• Edição 190
  • 24 de setembro de 2009

Saúde e Prevenção

Em que médico levar os filhos adolescentes?

Saiba mais sobre o papel do hebiatra

Thiago Etchatz

Ruptura com a infância, mas tendo pela frente um longo caminho até a maturidade. Diante desta fase de tantas novidades e preocupações, a que médico devemos levar os nossos filhos adolescentes? A doutora Alexandra Prufer, chefe do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, em parceria com o Serviço de Medicina de Adolescentes do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) esclarece tal questão e apresenta o hebiatra.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência é compreendida dos 11 aos 19 anos e é campo de atuação da pediatria. Mesmo assim, alguns planos de saúde só aceitam tal acompanhamento até os 17 anos em razão do Estatuto da Criança e do Adolescente estipular que a fase adulta se inicia aos 18 anos.

— O adolescente deve ir ao médico com o qual se sinta mais confortável e melhor atendido. O médico que pode dar um acolhimento a um indivíduo nessa etapa da vida necessita além de uma boa formação geral, um conhecimento específico das características normais, físicas e emocionais dos adolescentes, bem como dos problemas prevalescentes desta faixa etária — constata a doutora.

Entretanto, alguns pediatras não se sentem confortáveis para atender a tais jovens. “Assim, costumamos orientar a procura por um pediatra que tenha experiência com essa faixa etária. O pediatra com área de atuação em medicina do adolescente terá uma abordagem integral, o que não costuma ocorrer com ginecologista ou urologista”, afirma Alexandra Prufer.

O hebiatra — em referência a Hebe, não a do SBT, mas a deusa da juventude na mitologia grega — é o pediatra especializado nos cuidados da saúde e doenças dos adolescentes. Em sua formação constam aspectos específicos relacionados às questões nutricionais, emocionais, riscos e agravos à saúde desta faixa-etária.

— O médico de adolescentes faz uma abordagem integral, abrangendo aspectos orgânicos e psicossociais, encaminhando para outros profissionais quando há necessidade. É fundamental um ponto de apoio a fim de garantir a passagem saudável por esta fase da vida — analisa Prufer.

De acordo com a doutora, acne, obesidade, dor de cabeça, dor abdominal, dores nos membros, problemas respiratórios são os principais desconfortos apresentados pelos adolescentes. Também, muitos procuram o médico devido ao desenvolvimento da estatura, atraso na puberdade, doenças sexualmente transmissíveis e dificuldades no aprendizado.

— Durante a consulta são observados o relacionamento familiar e escolar, a sociabilidade, aspectos da sexualidade, uso ou abuso de drogas lícitas ou ilícitas, relacionamento afetivo e comportamentos de risco — esclarece a pediatra.

Segundo Alexandra, a adolescência era considerada uma fase da vida quando pouco se adoecia o que se pensava não justificar um acompanhamento periódico. Os primeiros Serviços de Atenção à Saúde Integral do Adolescente no Brasil datam da década de 1970, em São Paulo e no Rio de Janeiro. E apenas em 1998 surge a especialidade do hebiatra, reconhecida pela Associação Médica Brasileira. Em função dessa história recente, ainda são limitados os serviços de saúde específicos nesta área.