• Edição 131
  • 19 de junho de 2008

Saúde em Foco

Área do cérebro pode mostrar chances de paciente sair do coma, diz estudo



Cientistas dizem que exame poderá decidir tratamento em pacientes em coma


Da BBC

Pesquisadores belgas podem ter descoberto uma forma de prever se um paciente em coma com graves danos cerebrais voltará à consciência.

Cientistas da Universidade de Liège, na Bélgica, afirmaram que identificaram uma parte do cérebro que pode continuar ativa até em casos de danos cerebrais mais graves. Segundo eles, atividade dessa região pode oferecer pistas quanto às chances de recuperação dos pacientes em coma.

De acordo com os pesquisadores, o nível de atividade em uma "rede alternativa" - uma série de regiões específicas conectadas ao córtex cerebral - parece combinar com o nível de consciência do paciente.

O médico Steven Laureys e sua equipe usaram exames nos cérebros de 13 pacientes com danos cerebrais com diferentes níveis de consciência, medindo a atividade destas "redes alternativas".

O estudo de Laureys descobriu que a atividade desta rede variava proporcionalmente a quantidade de dano ao cérebro do paciente.

Pacientes com um mínimo de consciência tinham uma redução de 10% nas atividades, em comparação com pessoas saudáveis. Foi registrada uma redução de 35% nas atividades em pacientes em coma e naqueles em um estado vegetativo persistente.

Não foi registrada nenhuma atividade na "rede alternativa" em pacientes com morte cerebral.

Os pesquisadores apresentaram a pesquisa na reunião da Sociedade de Neurologia Européia, em Nice, na França e também tiveram o estudo publicado na revista New Scientist.

Devaneios

Segundo o artigo da New Scientist, quando uma pessoa saudável está num estado de devaneio, o cérebro não está ocupado com tarefas específicas.

Então, a "rede alternativa" iniciaria sua atividade.

O propósito desta rede ainda é debatido entre estudiosos, mas provas descobertas recentemente sugerem que ela mantém o cérebro pronto para assumir novas tarefas.

Diagnóstico

Várias técnicas são usadas para avaliar o nível de consciência em uma pessoa depois de um ferimento na cabeça.

Enquanto alguns pacientes são diagnosticados com morte cerebral, sem sinal de nenhum tipo de atividade no cérebro, pode ser difícil fazer um diagnóstico exato quando o paciente tem alto nível de atividade cerebral, mas ainda está inconsciente.

Laureys concluiu que um exame no cérebro para detectar a atividade nesta "rede alternativa" pode funcionar como um "medidor de consciência"

"Isto pode se transformar em uma forma de diagnosticar a consciência residual em pacientes com danos cerebrais", disse o pesquisador.

O exame poderia afetar de forma dramática o destino destes pacientes, ajudando a determinar se eles devem ser tratados com medicamentos ou terapia e, em alguns casos, se eles devem ser mantidos vivos, acrescentou Laureys.

 

G1 , 13 de junho, Editoria Ciência & Saúde

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