1 anos antes dos primeiros sintomas aparecerem. Após anos de pesquisas, eles conseguiram regredir a doença em camundongos e partiram para testes em seres humanos, tratando inicialmente 50 adultos e, depois, 70 crianças e adolescentes.

Os pesquisadores estão otimistas em relação aos resultados obtidos até agora. Mas, antes de chegar aos pacientes, a vacina ainda precisa passar por outros testes, o que deve demorar mais alguns anos.


G1.globo.com 06/09/2006
08h07m - Atualizado em 16/09/2006 - 11h25m

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