• Edição 121
  • 10 de abril de 2008

Ciência e Vida

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica tem novo tratamento

Tatiane Leal

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) atinge mais de cinco milhões de pessoas no Brasil. Por ano, 30 mil pacientes falecem da doença, que é a quinta causa de morte no país, segundo dados de 2001. O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ (HUCFF) vem realizando uma pesquisa para tratamento da DPOC e, mais uma vez, é pioneiro. “É o que existe de mais novo na perspectiva mundial de tratamento da DPOC. Não há nada mais de ponta sendo desenvolvido para essa doença do que o que estamos fazendo aqui no HUCFF”, afirma a doutora Marina Lima, coordenadora da pesquisa.

Essa pesquisa vem sendo realizada há um ano e meio em entidades internacionais e há um ano no Brasil, quando o HUCFF foi convidado para fazer parte do estudo. Durante essa semana, o hospital recebeu a visita de americanos para iniciar uma fase mais avançada da pesquisa. A partir de agora, pacientes poderão participar da pesquisa e obter o tratamento. “O paciente deve ser submetido a uma série de exames. Se preencher os critérios de inclusão, poderá receber o tratamento”, explica a doutora Marina Lima.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOS) consiste na obstrução do fluxo de ar nos pulmões. Essa limitação de fluxo aéreo tende a progredir com o passar dos anos. Na maioria dos casos, tem origem no tabagismo, podendo também ser causada por exposição à poeira ao longo de muitos anos (em torno de 30). A bronquite crônica e o enfisema são dois constituintes obrigatórios da DPOC. A doença é caracterizada pela falta de ar e pela presença de tosse e catarro diário.

O estudo realizado pelo HUCFF contempla o desenvolvimento de novas medicações e a descoberta de outras drogas para o tratamento da DPOC. A pesquisa realiza um tratamento que é destinado para pacientes com DPOC muito grave. Com isso, o procedimento pode diminuir as filas de transplante de pulmão. “O transplante é uma cirurgia radical, onde o pulmão da pessoa é trocado por outro, geralmente de um cadáver. Há uma fila, o custo é muito alto, o procedimento exige uma infra-estrutura hospitalar monumental. Além disso, o paciente tem que usar imunosupressor para o resto da vida”, completa a doutora Marina Lima, enumerando as dificuldades desse tipo de transplante.

Já o procedimento desenvolvido na pesquisa é feito em apenas uma hora e por uma única vez. Além disso, o paciente não precisa de nenhum remédio extra após sua realização. “O paciente continua na pesquisa, mas não é necessária uma internação de meses. Esse procedimento é revolucionário”, explica Marina Lima.

O tratamento consiste na realização de um exame chamado broncoscopia, pela qual são colocadas seis válvulas no pulmão do paciente. “Essas válvulas perfuram a parede do brônquio e, com isso, atingem as áreas do pulmão que estão hiperinsufladas. Com a colocação dessas válvulas, a região hiperinsuflada imediatamente desinsufla”, descreve a médica, que faz ainda uma comparação metafórica com um balão de ar sendo esvaziado.

Além das parcerias internacionais, há integração com o Hospital da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e com o Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

Os pesquisadores estão recebendo pacientes para participar da pesquisa e fazer o tratamento. Para tanto, deve-se ligar para 2562-2194 ou para 3105-0064 e marcar uma consulta. “Temos recebidos pacientes de outros médicos, de hospitais públicos, privados e pacientes do próprio Hospital Universitário. Estamos abertos para qualquer paciente, seja daqui ou de outros hospitais”, afirma a doutora Marina Lima.