• Edição 131
  • 19 de junho de 2008

Argumento

Verba do MEC revitaliza rotina do Hospital do Fundão

Tatiane Leal

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) vai começar a retomar suas atividades nos próximos dias, de acordo com o diretor Alexandre Pinto Cardoso. “Essa retomada das atividades será feita de forma progressiva”, explica. A crise foi deflagrada no início de maio, quando os procedimentos de alta complexidade foram suspensos. A partir daí, a situação calamitosa de verbas insuficientes tornou-se pauta das discussões entre a Universidade e os ministérios da Saúde e da Educação, bem como as secretarias municipais e estaduais.

A normalização da rotina do Hospital tornou-se possível a partir da obtenção de uma verba mensal de R$ 800 mil vinda do Ministério da Educação (MEC), o que corresponde a R$ 5,6 milhões até o fim do ano. “Além do aspecto quantitativo, há o qualitativo. O reconhecimento do MEC de que o HUCFF é um hospital de Ensino e que precisa de verbas para exercer suas atividades é fundamental. Essa é uma política que precisa ser expandida, acredito que estamos caminhando para isso, em 2009”, ressalta Alexandre Cardoso. Desde os anos 90, o Ministério da Educação renunciava à responsabilidade do financiamento para o Hospital, que sob controle do Ministério da Saúde, apesar de ser um ambiente de Ensino.

Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde ampliou o teto de procedimentos de alta complexidade. Isso significa que o hospital poderá realizar um número maior dessas cirurgias, recebendo o pagamento do Município, o que consiste em um aumento de R$ 500 mil mensais. “Agora, se trabalharmos mais, poderemos ganhar mais”, afirma o diretor. O aumento do teto desses procedimentos junto a Secretaria Estadual de Saúde é uma possibilidade que ainda está em discussão.

Com a Secretaria Estadual de Saúde, foram feitos acordos de cooperação técnica. Nesses acordos, o Estado e o HUCFF fazem parcerias que trazem benefícios para ambos os lados, com a troca de insumos, materiais, funcionários e pacientes. Alexandre Cardoso exemplifica esses acordos com a absorção de pacientes vindos de outras instituições, com o respaldo financeiro estadual. Será criada também uma UTI neurocirúrgica.

Todos esses acordos são melhorias importantes, mas segundo Alexandre Cardoso, elas são paliativas. “Nós voltaremos com qualidade. Mas, o que conseguimos é pouco, a médio prazo. A característica do nosso hospital é a alta complexidade”, afirma. Uma reivindicação urgente é a revista da tabela de remuneração das atividades do Hospital pelo Ministério da Saúde, que não acontece desde 2004, por isso encontra-se amplamente defasada. “As dificuldades do nosso hospital não são pontuais, são permanentes. A cada três, quatro anos, ocorre uma crise. O subfinanciamento é um desafio para nós”, lembra o diretor.

Estudantes, residentes, professores e funcionários da Faculdade de Medicina e de outros cursos da área de saúde promoveram manifestações contra a crise vivida pelo Hospital. Parte da linha Vermelha chegou a ser fechada pelos manifestantes e os protestos ganharam a visibilidade da mídia. Alexandre Cardoso avalia as manifestações de forma positiva e elogia o engajamento dos alunos. “As manifestações ajudararam e foram positivas ao demonstrar a situação do Hospital, ao reivindicar a necessidade de revisitar o orçamento. Os estudantes e residentes entenderam isso”, alegra-se.

Alexandre ressalta que a participação dos alunos e residentes não ocorreu somente no momento das manifestações. “A presença deles também foi constante internamente. Eles vão às reuniões, dão sugestões. Eles participaram ativamente”, comemora. O diretor também destaca o apoio do Conselho de Centro do CCS, da Faculdade de Medicina e de outras unidades da Universidade.