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Edição 053
14 de setembro de 2006

Microscópio

O passado volta à tona

UFRJ rememora os 40 anos da invasão à Faculdade Nacional de Medicina

Taisa Gamboa

A Reitoria, o Conselho Universitário (Consuni), a Decania do Centro de Ciências da Saúde (CCS) e a Direção da Faculdade de Medicina (FM) da UFRJ rememoram, no dia 22 de setembro, os 40 anos do episódio conhecido como O massacre na Praia Vermelha, quando o prédio da Faculdade de Medicina foi invadido por policiais militares. Na ocasião, a comunidade acadêmica lutava pela autonomia universitária e contra a ditadura.

O evento será constituído por uma Sessão Solene Especial do Consuni, a ser realizada no auditório Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão), localizado no CCS, seguido da exposição Rebeldes da Praia Vermelha, com fotos da época, e do descerramento de uma placa em homenagem aos que ousaram, naqueles dias, defender a autonomia universitária. Às 18h30, um show de encerramento no Teatro de Arena, na Praia Vermelha, com Elton Medeiros, Paulo César Botelho, Andréa Pinheiro e o Grupo Receita de Choro (que conta com a participação do professor Alexandre Cardoso, diretor do HUCFF), encerrará o evento.

A Faculdade Nacional de Medicina (FNM),à época, localizada na Praia Vermelha, foi invadido por forças militares na madrugada chuvosa do dia 23 de setembro de 1966, surpreendendo os estudantes que discutiam a saída ou não das dependências do prédio e que foram encurralados e espancados. Durante todo o dia, assembléias e reuniões transcorreram entre discursos e negociações, que pediam garantias para a retirada pacífica dos estudantes, tentando evitar a entrada dos policiais, o que não logrou êxito.

O diretor em exercício da Faculdade de Medicina, Paulo da Silva Lacaz tentou estabelecer diversas negociações tanto com a Reitoria, quanto com as forças policiais. Ao longo do dia, um grupo considerável de alunos e professores saiu do local, mas a invasão foi inevitável. Em resposta às ações dos estudantes contra as medidas implantadas pelo governo militar, e como exemplo para outros estudantes que se voltavam contra o governo, os policiais arrombaram a porta lateral e invadiram o prédio da FNM.

A tropa entrou nas salas e depredou tudo o que encontrou pela frente à procura dos resistentes, arrombando e destruindo inclusive os laboratórios. De trás das grades, sob uma grande correria e cacetadas, homens ensangüentados e mulheres semi-despidas saíam do prédio carregados e enxotados.

Segundo Almir Fraga Valladares, decano do CCS, o acontecimento evidencia a importância do Movimento Estudantil na luta pela democracia e pela autonomia universitária que, persistindo e resistindo, demonstrou a sua influência nos rumos da política nacional. “As entidades estudantis foram parar na clandestinidade, mas a mobilização persistiu e não deixou a sociedade acomodar-se com a repressão. O evento da Praia Vermelha é um dos símbolos da importância do Movimento Estudantil e da luta pela democracia e pela autonomia universitária”, ressalta Fraga valladares.

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