• Edição 183
  • 06 de agosto de 2009

Notícias da Semana

Professor do Alabama faz palestra na UFRJ

Beatriz da Cruz


Com a conferência “Resistant Hypertension and obstructive sleep apnea: cause or effect?”, o professor da University of Alabama David Calhoun iniciou as atividades do novo semestre do Serviço de Clínica Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Após uma pequena introdução, ele abordou o tema que estuda, a busca dos mecanismos ou causas da hipertensão resistente.

Pesquisas relacionam esse tipo de hipertensão com a apneia do sono, mas sem ainda obter resultados conclusivos sobre se a primeira provoca a segunda ou vice-versa. O evento, que lotou o auditório Halley Pacheco na última terça-feira (04/08), foi promovido pelo Programa de Hipertensão Arterial (ProHart) do Serviço de Clínica Médica.

Segundo o especialista, o quadro de hipertensão resistente é caracterizado por pressão sanguínea difícil de ser controlada e que requer a utilização de três ou mais medicamentos. “Eu acho que um problema clínico comum é o desconhecimento da prevalência exata de hipertensão resistente, embora não saibamos ainda até que ponto.”

Calhoun apresentou dados do Allhat (Antihypertensive and lipid-lowering treatment to prevent heart attack trial), maior estudo já realizado sobre hipertensão. Com 42 mil pacientes de ampla variedade, incluindo diversos grupos étnicos e pessoas diabéticas, o Allhat foi um estudo bastante representativo da população (americana, no caso), na opinião do palestrante.

Os resultados apontaram que 35% dos pacientes precisavam de mais de três medicamentos para controlar a pressão. Entre os negros o número chegou a 47%, o que para Calhoun enfatiza que a hipertensão resistente é um problema comum.

“Podemos antecipar que se tornará ainda mais comum. Dois dos mais comuns fatores de risco para hipertensão resistente são obesidade e idade avançada. Nos Estados Unidos, com a população se tornando mais velha e mais pesada, os índices de hipertensão consequentemente estão aumentando, assim como a prevalência do tipo resistente da doença”, afirma o médico.

Apneia do sono

David Calhoun, em um segundo momento do evento, dirigiu seu foco para a forte relação entre apneia do sono e a hipertensão, tema mais específico de sua conferência. Segundo ele, pacientes com apneia do sono têm maiores chances de ter hipertensão. Estudos apontam também que a relação se intensifica quando a hipertensão é resistente.

Pesquisadores do Canadá realizaram em 2001 estudo com pacientes de hipertensão resistente que até aquele ponto não apresentavam suspeita de possuir apneia do sono (não haviam sido fisicamente avaliados). A pesquisa buscou quantificar a prevalência de apneia do sono (e o grau) e verificou que, em geral, 83% tinham apneia do sono, embora não apresentassem suspeitas.

De acordo com Calhoun, os benefícios para a pressão sanguínea da utilização do CPAP (método de ventilação utilizado no tratamento da apneia) não foram muito significativos. No entanto, quando a hipertensão foi do tipo resistente, o método diminuiu significativamente a pressão sistólica arterial. Segundo o professor, os efeitos do CPAP sugerem um papel mais importante com relação à hipertensão resistente do que com a comum.