• Edição 121
  • 10 de abril de 2008

Notícias da Semana

Seminário discute Dengue na Coppe

Fernanda de Carvalho - AgN/CT

O Instituo Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) realizou, na tarde desta quinta-feira (10), o seminário “A epidemia de dengue: contradições e desafios”. O evento promoveu a discussão do papel da academia na luta contra a dengue, bem como suas propostas para o enfrentamento da doença.

Para Luiz Pinguelli Rosa, atual diretor da Coppe/UFRJ e mediador do evento, “o objetivo do seminário é esclarecer e, talvez, utilizando o alcance que a universidade pode ter, até mesmo influenciar o Governo em suas diversas esferas”.

Além dele, compuseram a mesa de honra Roberto Medronho, coordenador do Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ; Adilson Elias Xavier, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ; e Victor Berbara, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, representante do secretário Sérgio Côrtes, o qual não pode comparecer ao seminário.

Medronho esclareceu aos presentes o que é a dengue, além de mostrar como caminha a epidemia enfrentada pelo Rio de Janeiro neste ano de 2008. Ele também ressaltou a necessidade de se repensar o trabalho de combate à dengue feito pelos agentes de saúde, tornando-o mais inteligente e eficaz.

Para reforçar a apresentação do professor, o superintendente de Vigilância em Saúde também defendeu a mudança no processo de controle do vetor transmissor da doença - o mosquito  Aedes aegypti -, além de destacar a importância da mobilização social.

Por fim, o professor Adilson apresentou o projeto de um sistema computacional, desenvolvido junto à Universidade Estadual do Ceará, capaz de agilizar o mapeamento das áreas que possuem foco de dengue. Tal sistema torna mais eficiente o controle das visitas dos agentes de saúde a estes locais de risco, além de permitir o conhecimento em tempo real das pessoas infectadas e suas áreas de origem.


UFRJ comemora o Dia Mundial da Saúde

Marcello Henrique Corrêa

O Centro de Ciência da Saúde (CCS/UFRJ) comemorou nessa segunda feira, 7 de abril, o Dia Mundial da Saúde, em Sessão Solene do Conselho de Centro. Na ocasião foi lembrado os 85 anos da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), os 30 anos do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), os 40 anos do Instituto de Biologia (IB) e os 200 anos da Faculdade de Medicina, homenageada com a obliteração do selo lançado pela Empresa de Correios de Telégrafos (ECT).

Para compor a mesa, o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira; o decano do CCS, Almir Fraga Valladares; o diretor da Faculdade de Medicina, Antônio José Ledo; a diretora da EEAN, Maria Antonieta Tyrrel; a diretora do Instituto de Biologia, Maria Fernanda Quintela Nunes; o diretor do HUCFF, Alexandre Pinto Cardoso, e o coordenador regional da ECT, Jarbas Correa Matos.

Após o decano declarar aberta à sessão solene, o diretor do HUCFF, Alexandre Cardoso foi o primeiro a falar.  “Se nós olharmos no entorno precisamos caminhar um pouco mais na questão da saúde para realmente comemorar. Nós que trabalhamos na promoção da saúde temos pouco a comemorar. É claro que temos muitos avanços, é claro que fazemos pesquisas importantes de relevância internacional mas não é menos claro a situação em que nós nos encontramos”, falou em tom desolado.

Alexandre continuou enumerando as necessidades da área da saúde. “Os hospitais universitários precisam de mais recursos e também de pessoal. Há um déficit no sistema na ordem de 30 mil profissionais”. O diretor do HUCFF encerrou seu discurso dizendo que gostaria de estar fazendo louros a essa data, “mas é preciso dizer a verdade”.

A seguir Maria Fernanda iniciou seu discurso se solidarizando com o diretor do HUCFF. “No Instituto de Biologia, nós não trabalhamos direto com as questões operacionais e práticas da saúde, mas com a pesquisa básica. E no caso da epidemia de dengue isso reflete a falta de pesquisa, a falta de recursos e também o descaso com as questões ambientais. Esse mosquito ocupou um nicho dentro desse país. A falta de conservação da biodiversidade brasileira e a falta de manutenção dos ecossistemas também estão contribuindo para a questão da saúde publica”, afirmou a diretora do IB.

A diretora da Escola de Enfermagem Anna Nery, Maria Antonieta, destacou algumas conquistas. “A EEAN nesses 85 anos pode registrar muitos desenvolvimentos, mas também muitos desafios”, disse Antonieta. Segundo ela, a EEAN tem o orgulho de ser a primeira unidade da UFRJ a marcar o ensino da enfermagem científica e moderna diferenciada e uma prática de enfermagem baseada em sentidos religiosos e de ensino para a fundação dessa profissão que marca a vida da mulher no mercado de trabalho.

Maria Antonieta frisou ainda a parceria da Escola com o HUCFF, que, segundo ela, se deu desde a sua implantação. “Quero destacar que a EEAN também enfrenta desafios, como o que estamos entrando agora. Fomos convidados pela Secretaria de Saúde para trabalharmos no combate a dengue e aceitamos”, finaliza Tyrrel.

Antônio Ledo, diretor da Faculdade de Medicina, lembrou ainda que esse é um dia muito especial e que talvez não se esteja consciente dele quando se pensa em saúde. “Quando se pensa em saúde avançamos muito. Saúde não se trata só de cura. Saúde se trata também de prevenir, de acreditar nisso, se trata de transporte, trabalho, cidadania. Esse é o conceito ampliado de saúde. Poder estar refletindo sobre isso nos dá a importância desse dia. Insisto também que essa é a primeira sessão solene do CCS que diz: Nós nos preocupamos com a saúde e nós entendemos saúde mais do que simplesmente curar e nós queremos lutar pela saúde. Por isso estamos aqui para pensar o significado da saúde”.

Ledo relembrou a importância dos três erres: Reflexão, Responsabilidade e Revolução. Segundo ele, a Faculdade de Medicina tem um peso muito grande ao completar 200 anos. “A nossa faculdade tem que ser reflexiva e tem que pensar no contexto que ela está inserida. Temos que ter uma responsabilidade imensa e temos que exercê-la. E por último, se nós não tivermos capacidade de fazermos revolução dentro de nós, estaremos perdendo essa guerra”.

Para encerrar a cerimônia o reitor falou em tom de brincadeira que ficou confuso ao ouvir os presentes. “Fui convidado para uma festa, mas o clima estava mais para um velório. O professor Alexandre com a sua voz de barítono contaminou aos demais” adverte Aloísio. E afirma que está vivendo um momento de muito otimismo na UFRJ.

O reitor Aloisio ressaltou as conquistas na área de saúde. Falou dos 20 anos da constituição de 1988 que, segundo ele, teve um impacto muito grande porque afetou tanto a estrutura da educação quanto as da saúde. “A grande conquista em termos de educação superior da constituição de 1988, foi o artigo 207 que estabeleceu o princípio da autonomia. Se nós olharmos de fato a situação que vivemos hoje na universidade, veremos que ainda não conquistamos a autonomia. Na saúde a grande conquista foi o SUS. O fato de que a saúde se tornou um direito de todos e um dever do Estado. Se nós compararmos as duas, eu não tenho dúvidas em dizer que a conquista no campo da saúde foi infinitamente superior a da educação. Em momento nenhum a constituição diz que todo jovem tem direito a cursar um curso superior. Mas na saúde isso foi feito. Isso foi maior que uma conquista, isso foi uma revolução na área da saúde”, enfatiza o reitor.

E continua: “É muito fácil criticar o governo, falarmos da falta de recursos. Mas esse não é um problema. Nós temos problemas nessa sociedade. Nós comemoramos 200 anos da faculdade de Medicina que é um ensino de elite. Assim como ensino do Instituto de Biologia e da Escola de Enfermagem. Esse sistema é de elite porque agrega somente 10% dos jovens de nossa sociedade. É preciso mudar essa sociedade. Se não fizermos isso, iremos sempre está aqui lamentando o que não temos e devíamos ter”. E finalizou dizendo que “esse é o momento de reafirmamos a nossa utopia: nós vamos mudar”.

Organização Mundial de Saúde

Em 26 de junho de 1945, foi criada a ONU com o objetivo de promover a paz e defender os direitos humanos. Essa é uma luta permanente que a ONU vem procurando desenvolver e, para poder desenvolver seu dever de promover o respeito aos direitos humanos, foi sendo criada uma série de instituições de caráter mundial. A FAU que cuida da alimentação, a UNESCO que cuida da educação, Unicef, voltada para a criança, a OIT, e naturalmente a OMS, todas são fundamentais e todas se somam.

Segundo Almir Valladares, saúde nada mais é que sinônimo de cidadania. “Quando nós pensarmos em saúde como direito de completo bem-estar, bio-psiquicosocial, ambiental, profissional, nós teríamos que pensar em uma série de outros direitos que estariam resumidos nessas organizações (alimentação, habitação, trabalho, emprego etc) tudo isso faz parte de um conjunto de ações, de necessidades que, somados, pode  atingir o objetivo da saúde”, explica o decano.

60 anos de OMS

A Organização Mundial da Saúde trás esse ano o tema ligado à mudança climática, um grande desafio dessa época. Entre as recomendações feitas pela agência das Nações Unidas está o fortalecimento da vigilância sanitária e o controle de enfermidades infecciosas. Com o aquecimento planetário, as autoridades de saúde temem que doenças tipicamente tropicais, como malária, diarréia, a tuberculose e dengue, entre outras, atinjam os países hoje mais frios do Hemisfério Norte. No Hemisfério Sul, alagamentos em algumas regiões podem fortalecer ainda mais essas doenças; em outras, a seca pode levar à desidratação e à desnutrição.

- Nesses 60 anos, muitas conquistas aconteceram e o grande desafio é manter essas conquistas e continuar melhorando a expectativa de vida – disse Henri Eugène Jouval Júnior, que por 20 anos, atuou na OMS. Ele foi aluno da Faculdade de Medicina da UFRJ, é ex-professor e um dos organizadores do NUTES-CLATES (Centro Latino Americano de Tecnologia Educacional para a Saúde), hoje apenas NUTES, uma das unidades do CCS.
 Segundo ele, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, afirma que se as mudanças climáticas não forem combatidas, os suprimentos de comida, ar e água estão sob risco. Ela também recomenda o fortalecimento da infraestrutura de saúde em países pobres e em desenvolvimento.

O selo

O ministério das Comunicações e os correios lançaram o selo alusivo aos 200 anos da chegada da Família Real ao Brasil já em circulação desde o dia 18 de fevereiro. Hoje, porém, foi lançado um alusivo aos 200 anos da Academia Médico Cirúrgica do Rio de Janeiro, a Faculdade de Medicina da UFRJ. São 300 mil unidades que trazem em destaque o prédio da Faculdade de Medicina, cercado por elementos que remetem à área de saúde (juramento de Hipócrates e símbolo da medicina) e ao estado do Rio de Janeiro (estátua do Cristo Redentor). A arte é de Maria Maximina, que tratou toda a imagem em tom azul, numa referência à cor da bandeira do estado fluminense.

Para a solenidade da obliteração do selo, foram convidados o reitor Aloísio Teixeira, o decano do CCS Almir Fraga e o diretor da Faculdade de Medicina Antonio José Ledo. O coordenador da ECT, Jarbas Matos, carimbou a peça filatélica e entregou a cada um deles um álbum filatélico contendo o conjunto lançado, depois entregou a cada membro da mesa uma cartela comemorativa contendo um exemplar do selo. Em seu discurso Jarbas disse que é uma honra para a ECT vincular o seu nome a UFRJ.