• Edição 117
  • 13 de março de 2008

Saúde em Foco

Exames simples podem prevenir doenças graves nos rins

Nesta quinta (13), se comemora o Dia Mundial do Rim, com eventos focados na prevenção. Problemas renais são difíceis de detectar porque se desenvolvem lentamente.

Marília Juste

Nesta quinta-feira (13), o publicitário paulistano Breno Zardini completa 26 anos. Para comemorar, vai receber alguns amigos em casa, para papear e tomar umas cervejinhas. No final de semana, vai fazer um churrasco para os amigos que moram fora da capital paulista. Uma vida completamente normal de um jovem completamente normal que, por acaso, tem apenas um rim.

Nesta quinta, além do aniversário de Breno, é também comemorado o Dia Mundial do Rim, data estabelecida há três anos pela Sociedade Internacional de Nefrologia, lembrada sempre na segunda quinta-feira de março. Em todo o mundo e em 400 cidades brasileiras, eventos serão organizados para conscientizar as pessoas dos problemas renais e evitar casos como o do publicitário, que acabou perdendo o órgão. Os exames para detectar a doença são simples, apenas de urina e de sangue, e serão oferecidos gratuitamente.

Segundo a médica Jacqueline Caramori, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), uma em cada dez pessoas tem problemas nos rins – e a maioria nem imagina. Esse foi o caso de Breno Zardini, que descobriu sua condição por acaso, quando foi tratar uma mononucleose, em setembro de 2004. “Não sentia nenhum tipo de dor ou de desconforto”, contou Zardini ao G1. “Mas o canal do rim esquerdo para a bexiga estava entupido e o rim foi crescendo até perder a função. Ele tinha apenas 3% de funcionamento”, afirma. Em dezembro, ele passou por uma cirurgia para a retirada do órgão.

A nefrologista da Unesp diz que a maioria dos casos se desenvolve da mesma maneira. “Os problemas renais são de evolução lenta. Quando a pessoa nota que o rim está afetado, o órgão já está comprometido”, ela.

Isso porque as doenças renais mais graves, que podem levar à hemodiálise e à perda do órgão, resultam de problemas, na verdade, externos ao rim. Os dois principais são a hipertensão arterial e a diabetes, que vão degradando o órgão. A tão temida pedra no rim, a primeira coisa que a maioria das pessoas lembra quando pensa em problemas renais, é menos grave e freqüente, embora bastante dolorida, explica a nefrologista.

“O cálculo renal é apenas a quinta ou sexta doença mais comum nos rins”, afirma. “Na maioria dos casos, são problemas isolados que somem quando a pedra é expelida, embora em alguns outros seja preciso um tratamento a mais”, conta ela.

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a vida de alguém como Breno Zardini, que tem apenas um rim, é absolutamente normal. Tanto que muitas pessoas que nascem com somente um desse órgão não percebem nada e só vão descobrir o problema depois de muitos anos. Segundo Zardini, há dietas específicas para os chamados “monorrenados”. “Outro cuidado é o acompanhamento regular com um urologista. Exames de rotina são recomendados a cada seis meses”, conta ele.

Ainda assim, é preciso cuidado, pois a perda dos dois rins é fatal e exige um transplante, o que é sempre algo complicado. Antes disso, o próprio processo de hemodiálise, onde o sangue é filtrado por uma máquina, que faz as funções do rim, traz riscos de infecções, além de ser bastante desconfortável.

Prevenção

Para evitar problemas nos rins, é essencial fazer um acompanhamento médico regular, principalmente as pessoas que já têm pressão alta, os idosos e quem tem histórico familiar de doenças renais. Os exames de detecção, no entanto, são simples. Basta um exame de urina e um de sangue. Só se a doença for realmente detectada, é que tratamentos e testes mais complexos serão necessários.

Além disso, para evitar as doloridas pedras no rim, é preciso beber muito líquido, especialmente nos meses mais quentes. “O verão é a estação onde aumentam os casos de cálculo renal, porque as pessoas ficam mais desidratadas e a urina fica mais concentrada”, explica Caramori.

Campanha

Para lembrar o Dia do Rim, a Sociedade Brasileira de Nefrologia está organizando mutirões de atendimento em 400 cidades do país. No ano passado, um milhão de pessoas foram atendidas como parte da iniciativa. Para mais informações, confira o site da campanha.

 

Online G1 , 13 de março, Editoria Ciência e Saúde

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