• Edição 194
  • 22 de outubro de 2009

Argumento

Os Jogos Olímpicos e a Cidade Universitária

Complexo esportivo no campus deve servir à atletas olímpicos e à população

Thiago Etchatz

Com a escolha da cidade do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, ganhou força o projeto de construção do Complexo Integrado de Atividade Física (CIAF) juntamente à Escola de Educação Física e Desportos (EEFD/UFRJ) na Cidade Universitária.

A ideia de construção do complexo já existe há 15 anos e o projeto da EEFD está nas diretrizes do Plano Diretor UFRJ 2020, que será apresentado no dia 29 deste mês. O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016 prevê a utilização da Cidade Universitária como centro de treinamento, e o CIAF, além de receber os atletas, ficaria como legado para a população, atendendo não somente ao esporte de alto rendimento, mas também à formação de atletas, ao esporte escolar e universitário, além de servir como um espaço de lazer, integrando a Cidade Universitária e o carioca.

O complexo será dividido em oito módulos principais: estádio de atletismo e futebol para cinco mil pessoas, parque aquático, ginásio poliesportivo, praia olímpica, arena de lutas, ginásio de atividades múltiplas, área de convivência e lazer e o Laboratório Interdisciplinar do Homem em Movimento, que ocuparão 170 mil metros quadrados da EEFD e estão orçados em cerca de 70 milhões de reais. O projeto ainda possui módulos complementares, que, entre outros, incluem um espaço cultural, uma via de caminhada e corrida e um espaço náutico.

“Os recursos podem vir de parceiros privados, do Governo Federal, da própria universidade. Nós temos uma proposta de parceria (com o comitê organizador dos jogos). Não estamos atrás de recursos, o que seria um oportunismo. Nosso projeto é anterior à escolha do Rio e à vontade política também, e será desenvolvido independentemente de qualquer evento esportivo, mas é claro que com a escolha do Rio muda um pouco o panorama”, esclarece o professor Armando Alves de Oliveira, coordenador de Desenvolvimento e Extensão da EEFD.

Segundo o professor, o complexo esportivo não pode se restringir à universidade e ao esporte de alto rendimento. Ele será fundamental para a integração da Cidade Universitária com a população do Rio de Janeiro.

“Esse legado precisa atingir o esporte de base, o lazer e a população do entorno. Estamos pensando no CIAF para ser apropriado pela comunidade, pelos bairros Maré, Ilha do Governador, Caju, entre outros. A ideia é que a universidade seja um local de ampla convivência, do bem-estar, do meio ambiente, do convívio social. Queremos ocupar o Fundão dia, tarde e noite, com saúde e atividade física”, analisa o professor.

Ainda não há definição quanto ao prazo de realização das obras, mas, tendo em vista que o Rio de Janeiro será palco dos Jogos Mundiais Militares de 2011, da Copa das Confederações de 2013, da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos 2016, se espera que o processo seja acelerado. “Hoje a EEFD está completamente ocupada, carecendo de espaço. E o complexo atenderia a essa necessidade de expansão dos cursos de graduação, não apenas de Educação Física. É um espaço acadêmico para toda a universidade”, afirma Armando.

O parque aquático abrigará quatro piscinas. Além das de competição, está prevista uma piscina voltada à reabilitação. “Especializada para a educação motora, para grupos com dificuldade de locomoção, como cadeirantes e idosos”, diz o coordenador de extensão da EEFD.

De acordo com o professor Armando, é fundamental que o legado do CIAF não se limite às instalações esportivas. “A ideia é que a universidade seja um espaço de construção da ciência, associar várias áreas da UFRJ nesse processo, como os laboratórios de pesquisa.” É preciso mostrar ao comitê organizador dos Jogos que “a universidade não é apenas um espaço físico, mas uma instituição pronta para contribuir, acrescentar, desenvolver ações conjuntas em todas as suas instâncias para termos os melhores Jogos Olímpicos”.

Daí a intenção de criar, em 2010, o fórum “Jogos Olímpicos e a Universidade”, em que diversos especialistas discutiriam o papel da universidade diante de tal evento. “Como o aluno de Educação Física, Fisioterapia, Matemática pode usufruir dos jogos? Como a universidade incorpora ações para que isso aconteça? E a produção de novos conhecimentos nesse âmbito? Como podemos modificar o sistema escolar, pelo menos na área de Educação Física?”, analisa Armando.

Por fim, o professor Armando constata que resta à universidade trabalhar duro para a construção do CIAF e que ele venha a integrar o programa olímpico. “O ponto principal é perceber que construir é simples, custa um dinheiro muito grande, mas a responsabilidade maior está no processo de acessibilidade, sustentabilidade e democratização do esporte. E existe não só potencial, mas real condição da ocorrência desse projeto de política esportiva para a Cidade Universitária”, conclui.