• Edição 143
  • 11 de setembro de 2008

Cidade Universitária

‘Mosquitéricas’ são armas contra a dengue no campus da UFRJ



Marcio Castilho

Um experimento, produzido a partir do aproveitamento de uma garrafa pet de dois litros, está sendo usado como a principal arma de combate aos mosquitos da dengue nos campi da UFRJ na Cidade Universitária e da Praia Vermelha. As “mosquitéricas”, um aperfeiçoamento ou “versão genérica” de uma armadilha comercializada com o nome de mosquitoeira, foram espalhadas em diversos pontos da universidade para capturar e identificar os focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

Maulori Cabral, professor e pesquisador do Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia da UFRJ, afirma que a “mosquitérica” tem caráter educativo e deve ser usada como instrumento motivacional para transformar atitudes de combate à dengue em “demonstrações de civilidade”. Na UFRJ, as garrafas foram espalhadas em pontos estratégicos para eliminar qualquer possível foco do mosquito.

Segundo Maulori, funcionários de limpeza e manutenção que prestam serviço à universidade receberam treinamento para trabalhar com a armadilha. “Desde 2005, não temos casos de dengue na Praia Vermelha ou no Fundão”, afirma o professor, que também faz palestras em vários núcleos da UFRJ. Maulori mantém ainda contato permanente com as secretarias de Saúde espalhadas por todo o país, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, para demonstrar como funciona a “mosquitérica”. Em Saquarema, na Região dos Lagos, onde a rede pública de ensino se engajou no projeto, os próprios alunos fabricam as armadilhas, afirma o pesquisador.

A fabricação é simples, bem como a sua manutenção. Malouri explica que são necessários, além da garrafa pet de dois litros, um pequeno pedaço de tecido de microtule, lixa para madeira e uma fita isolante (foto). No fundo da garrafa, podem ser depositados grãos de alpiste, arroz com casca e ração de gato, que servem como alimento para as larvas do mosquito. Segundo Malouri, a “mosquetérica” funciona assim como uma “maternidade cinco estrelas” para o mosquito Aedes aegypti. Outra recomendação é colocar a armadilha em locais frescos e sombreados.

A invenção das “mosquetéricas” surgiu em 2005 como um “somatório de boas idéias”, salienta o professor, que ressalta também a contribuição de Maria Isabel Liberto, professora do Instituto de Microbiologia.