Agência de Notícias da UFRJ www.olharvital.ufrj.br
Edição 038
1° de junho de 2006

Saúde e Prevenção

As dores do inverno

Mariana Granja

capa do livro

Com a chegada do inverno, muitas são as queixas de dores nas articulações e nos ossos, e embora não se tenham muitos estudos sobre o assunto, não se pode negar a ligação que existe entre o frio e tais incômodos. Modos de evitar essas dores existem, assim como tratamentos para quem as possui, e, embora haja ainda muita especulação, as causas estão sendo estudadas.

De acordo com doutora Silvana Miranda, fisioterapeuta e chefe da Sessão de Pacientes Externos do Serviço de Fisioterapia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), uma das conseqüências que o frio pode acarretar nos músculos é a contração muscular involuntária. Esse tipo de contração é o desequilíbrio da capacidade fisiológica normal que o músculo possui de contrair-se. Essa alteração faz com que o músculo entre em estado de contração permanente, modificando o comprimento normal de suas fibras. “Quando está frio, podemos dizer que a musculatura, em reação de defesa, realiza uma contração involuntária buscando o aumento da temperatura. Como conseqüências podem ocorrer deficiências no suporte sanguíneo, causando diminuição do metabolismo, encurtamento das fibras musculares, diminuição da massa e da força muscular, além de hipomobilidade (limitação articular), com alterações biomecânicas, ou seja, maior dificuldade do corpo de fazer certos movimentos, além de alterações posturais”, adverte a doutora.

Dores em cicatrizes também são queixas freqüentes. Sendo formadas por tecido conjuntivo fibroso que tem em sua composição uma substância basal intercelular que contém líquido tecidual, as cicatrizes possuem elementos fibrosos e material orgânico. “Por possuírem tais elementos, elas têm vasos sanguíneos e linfáticos, o que faz com que possam apresentar o mesmo quadro das contrações musculares involuntárias, com deficiência no transporte sanguíneo e, conseqüentemente, dor”, explica Silvana Miranda.

Nas pessoas com idade mais avançada, as dores do inverno aparecem com mais intensidade. “O idoso possui uma vida mais sedentária, e tem os músculos mais enfraquecidos e encurtados. Além disso, as articulações são menos lubrificadas devido à diminuição da circulação periférica, que vai irrigar áreas mais profundas na tentativa de montar o equilíbrio da temperatura constante”, explica Silvana. Artrite (a destruição progressiva dos tecidos que compõem as articulações, levando à instalação progressiva de dor, deformação e limitação dos movimentos), e artrose (uma inflamação articular persistente), são doenças comuns na terceira idade, que se agravam com a chegada do frio. “Pelas próprias características fisiopatológicas das doenças em questão, onde já existem comprometimentos musculares e articulares, somado à reações fisiológicas do corpo à baixa temperatura, há um exacerbamento do limiar álgico, ou seja, um aumento da percepção cerebral da dor”, esclarece.

Para prevenir as dores e diminuir os sintomas existentes, é recomendável utilizar roupas quentes a fim de manter o corpo aquecido, protegendo principalmente as extremidades. “Além disso, é bom que se realize exercícios aeróbicos leves, massagens, aquecimento corporal, alongamento, hidroterapia, e em casos de dores intensas, fisioterapia”, finaliza a doutora Silvana.