• Edição 116
  • 06 de março de 2008

Notícias da Semana

Hospital Universitário fecha convênio com BNDES

Tatiane Leal

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho assinou um convênio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que destinará R$ 7,1 milhões para a construção de uma unidade ambulatorial. O contrato foi assinado em cerimônia realizada hoje, dia 7 de março, em meio às comemorações dos 30 anos do Hospital Universitário.

A construção da nova unidade aumentará a capacidade de consultas de 600 para 1540 por semana. Será construído um amplo ambiente para administração de quimioterapia, com 20 poltronas e dois leitos, além de 12 poltronas para tratamento e dois consultórios específicos para pacientes de alta complexidade. O investimento cobre ainda a formação de equipes multidisciplinares de saúde com médicos, enfermeiros, nutricionistas, odontólogos e psicólogos.  O professor Nelson Spector, coordenador do projeto de oncohematologia, salientou que muitos tratamentos que hoje requerem internação poderão agora ser feitos em regime ambulatorial.

A importância acadêmica do Hospital Universitário foi salientada durante toda a cerimônia. O convênio com o BNDES prevê a construção de um amplo espaço dedicado à formação e ao treinamento, com salas para seminários de pesquisa, sessões clínicas e cursos. “Somos um dos quatro mais fortes grupos de pós-graduação e pesquisa em hematologia do país e somos os principais formadores de recursos humanos em hematologia no rio de janeiro. Todos os serviços de hematologia do Rio de Janeiro têm pelo menos um médico treinado ou titulado aqui”, afirmou o professor Nelson Spector.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ressaltou que a escolha do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho não foi aleatória. “Em um banco, os recursos destinados a investimentos não reembolsáveis são limitados. Privilegiamos projetos que não tenham outras fontes de doação e tenham a finalidade de atender à sociedade”, explicou Luciano Coutinho. O presidente revelou ainda que a diretoria do BNDES aprovou um novo projeto de apoio à UFRJ com a COPPE para o desenvolvimento de biofármacos, passo importante para as áreas de hemologia e hemoterapia.

O reitor Aloísio Teixeira fechou o evento comemorando a parceria, que “atinge a totalidade dos jovens da UFRJ e a demanda da sociedade e não grupos específicos”.  Aloísio Teixeira colocou ainda que a assinatura de um convênio como esse significa alcançar objetivos pelos quais sua geração lutou durante a ditadura militar e, com agradecimentos ao BNDES, celebrou a conquista da universidade.


Ministro da Saúde visita HUCFF

Priscila Biancovilli

No último dia 6 de março, o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, veio ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ  inaugurar novas salas e celebrar a aquisição de equipamentos de alta tecnologia, um deles único na rede pública do Rio de Janeiro.

O primeiro equipamento visitado pelo ministro foi o de ressonância magnética, mais moderno da rede pública no estado do Rio de Janeiro. Este novo aparelho diagnosticará cardiopatias, doenças neurológicas e do sistema ósseo, além de conseguir detectar tumores de apenas dois milímetros. O investimento total girou em cerca de 1,5 milhão de dólares, e o equipamento tem a capacidade de realizar cerca de 400 exames por mês.

Em seguida, Temporão subiu ao quarto andar para conhecer a expansão do serviço de Gastroenterologia. O setor também está recebendo novos equipamentos, como o gastrointestinal mentor, que simula e treina profissionais para a realização de endoscopia com princípio semelhante ao de um simulador de vôo, e o de eco-endoscopia, que, sem cirurgia ou processo invasivo, permite a investigação de doenças do pâncreas e órgãos adjacentes. Além disso, o setor conta agora com uma sala para tratamento com implante de células-tronco, alternativa ao tratamento das doenças inflamatórias intestinais. O serviço de gastro recebeu investimentos de mais de 1 milhão de reais, e passa a ser o mais bem equipado do Rio de Janeiro.

O ministro também inaugurou, no quinto andar, a Unidade de Pesquisa Clínica (UPC), em que serão realizados testes para avaliar a eficácia de diferentes modalidades terapêuticas através da aplicação das drogas em estudo e de placebo. A unidade também está coordenando, no Brasil, um estudo da Universidade de Harvard que avalia o uso do medicamento Lapatinib, para evitar que o câncer de mama se espalhe a outras partes do corpo (metástase).

Solenidade

Ao final das inaugurações, teve início uma grande solenidade no Auditório Alice Rosa, que contou com a presença especialmente de estudantes das áreas da saúde. Após a apresentação de um vídeo institucional, que contou um pouco da história do HUCFF e pontuou seus serviços de excelência, foi a vez de Alexandre Pinto Cardoso, diretor da unidade, iniciar seu discurso. Em uma quebra de protocolo, passou a palavra a dois alunos, um representante do Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina e outro membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Ambos fizeram críticas à estrutura do Hospital e à contradição entre a compra de equipamentos de última geração e a precariedade em serviços básicos, como no ambulatório. Além disso, também foi criticada a falta de verbas destinadas à saúde e educação.

Respondendo aos alunos, Alexandre afirmou que estas contradições “não devem esmorecer nossa trajetória, pois isso sempre existiu e por muito tempo vai existir. Estamos lutando para melhorar cada vez mais”. O diretor frisou também que o Hospital é mantido hoje quase que completamente pelo Ministério da Saúde, e quase nada pelo da Educação. “Queremos e temos a visão crítica dos nossos estudantes, que nos ajudam a crescer. Isto é muito importante para o Hospital”, finaliza Alexandre, que em seguida passou a palavra ao ministro Temporão:

- É sempre uma alegria caminhar por este hospital, que foi tão importante na minha vida pessoal e profissional. Na época em que eu estudava, os tempos eram bem diferentes. Na época da ditadura militar, as salas eram trancadas nos intervalos, para que os estudantes não pudessem se reunir de forma mais privada. Em relação às contradições citadas pelos estudantes, digo que elas fazem parte não apenas daqui, mas da realidade de todo o Sistema Único de Saúde (SUS). Sem enfrentarmos um financiamento setorial, vamos continuar vivendo esta contradição -, afirmou o ministro. “Digo também que nunca houve uma sintonia tão grande entre o Ministério da Saúde e o MEC, para não permitir que instituições de ensino de medicina precárias continuem funcionando”, completou.

Encerrando a cerimônia, o reitor Aloísio Teixeira fez seu discurso, elogiando a atuação crítica dos estudantes: “Todos queremos mais recursos, seja o ministro, o reitor, os diretores, os técnico-administrativos e os estudantes. Mas os estudantes apresentam uma característica peculiar. Eles introduzem a importância do já, do imediato. Para vocês, dez anos até uma conquista é tempo demais, pois não haverá tempo de a sua geração usufruir. É fundamental abrir espaço para esta discussão, para que conseguir aquilo que se quer”, finaliza o reitor.


Hospital Universitário comemora 30 anos em grande estilo

Geralda Alves

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) completou nesta quinta-feira, dia 6 de março, 30 anos de existência. Para comemorar diversas atividades foram programadas, entre elas, a realização do I Congresso Científico Multidisciplinar e o lançamento do livro 'A saga de um sonho', que conta a história do hospital desde a sua construção, com depoimentos de personagens que fizeram parte de todo o processo.

A abertura do encontro contou com a presença diversas autoridades acadêmicas e políticas. A mesa foi composta pelo Almir Fraga Valladares, decano do Centro de Ciências da Saúde (CCS), representando o reitor da UFRJ, professor Aloísio Teixeira; professor Alexandre Pinto Cardoso, diretor do HUCFF e presidente do congresso; professor José Marcos Raso Eulálio, vice-diretor da Faculdade de Medicina, doutor José Carvalho de Noronha, secretário de atenção a saúde, representando o ministro da saúde; professora Antonieta Tyrrell, diretora da Escola de Enfermagem Anna Nery e o professor Clementino Fraga Filho, convidado de honra.

- Hoje é dia de festa, fazemos 30 anos e também comemoramos 200 anos da Faculdade de Medicina da UFRJ. Fazemos uma homenagem a nosso patrono, professor Clementino Fraga Filho, fonte permanente de inspiração cuja trajetória condicional se confunde com a história da medicina do nosso país e também com o ensino. Prestamos justa homenagem àqueles que precederam a direção dessa casa, assim como ex-alunos e residentes que se destacaram nos seus respectivos pontos de atuação pelo critério da comissão organizadora e cientifica. Esse grupo de pessoas leva em seu genoma um DNA recombinante, limiar do Hospital Universitário da UFRJ. Essa marca que cada um de nós carrega quando saí daqui – declarou o professor Alexandre Pinto Cardoso.

O diretor fez um breve balanço de sua gestão apontando conquistas e dificuldades na administração de um hospital de referência como o HUCFF.  “Teremos a oportunidade de incorporar à nossa infra-estrutura equipamentos e instalações que nos permitirão melhor cumprir a nossa missão. Vamos inaugurar um complexo importante. Um moderno equipamento de Ressonância nuclear magnética (o primeiro da rede pública do RJ). Importante para a nossa atividade de investigação que possamos bem cumprir a nossa função de hospital terciário”.
Nesses 30 anos muitas conquistas foram computadas. Na gestão atual uma das últimas dá conta da reforma do ambulatório que comporta 123 salas de atendimento. “Trocamos todo o mobiliário, colocamos ar condicionado em todas as unidades de atendimentos e para as salas de espera. Instalamos 123 micro computadores para a informatização plena do hospital”, relata Alexandre.

No atendimento desses ambulatórios são registradas 25mil consultas/mês. Ano passado o hospital ultrapassou a marca de consultas ambulatoriais realizadas em todo o ano de 2006, atingindo mais de 20.900 atendimentos em suas 49 especialidades médicas. Entre os procedimentos de alta complexidade (transplantes de órgãos, terapias com células-tronco, cirurgia bariátrica entre outras), o número ultrapassou os 10 mil, resultado bem superior à meta de pouco mais de 7 mil. “Uma responsabilidade nossa, de nosso contrato de gestão”, afirma categórico o diretor.

Mas nem tudo é festa. Se por um lado o hospital conseguiu comprar um equipamento de alta precisão, por outro, não pode adquirir um Glivec a R$ 45,63 (comprimido para tratar pacientes com Leucemia Mielóide) devido a rubrica não ser a mesma. “Uma contradição do grande esforço para renovar equipamento e uma imensa dificuldade de custeio. O hospital não é orçamentado pelo MEC. Então ás vezes nós compramos um equipamento de ressonância nuclear magnética, mas temos dificuldade de comprar um medicamento”, justifica professor Alexandre.

Segundo ele, desde 2004 quando o HUCFF recebeu uma verba de custeio do Ministério da Saúde, a situação melhorou, mas está muito aquém das reais necessidades do sistema de saúde como um todo. “Precisamos de mais recursos. Se nós não tivermos recursos reais fica difícil administrar. Não é que nós deixamos de fazer, mas fazemos com muita dificuldade. E as cobranças que temos são muitas”, ressalta o professor.

Enquanto o desejo não se torna realidade o Hospital Universitário continua prosperando. Como destaca o diretor ao falar da Unidade de Pesquisa Clínica (UPC) inaugurada ontem (06/03) pelo ministro da saúde, José Gomes Temporão.  Lá poderão ser realizados ensaios randomizados para avaliar a eficácia de diferentes modalidades terapêuticas através da aplicação das drogas em estudo e de placebo - pílulas de teste sem efeito terapêutico. A unidade conta, inclusive, com quartos reservados para estudos em que o paciente necessita de isolamento. Com a nova unidade, o HUCFF irá se integrar à Rede Nacional de Pesquisa Clínica, que realiza estudos para o Ministério da Saúde.

Devido sua grande competência o Hospital Clementino Fraga Filho recebe importantes incumbências, uma delas virá ainda esse ano.  Segundo o secretário de atenção à saúde, doutor José Noronha, o  Ministério da Saúde lança, no segundo semestre, o quadrilátero dos transplantes, com a participação do Hospital de Saracuruna, do Getúlio Vargas, do Hospital Geral de Bonsucesso e do HUCFF. “Esse é um desafio que estou trazendo para o Hospital Universitário. Vamos começar a articular a integração que já está em curso entre os colegiados dos hospitais federais do Rio de Janeiro para que se possa, de fato, devolver à medicina carioca o destaque que ela merece e que essa Universidade está ansiosa, pela celebração dos 200 anos da FM. Essa será a modesta colaboração desses dois ex-alunos, o ministro José Gomes Temporão e eu”, compromoteu-se Noronha.

Outro desafio foi lançado pelo decano do CCS, professora Almir Valladares que não esqueceu de exaltar a capacidade e competência dos profissionais do HUCFF antes de pedir seu apoio para vencer mais uma batalha. “Nosso grande desafio para o futuro, é essa parte esquelética, não construída que nos ameaça aqui ao lado do hospital. Temos que resolver essa questão. Essa é a nossa luta do futuro e com a certeza que temos condições de vencer, para isso contamos com a união e a ajuda de todos”.

Para encerrar o professor José Marcos Hilário vice-diretor da Faculdade de Medicina, fez um agradecimento especial ao patrono, professor Clementino Fraga Filho. “O historiador Fustel de Coulanges em sua obra prima ‘Cidade antiga’ nos diz que na tradição Greco-Romana o maior presente que um homem de honra pode dá a alguém é o seu próprio nome. O senhor professor que nos havia dado sua competência, trabalho e dedicação deu também um nome a esse hospital permitindo que futuras gerações e cada profissional que aqui trabalha possa se sentir parte do seu magnífico exemplo. A FM de medicina agradece”.


Escola Anna Nery recepciona calouros

Marcello Henrique Corrêa

Quem foi ao auditório Rodolpho Paulo Rocco na última terça-feira, 4 de março, precisou se esforçar para enxergar o verde das cadeiras do Quinhentão. Das 10h às 12h o cenário foi dominado pelos rostos curiosos e atentos dos calouros de curso de Enfermagem da UFRJ. Os novos alunos marcaram presença à Aula Inaugural esse ano ministrada pela professora Nébia Maria Almeida de Figueiredo, da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, da UniRio.

Os professores presentes tinham muito que comemorar, afinal não era uma aula comum: em 2008, a Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) completa 85 anos de existência. Os feitos pioneiros da Instituição foram lembrados durante a abertura pela diretora, Maria Antonieta Rubio Tyrrell. “A EEAN criou a carreira de enfermagem no Brasil e também gerou diretrizes para a formação do enfermeiro na América Latina, já que ela se localiza entre uma das primeiras escolas latino-americanas a formar enfermeiros de nível superior”, lembrou a professora.

Ainda durante a solenidade de abertura, Tyrrell ressaltou o ensino de pós-graduação da Escola. “A Escola Anna Nery marca não só o ensino de graduação, mas também o da pós-graduação strictu sensu. Ela foi a primeira a ter o curso de especialização em enfermagem, em 1972, o primeiro curso de mestrado no Brasil, o primeiro curso de doutorado e, em 2000, a EEAN passou a ter também o curso de pós-doutorado”, listou a diretora, lembrando que, de todas as escolas do Rio de Janeiro, 24 ao todo, a EEAN é a única que oferece à sociedade carioca, bem como à sociedade da América Latina, todos os programas de formação acadêmica do Ensino Superior de Enfermagem.

Aprendendo enfermagem

Muito entusiasmada e com a medalha Anna Nery no pescoço, a professora Nébia Figueiredo subiu ao palco, com a proposta de passar um pouco de sua experiência aos futuros enfermeiros e enfermeiras presentes. Doutora em enfermagem, Nébia falou direto aos calouros, sobre mercado de trabalho. “Essa é uma profissão que tem infinitas possibilidades. Não só na área hospitalar ou na comunidade. Vocês têm imensas possibilidades de se engajar no mercado de trabalho”, afirmou. “Há a genética, a área militar, enfim, vocês terão muitas oportunidades. Quero dizer para vocês que essa é a única profissão em que vocês não saberão o que é ficar desempregado”, profetizou a professora.

A enfermeira lembrou de alguns princípios da profissão que marcaram seu aprendizado, e os compartilhou com os recém-chegados. “Para ser enfermeira era preciso ter disciplina. E eu acho que é o princípio que permanece. Sem disciplina a gente não chega a lugar nenhum”, aconselhou a doutora. Além disso, a professora ressaltou a importância do compromisso e da boa aparência. “Não me refiro a beleza, nem roupas caras, mas bem apresentadas, porque temos vistos alguns casos que nos envergonham”, comentou.

Para Nébia Figueiredo, comunicação é o conceito desse século e, para a Enfermagem, não poderia ser diferente. “Estamos com dificuldade de nos comunicar. E não é só cuidando. Pode ser ensinando também, ou trabalhando. Nós, do grupo de trabalho, temos discutido essas questões da linguagem, porque nós precisamos saber o que o outro faz. Às vezes, o aluno passa quatro anos na mesma Escola e não sabe o nome do colega” completou a enfermeira.

O evento foi encerrado ainda com uma tradição: acender a lâmpada de Florence Nightingale, a “Dama da Lâmpada”. Ícone da Enfermagem, Nightingale recebeu esse apelido por andar pelas enfermarias e camas dos soldados durante a Guerra da Criméia, em 1854. Com esse símbolo, o desejo comum naquela manhã no Quinhentão era de que a chama não se apagasse.


Ciência, dança e música compõem recepção aos calouros no CCS

Seiji Nomura

Com o começo do semestre, chegam novos alunos à faculdade. E como é tradição na casa, o Centro de Ciências da Saúde (CCS) recebeu os calouros com uma aula inaugural seguida de atividades culturais, no Auditório Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão), no dia 5 de março. A aula, ministrada por Francisco Radler do Instituto de Química, teve como tema “PAN 2007 – o último evento esportivo regional sem ‘ômicas?’”. Já as apresentações de música e dança ficaram por conta da Bateria Mirim da Estação Primeira de Mangueira e da Companhia Folclórica do Rio de Janeiro –UFRJ.

A mesa de abertura foi composta por Claúdia Giardinni, representante da pró-reitoria de graduação, o decano do CCS Almir Fraga Valadares, o superintendente do CCS Roberto José Leal, o professor do Instituto de Química (IQ) Francisco Radler, o coordenador de integração acadêmica Jorge Fernando e os representantes do corpo discente Marcello Bernardo, do Diretório Central dos Estudantes (DCE), e Luís, do Centro Acadêmico (CA) da Escola de Educação Física e Desportos.

O decano do Centro deu início a palestra agradecendo a presença de todos e evidenciando a importância do evento que serve de integração entre o corpo acadêmico, discente e docente. “Hoje é o presente, mas estamos aqui com vocês, que são o futuro da nossa universidade e do nosso país”, declarou o decano.

O representante do CA, chamou os alunos novos a lutar pela Universidade. “Os calouros têm que se comprometer com o movimento. O projeto do REUNI, aprovado praticamente sem discussão com o conjunto da comunidade acadêmica, prejudica o projeto de universidade pública e de qualidade que temos”, afirmou ele. “A gestão de agora do DCE faz parte do que chamamos de novo movimento estudantil, que não ficar colado a parlamentares e o governo, e vai á sala de aula chamar o estudante à luta”, completou o membro do DCE, após desejar boas vindas.

— A universidade é um espaço para conviver com as diferenças, onde se aprende o espírito público. É a casa do saber, como dizia Carlos Lessa. Dentro dessa filosofia, pensamos em uma aula inaugural que congregasse nossas metas e esforços -, disse Jorge Fernando.

Dopping: a droga não-terapêutica

A aula de abertura do Centro explorou o tema do Dopping e o esporte, juntando diversas áreas de estudo. “O conhecimento não é mais segmentado. Temos que ser multidisciplinares”, explicou Francisco Radler. “Para unir as diferentes áreas de conhecimento, escolhemos como ponte a Química. Já que, se olhar a sua volta, toda essa matéria é constituída de moléculas. E a ciência que se especializou no estudo das moléculas é a química”, continuou ele.

— Vale a pena mencionar que é um erro utilizarmos a palavra “droga” como uma coisa pejorativa, já que ela, na química, pode ser usada para fins terapêuticos. Um remédio é constituído de drogas -, acrescenta o especialista. De acordo com ele, para o controle do Dopping, o estudo deve passar também pelos efeitos colaterais, que podem ser benéficos para o desempenho atlético a curto prazo. Para aproveitar esse efeito, os atletas têm que usar altas doses do medicamento.

De acordo com o especialista, o esportista acaba utilizando as drogas para melhorar seu desempenho devido a pressões exercidas pela sociedade ou por razões econômicas. “Não só para proteger a ética esportiva e garantir justiça a todos os competidores, mas também por ter uma parcela de culpa sobre isso é que nós temos o dever de cuidar dos usuários de dopagem”, declarou.

O professor também afirmou a necessidade de garantir que a urina é do próprio atleta, apesar de que os métodos hoje disponíveis para isso sejam controversos. “Não importa quão bom seu laboratório é, você precisa ter certeza da procedência da urina. Se não fiscalizar o processo, você pode estar sendo enganado. Não há limites para o abuso de drogas no esporte”, ressaltou Radler.

Diversos tipos de drogas podem ajudar o desempenho dos atletas em situações diferentes. “Por trás dessa melhoria anormal do desempenho atlético podem estar estimulantes, analgésicos (que reduzem a dor), corticosteróides, e até bloqueadores, que reduzem os batimentos do coração de forma a beneficiarem o desempenho em esportes de precisão como o tiro de arco e flecha”, enunciou Redler. Ele ainda destacou as dopações de sangue e as β-antagonistas, que possuem efeitos anabolizantes, embora estejam presentes em medicamentos contra asma, por exemplo.

—É preciso dar destaque também aos esteróides anabolizantes, que são alguns dos mais utilizados. Eles acumulam um grande número de conseqüências negativas, como a sobrecarga do fígado e dos rins, pode causar AVC, cardiopatia e até adicção similar a das drogas pesadas de rua -, esclareceu. “Os hormônios peptídicos são também extremamente perigosos, pois alteram a própria essência bioquímica da pessoa sem que ela tenha conhecimento do que está fazendo”, continuou o especialista.

O professor concluiu explicando o que ele quis dizer com a palavra “ômica”. “Refiro-me às tecnologias de genômica, proteômica e metaboleômica, que são capazes de encontrar alterações na genética, na constituição das proteínas e no metabolismo, respectivamente. No futuro, as alterações provocadas pelo Dopping serão a esse nível”, finalizou.

Dança e Música Brasileira

Após a aula inaugural, o evento ainda contou com uma apresentação da Bateria Mirim da Estação Primeira de Mangueira, que animou a platéia, arrancando aplausos de todos os presentes. Os dez percussionistas deram um show que não nos deixa dúvida quanto ao futuro da escola de samba.

A Companhia Folclórica do Rio de Janeiro  da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ se apresentou no saguão de acesso ao auditório, destacando diversas danças e músicas típicas. Os participantes do grupo incentivaram os alunos e funcionários presentes a dividir com eles o palco seguindo ritmos animados. “Ficamos satisfeitos em trazer para dentro da UFRJ um pouco da sabedoria popular”, declarou a coordenadora do grupo professora Eliana Amorim Moura.