• Edição 121
  • 10 de abril de 2008

Saúde e Prevenção

Diverticulite: comum após os 80 anos

Jefferson Carrasco

Uma característica comum nas pessoas com o passar do tempo, geralmente após os 50 anos, é a presença de divertículos – espécie de bolsas ou invaginações – no intestino grosso. “Porém, a doença diverticular não infere nenhuma mudança na vida das pessoas, uma vez que muitas delas convivem bem com essas ‘saculações’”, garantiu professor Antônio José Carneiro, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina e Coordenador de Ensino do Serviço de Gastroenterologia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).

No entanto, existe a possibilidade de surgir uma complicação desta doença, principalmente em pacientes acima dos 80 anos, denominada diverticulite. Com o passar da idade, determinados pontos da parede intestinal tornam-se mais frágeis (como conseqüência natural do tempo); há um aumento da pressão no interior do intestino (relacionado à constipação intestinal – prisão de ventre – quando certos pacientes apresentam um aumento do tônus do intestino). Tais fatores tornam a população sujeita à formação dos divertículos e, por possível desenvolvimento, da diverticulite.

A inflamação ocorre com mais freqüência na região do cólon, logo acima do reto. O paciente manifesta dor forte no quadrante inferior esquerdo do abdome, juntamente com febre, distensão abdominal e alteração do ritmo intestinal. Esse diagnóstico é causado a partir de alguma obstrução (como resto alimentar ou pequenos pedaços de fezes), através da qual o divertículo entra em um processo inflamatório, podendo ainda outros órgãos adjacentes ao intestino grosso serem também acometidos.

– Acontece que um pequeno número de doentes evolui mal, muitas vezes porque há demora em fazer o diagnóstico ou em indicar a terapêutica adequada. Então, a diverticulite pode evoluir –, atentou o professor.

Nesses casos, os doentes são agredidos por perfuração do divertículo, causando a peritonite ou este pode ter a perfuração bloqueada, evoluindo para abscessos, e nesses casos, requerendo um procedimento cirúrgico.

Contudo, quando a inflamação está restrita ao órgão, indica-se tratamento clínico, no qual o especialista atua baseado em dietas, com repouso do cólon. O médico pode transcrever a conhecida “dieta zero”, hidratando somente à base de soro – para doentes mais graves – ou uma outra, por via oral, sem fibras, no sentido de descansar o intestino. Ademais, associa-se a antibióticos, que são responsáveis por cobrir bactérias comuns próprias do órgão. É importante também, é claro, a utilização de analgésicos para o caso de dores.

Carneiro lembrou ainda da relevância da prevenção da diverticulite. Segundo ele, os hábitos alimentares das grandes cidades atualmente, caracterizados pela ausência de fibras e alta industrialização, aliados a um maior sedentarismo populacional potencializa a incidência da doença na contemporaneidade. No Brasil, há significante ocorrência, já que o país inclui-se neste modelo alimentar ocidentalizado.

Para tanto, é necessário voltar ao modelo primitivo de alimentação e focar na importância alimentar para prevenir as inflamações. Ao contrário do tratamento, na prevenção, as fibras têm papel fundamental, representadas por legumes e verduras. Além disso, recomenda-se efetiva ingestão de líquido e a prática de atividades físicas regulares. Estas prescrições garantem um melhor ritmo do intestino, diminuindo as chances de um divertículo vir a inflamar.