• Edição 155
  • 04 de dezembro de 2008

Saúde e Prevenção

Bronzeamento saudável

Beatriz Cruz

Com a profusão na mídia da imagem do bronzeado como um fator de beleza e de vida saudável, ajudado em parte pelas celebridades que sempre ostentam uma pele corada, cada vez são mais procuradas as clínicas que oferecem bronzeamento artificial. Principalmente em países que não recebem tanto sol ao longo do ano, mas também por pessoas que não têm muito tempo de ir à praia, ou que não querem se expor ao sol com uma alta freqüência.

O problema é que as pessoas querem ter essa imagem o ano inteiro e têm seu desejo aumentado graças à sensação de bem-estar causada pela liberação de endorfinas provocada pela radiação. Porém, isso vem causando uma preocupação com a questão da saúde. Será que a exposição ao sol ou à radiação das camas de bronzeamento não está se tornando obsessiva? Controversa, a existência da chamada tanorexia, compulsão por bronzeamento, não é totalmente aceita pela comunidade médica.

Para David Azulay, professor de dermatologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, é mais provável que essa obsessão seja de caráter psicológico, que não tenha raiz fisiológica. Apesar de haver liberação de endorfinas durante a exposição ao sol, o professor não acredita que a quantidade seja suficiente para causar dependência química. “Um grande número de pessoas em algum momento foi à praia todo dia, no verão, nas férias... Voltam para as aulas e não têm nenhuma crise de abstinência, então isso vai contra a teoria da endorfina”, diz o professor.

Embora não acredite nos riscos de se tornar um vício o professor alerta para a freqüência do processo artificial de bronzeamento, que traz outros riscos como envelhecimento precoce da pele e câncer. “O sol emite radiações ultravioleta A e B. Em geral você vai se expor nos centros de bronzeamento à radiação A ou B. Raios B deixam a pessoa mais vermelha e causam mais câncer de pele. Enquanto o raio A deixa a pele mais bronzeada e com maior envelhecimento, porque a radiação penetra mais”, explica o especialista.

O professor recomenda, no máximo, uma freqüência de uma a duas vezes por semana de bronzeamento artificial, e mesmo assim em países realmente frios, não no Brasil. Ele afirma que ainda existe a chamada urticária solar, uma alergia em que a pessoa vai tomar sol e em poucos minutos fica toda empolada, mas é rara.

Segundo o professor Azulay, os malefícios causados pelo sol variam de pessoa a pessoa “O grau de fotodano é diretamente proporcional à quantidade de exposição à luz e inversamente proporcional à cor da pele. Quanto mais clara, mais danoso será, ou seja, quanto mais elevado for o fototipo menor será o dano. Então tudo é uma relação entre cor da pele e quantidade de radiação”.

Para ter a pele mais escura durante todo o ano sem correr esses riscos, uma boa alternativa são os cremes autobronzeadores, que existem hoje em grande variedade. “Os cremes autobronzeadores são à base de di-hidroxi-acetona, essa substância tem a propriedade de deixar a pele com uma tonalidade alaranjada, então é apenas um efeito cosmético e não agride a pele em termos de foto envelhecimento ou fotodano e não propicia o aparecimento câncer de pele. É apenas uma substância que dá um tom alaranjado à pele. Não causa problemas a não ser por uma eventual e rara alergia”, conclui o dermatologista.