Dois trabalhos apresentados no Congresso da Associação Americana do Coração, em New Orleans, nos Estados Unidos, mostram que passar por uma cirurgia cardíaca após os oitenta anos não é mais um evento raro e é bastante seguro.
O primeiro estudo veio do Instituto do Coração de Miami, na Flórida, e acompanhou mais de 1000 pacientes submetidos a cirurgias de revascularização do coração -- pontes de veias ou artérias. A idade média dos pacientes era de 83 anos.
O grupo foi acompanhado por 18 anos depois da cirurgia e a mortalidade foi semelhante à esperada em um grupo de pessoas mais jovens. O dado mais importante obtido nesse período diz respeito à saúde física e mental dos operados. Os velhinhos tinham resultados nos testes dentro de valores normais comparáveis a indivíduos de 50 anos, por exemplo.
A segunda boa notícia veio da Nova Inglaterra, de um grupo de estudo de doenças cardiovasculares que engloba oito centros médicos de três estados. O grupo envolve hospitais privados e universitários, centros de excelência em cardiologia.
O grupo de hospitais levantou dados sobre a sobrevida de pacientes acima dos oitenta anos que necessitaram de cirurgias para reparos nas válvulas do coração. Com o aumento da longevidade da população e a degeneração das válvulas cardíacas -- notadamente a válvula aórtica -- aumentou o número de pacientes que precisa ser operado com idades tão elevadas.
Foram quase nove mil pacientes operados entre 1989 e 2006, os dados estatísticos englobavam os registros hospitalares e do serviço social federal para análise dos óbitos.
Foram quase nove mil pacientes operados entre 1989 e 2006, os dados estatísticos englobavam os registros hospitalares e do serviço social federal para análise dos óbitos. Mais uma vez os octagenários se saíram bem. A sobrevida dos pacientes que foram operados acima dessa idade foi semelhante à da população em geral. Surpreendentemente, os pacientes com mais de 85 anos operados viveram pelo menos dois anos mais do que a média da população não operada.
Muitas vezes a cirurgia de reparação das válvulas do coração precisa ser acompanhada de cirurgia de pontes de safena ou de artérias devido à doença nas artérias coronárias. A soma de outro procedimento cirúrgico não aumentou a mortalidade dentro do grupo estudado e até ajudou no aumento da sobrevida nos pacientes com mais de 85 anos.
Pesquisas como essas mostram que ao mesmo tempo em que conseguimos evitar doenças que matavam precocemente, aumentamos o desafio dos médicos que passaram a ter pacientes mais idosos e com problemas graves necessitando de cirurgias no coração em idades consideradas anteriormente como barreiras intransponíveis.
G1 , 12 de novembro, Editoria Ciência & Saúde
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