• Edição 128
  • 29 de maio de 2008

Saúde e Prevenção

Como prevenir o aneurisma na aorta

Tatiane Leal

O aneurisma da artéria mais importante no organismo é uma dilatação na maior artéria do corpo humano, que tem sua origem no coração e distribui o sangue para todos os tecidos e órgãos. Essa dilatação pode levar a um rompimento da artéria, o que causa uma situação grave que, em grande parte dos casos, pode levar à morte. Entretanto, é possível evitar esse rompimento quando o aneurisma é descoberto antes. Para falar sobre a importância desse diagnóstico e as formas de prevenção dessa doença, o Olhar Vital convidou o especialista Henrique Murad, professor de cirurgia cardio-toráxica da Faculdade de Medicina da UFRJ.

Henrique Murad explica que existem dois tipos de aneurisma. “Há o aneurisma por causas congênitas, ligado à má formação da parede do vaso sangüíneo, que perde a resistência e começa a dilatar. E há o aneurisma por degeneração. Com a idade, a parede do vaso sangüíneo pode começar a se degenerar, perder a resistência e dilatar, formando o aneurisma”, esclarece. Além disso, existem fatores que contribuem tanto para o aparecimento do aneurisma quanto para o aumento dessa dilatação, como fumo, pressão alta e obesidade. Pessoas que tem casos da doença na família devem ficar atentas, pois têm de 10 a 20% mais chances de desenvolver um aneurisma.

O cardiologista mostra que a doença, como se pensa, realmente é mais comum em pessoas de mais idade, pelo fator degenerativo. Entretanto, ressalta que existe um grupo de aneurisma jovem, geralmente ligado às causas congênitas. O médico também informa que o aneurisma pode acontecer em diversos pontos da aorta. Mas, como um paciente pode descobrir que está com um aneurisma e procurar tratamento?

Diagnóstico, tratamento e prevenção

As pessoas que têm um aneurisma são divididas em dois grupos: as que apresentam sintomas e as que não. Henrique Murad explica que a dor é um sintoma muito importante para diagnosticar todos os tipos de aneurismas. “Quando a aorta se expande, a dor pode ser provocada pela própria expansão do aneurisma ou por compressão de estruturas vizinhas. Então acontece o primeiro sintoma. E o local da dor é correspondente ao local da aorta onde está o aneurisma”, afirma o médico, que explica que essas dores podem ser em locais como no peito, nas costas, na lombar e na parte anterior do abdômen, já que a aorta percorre grande parte do corpo.

Outro sintoma é decorrente da compressão que a artéria dilatada pode exercer sobre outros órgãos. O cardiologista cita o exemplo de uma pessoa com o esôfago comprimido, que terá dificuldade de engolir. Então, sintomas em diversas partes do corpo merecem atenção médica, pois podem denotar a presença de um aneurisma.

Já o grupo de pacientes que não apresenta sintomas pode descobrir o aneurisma em exames de rotina, como radiografia do pulmão, ultra-sonografia e exame de próstata. Henrique Murad explica que o exame que costuma ser indicado quando há suspeita de aneurisma é a tomografia computadorizada.

Quando se descobre um aneurisma, o paciente passa a fazer um acompanhamento médico. A necessidade de operação vem de acordo com o tamanho da dilatação da aorta. “Nós indicamos a cirurgia de um modo geral se o doente apresenta sintomas. Se ele não tem sintomas, vamos operar conforme o diâmetro da aorta, que deve ser medido”, explica o cirurgião. A cirurgia consiste na colocação de um enxerto, uma prótese de material plástico, bem aceito pelo organismo, que vai reforçar essa parede da aorta, impedindo que ela se rompa. O paciente, depois de operado, pode levar uma vida quase normal, precisará somente manter o acompanhamento médico. Já quando o aneurisma rompe, ocorre uma hemorragia interna e o paciente precisa ser imediatamente levado ao hospital e submetido à cirurgia.

O primeiro passo para a prevenção é controlar os fatores de risco. “O fumo, a obesidade e a hipertensão arterial aumentam as chances de aneurisma e tornam a aorta mais vulnerável”, esclarece Henrique Murad. O médico ressalta que quem já tem a doença precisa excluí-los. “A proporção de ruptura de aorta é ligada a esses fatores, então o paciente tem que realmente, entre outros tratamentos, controlar a pressão, abolir o fumo e controlar o colesterol”, explica. Além disso, é importante estar atento aos sintomas e procurar atendimento médico. E, realizar exames de rotina, já que a doença pode ser assintomática.