• Edição 128
  • 29 de maio de 2008

Teses

Pesquisa sobre fator cardioprotetor endógeno

Tatiane Leal

“Precondicionamento isquêmico: caracterização e mecanismo de ação do fator cardioprotetor endógeno” é o título da tese de Fredson Costa Serejo, doutorando em Biofísica pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF). Fredson apresenta sua defesa na sexta-feira, 30 de maio. A pesquisa conta com a orientação de Antônio Carlos Campos de Carvalho e com a co-orientação de José Hamilton Matheus Nascimento, ambos professores do IBCCF. A defesa acontece às 9 horas na sala C1-011 do bloco C do Centro de Ciências da Saúde (CCS), que fica na ilha da Cidade Universitária, no Fundão.

O precondicionamento isquêmico do coração com pequenos períodos de isquemia subletal retarda o aparecimento de necrose tecidual durante um subseqüente insulto isquêmico letal. A proteção cardíaca pode ser ativada por transferência do efluente coronariano de corações isquemicamente precondicionados para corações não-precondicionados. Este estudo teve como objetivo testar a hipótese que o efluente precondicionado de corações de ratos purificados com cartuchos de Sep-Pak C-18 podem induzir cardioproteção remota contra injúrias de isquemia ou reperfusão através da ativação da via de sinalização da proteína kinase C, canais de potássio sensíveis a ATP e das ciclooxigenases. Corações isolados de ratos foram sujeitos a 30 minutos de isquemia e 60 minutos de reperfusão. As injúrias miocárdicas de isquemia ou reperfusão e a proteção do precondicionamento foram medidas através da recuperação da função contrátil ventricular pós-isquêmica, incidências de arritmias de reperfusão e área de infarto.

A área de infarto de corações precondicionado foi de 17±2% versus 37±1% dos corações controle (P<0.001). Corações perfundidos com efluente precondicionado fresco tiveram área de infarto de 16±3% versus 36±1% em corações tratados com efluente não-precondicionado. O efeito cardioprotetor foi perdido quando o efluente foi deixado à temperatura ambiente durante 24 horas (área de infarto, 40±3%) ou aquecido a 70oC (26±4%, P<0.05) ou 100oC (39±1%, P<0.001). A liofilização do efluente manteve a atividade cardioprotetora estável por até 30 dias, e sua purificação na coluna Sep-Pak C-18 resultou em uma fração hidrofóbica que reduziu a área de infarto a 17±2% versus 38±2% para a fração hidrofílica. Cheleritrina, glibenclamida, 5-HD e indometacina foram capazes de inibir os efeitos benéficos do precondicionamento ou da fração hidrofóbica.

Mais ainda, a análise cromatográfica da fração hidrofóbica pré-tratada com indometacina mostrou redução do número de picos no cromatograma, evidenciando a participação das ciclooxigenases como ativadores da via de precondicionamento isquêmico. Concluímos que os fatores liberados no efluente coronariano precondicionado são substâncias hidrofóbicas termolábeis com peso molecular maior que 3.5 kDa, atuando através da ativação da via de sinalização de PKC, canais de potássio sensíveis a ATP e da via das ciclooxigenases.


Evolução temporal da atividade da Na+-ATPase


Tatiane Leal

Eugênio Pacelle Queiroz Madeira defende no dia 3 de junho, terça-feira, sua tese "Evolução temporal da atividade da Na+-ATPase e sua modulação pela angiotensina II em ratos espontaneamente hipertensos". A tese de doutorado em fisiologia está submetida ao programa de pós-graduação do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) e tem a orientação do professor Aníbal Gil Lopes, do IBCCF. O doutorando faz sua defesa às 14 horas na sala G1-022, que fica no bloco G do Centro de Ciências da Saúde (CCS), na ilha da Cidade Universitária, no Fundão.

A reabsorção tubular proximal de sódio está associada à patogênese da hipertensão arterial primária. Dois transportadores ativos primários ocorrem no túbulo proximal: a (Na++K+)ATPase e a Na+-ATPase.

O modelo murino de hipertensão espontânea (SHR) foi utilizado para examinar a atividade destas enzimas em microssomas de córtex renal externo (cortex corticis). Animais com idades de 3, 8 e 16 semanas e os respectivos
controles Wistar normotensos (NWR) foram utilizados. O efeito de angiotensina II (Ang II) e de seus receptores sobre a atividade da Na+-ATPase e a mediação da proteína G, proteína cinase A (PKA) e proteína cinase C (PKC) neste processo também foram investigados.

A atividade da (Na++K+)ATPase foi maior no SHR de 3 semanas de idade (p<0,05), enquanto que a atividade da  Na+-ATPase foi maior (p<0,05) no SHR adulto de 16 semanas com hipertensão estabelecida ambas em relação aos respectivos controles normotensos (NWR). Ang II inibiu, de maneira dose dependente, a atividade da Na+-ATPase no SHR de 16 semanas, ao contrário do efeito estimulante observado no NWR. A proteína G mediou estes efeitos díspares que foram máximos em concentrações nanomolares de Ang II. Losartan (inibidor e AT1) não aboliu o efeito inibitório de Ang II sobre a atividade da Na+-ATPase. Este efeito foi bloqueado por PD123319 (inibidor de AT2). No SHR de 16 semanas foi observado aumento da atividade basal de PKC em comparação ao NWR (P<0,01). Ang II (10-9M) inibiu a atividade basal de PKC e estimulou a atividade basal de PKA no SHR de 16 semanas de idade, efeitos opostos aos do NWR. O efeito inibitório de Ang II sobre a PKC foi bloqueado pela adição de PD123319.

Estes dados indicam que no SHR adulto a atividade da Na+-ATPase está aumentada em comparação ao controle de mesma idade. Ativação constitutiva de receptores AT1 e de uma PKC respondem, ao menos em parte, por este mecanismo de ativação da Na+-ATPase. O receptor AT2 parece exercer efeito contra-regulador por uma via que envolve PKA.


Terapia com células da medula óssea em corações infartados é tema de estudo


Tatiane Leal

A doutoranda em Biofísica Melissa Querido Cárdenas Rossas defende no dia 4 de junho, quarta-feira, sua tese “Aspectos ultraestruturais comparativos de litomosoides chagasfilhoi (nematodea: filarioidea) submetidos in vivo à dietilcarbamazina, albendazol e a co-administração destas duas drogas”, pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF). A professora Reinalda Marisa Lanfredi, do IBCCF, orienta a pesquisa. A defesa ocorre às 10 horas na sala G1-009, no bloco G do Centro de Ciências da Saúde (CCS), ilha da Cidade Universitária, Fundão.

O sistema reprodutor feminino do filarídeo Litomosoides chagasfilhoi e os efeitos de drogas filaricidas sobre esta espécie estão sendo descritos pela primeira vez por microscopia eletrônica de transmissão. O ovário é composto por oócitos primários envolvidos por uma simples camada de células epiteliais justapostas à lâmina basal. Os oócitos primários estão arranjados radialmente e estão centralmente conectados em torno da raquis. A parede uterina consiste de fibras musculares envolvidas por uma lâmina basal e por um epitélio abaixo desta lâmina. Espermatozóides aflagelados e amebóides estão presentes dentro da porção proximal do útero. Os zigotos são recobertos por uma casca de ovo eletrondensa bem definida.

Na região média do sistema reprodutor das fêmeas há a presença de embriões. Estes embriões crescem e se diferenciam ao longo do útero e na região distal do sistema reprodutor da fêmea microfilárias em desenvolvimento são observadas. Uma característica importante de L. chagasfilhoi é a presença de Wolbachia sp. no cordão hipodermal, nos oócitos, zigotos, embriões e microfilárias. Nematóides provenientes de roedores Meriones unguiculatus tratados com uma dose única via oral de albendazol não apresentaram nenhuma alteração na parede do corpo. As alterações ultraestruturais produzidas pelo tratamento com 40mg de albendazol foi o maior número de invaginações de membrana no labirinto baso-lateral do epitélio uterino e a presença de figuras de mielina nesta região, e a maioria dos embriões e microfilárias estavam desintegrados dentro do útero.

Após o tratamento com 80mg de albendazol todas as microfilárias observadas no interior do útero estavam completamente danificadas. Os nematóides submetidos à ação de 6mg/kg ou 12mg/kg de DEC demonstraram muitos embriões e microfilárias destruídos no interior do útero. Os nematóides submetidos à ação de 6mg/kg de DEC co-administrados com 40mg de albendazol ou 12mg/kg de DEC co-administrados com 80 mg of albendazol apresentaram alterações na hipoderme e no cordão hipodermal, na região não-contrátil da camada muscular, e muitos zigotos, embriões e microfilárias estavam completamente degenerados. O presente estudo contribui para o conhecimento dos efeitos de DEC, albendazol e da co-administração destas duas drogas nos filarídeos, e enfatiza o potencial embriotóxico e microfilaricida destas duas drogas. A presença de Wolbachia sp. está sendo referida pela primeira vez nesta espécie, mostrando a importância deste modelo de estudo experimental.