• Edição 163
  • 12 de março de 2009

Argumento

Microbiologia também se aprende na escola

Beatriz da Cruz

As crianças aprendem desde cedo a importância de medidas de higiene para evitar doenças causadas por microorganismos. Porém, elas nem sempre aprendem que esses temidos seres também proporcionam diversos benefícios para os avanços tecnológicos e para a própria medicina. Para mostrar esse outro lado, surgiu o projeto “Divulgação das bases microbiológicas e virológicas para a cidadania”, que inova no ensino da microbiologia, levando conhecimento aos estudantes de ensino médio e fundamental.

Os professores Maulori Curié Cabral e Maria Isabel Liberto, do Instituto de Microbiologia Professor Paulo Góes (IMPPG), coordenam o projeto, que estimula o aprendizado através de apresentações teatrais, palestras, exibição de filmes e outras atividades interativas realizadas no ambiente escolar.

— As crianças são a chave para que as coisas aconteçam, porque elas prestam atenção. Elas se sentem importantes na hora que você chega, mostra como as coisas funcionam e como elas devem se cuidar e transmitir esse conhecimento — aponta a professora Maria Isabel.

Trata-se de um projeto de extensão que conta com a participação de alunos bolsistas de diversos institutos, como a Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), a Faculdade de Letras, a Escola de Belas Artes (EBA) e o Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC). Segundo Maria Isabel, a variedade se dá devido às atividades desenvolvidas. “O nosso projeto envolve palestras, exibições de filmes e jogos, então esses alunos participam da criação dessas dinâmicas. Utilizamos todos os elementos de comunicação que podemos”, explica a professora.

Nas escolas a equipe tenta mostrar a importância dos micróbios tirando um pouco a noção de doença. “Tentamos passar às crianças que os micróbios são importantes para a vida. De vez em quando as pessoas podem desenvolver doenças sim, mas isso varia de acordo com a suscetibilidade de cada um. Se os micróbios fossem tão patogênicos como se acredita, ninguém viveria. Afinal, eles estão o tempo inteiro à nossa volta e dentro de nós”, diz Maria Isabel.

Para exemplificar a atuação diversificada dos micróbios e demonstrar os efeitos estudados, a equipe se utiliza de materiais como iogurtes, pão e até mesmo frutas podres. Além do papel na saúde, na alimentação e na área farmacêutica, os microorganismos também devolvem átomos à natureza, na atividade decompositora e atuam também como despoluidores. Se não exercessem a função de degradar a matéria morta, o acúmulo de resíduos seria muito grande na natureza.

Atualmente, as atividades mais solicitadas à equipe são aquelas voltadas para prevenção da dengue. O sucesso das mosquitéricas é tanto que esse modelo de armadilha para mosquitos está sendo produzido, de forma disseminada, em todo o território nacional e levado para os países da África. Inclusive, já existem empresas comercializando armadilhas baseadas no nosso modelo. Em breve, os coordenadores esperam incluir nas apresentações abordagens sobre outras patologias como a hepatite, a AIDS e a gripe.

— Escolas e outras entidades sociais podem solicitar a apresentação do grupo através do telefone (21) 2562 6698 ou pelos e-mails isabel@micro.ufrj.br e maulori@micro.ufrj.br. De acordo com a disponibilidade da equipe, em função das suas atividades na UFRJ, são acertados a data e horário da apresentação. Para o atendimento, é necessário que a entidade anfitriã providencie o transporte de ida e volta e que, no caso particular das escolas, exija-se que os professores estejam em sala de aula durante as atividades — ressalta o professor Maulori. A equipe do projeto se encarrega de levar todo o material necessário para as atividades práticas, além de caixa de som, microfone, fantoches, cenário, computador e data show para exibição de filmes.

— A nossa intenção é levar à população, da melhor maneira, essas noções de microbiologia, higiene e cidadania. Assim, as pessoas adquirem a responsabilidade consciente de contribuir para que sua comunidade viva melhor — conclui a professora Maria Isabel.