• Edição 107
  • 14 de novembro de 2007

Microscópio

UFRJ comemora o bicentenário do ensino superior no Brasil

Priscilla Biancovilli

1808. Chegada da família real ao Brasil. A elevação da antiga colônia à sede da coroa portuguesa promove o surgimento de inúmeras instituições, como o Banco do Brasil, Jardim Botânico e as Escolas de Medicina da Bahia e Rio de Janeiro. Hoje, dois séculos mais tarde, voltamos no tempo e celebramos o aniversário destes símbolos brasileiros.

A inauguração da Faculdade de Medicina da UFRJ marcou o início do ensino superior do Brasil. Ainda não se tem idéia de quantos médicos se formaram nesta escola desde a fundação, mas estes dados serão resgatados. “Estamos recuperando os arquivos históricos da faculdade, aos poucos. Em relação ao século XIX, temos vários buracos de informação. Nosso primeiro livro de alunos data de 1915, e sabemos que as turmas se compunham por 30 ou 40 alunos. Dois historiadores trabalham com o objetivo de resgatar estes documentos. Para o próximo ano, espera-se que muito da memória da medicina seja recuperada”, afirma Diana Maul, coordenadora de Extensão do Centro de Ciências da Saúde (CCS).

Celebrações

O evento que marcou a abertura do ano de comemorações foi a Sessão Solene da Congregação, ocorrida no último dia 5 de novembro. No dia 28, o Fórum de Ciência e Cultura apresenta o “Medicina dá Samba”, em homenagem a Noel Rosa, ex-aluno da Faculdade. “O curioso é que ele estudou aqui por apenas um ano, e já estava tuberculoso. Noel faleceu há exatamente 70 anos atrás, por isto também fará parte das nossas comemorações”, explica Diana e uma das responsáveis pela organização do evento.

No dia 30 de novembro, acontece uma festa da adesão no restaurante Real Astoria, com o objetivo de integrar funcionários, estudantes e professores da faculdade de medicina, além de “esquentar os motores para as comemorações que se prolongarão por todo o ano de 2008”, de acordo com a professora. “Organizaremos uma agenda de eventos que se encerrará no dia 13 de dezembro de 2008, em grande estilo, provavelmente com um concerto no Teatro Municipal”, continua Diana.

Para o próximo ano, estão previstas exposições sobre o papel das mulheres na medicina, atuação em congressos – como por exemplo o Encontro Regional da ABEM (Associação Brasileira do Ensino Médico), sessão solene da Academia Nacional de Medicina, entre outros eventos. Ainda dentro destas comemorações, os correios lançarão uma série de selos, e entre eles está o dos 200 anos da faculdade.

De escola à faculdade

A Universidade do Brasil (UB), primeira do país, é inaugurada em 1920. Surgiu pela aglutinação das escolas de Medicina, Engenharia (politécnica) e de Direito. Nessa época, sua sede se localizava na Praia Vermelha, onde hoje estão as instalações da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio). “O primeiro reitor da UB, inclusive, era Ramiz Galvão, professor da Faculdade de Medicina”, explica Diana.

A mudança para o atual campus da Ilha do Fundão aconteceu apenas na década de 70. “O marco desta mudança foi a inauguração do Hospital Universitário, em 1978. A partir disso, todas as unidades do Instituto de Ciências Biomédicas são transferidas da Praia Vermelha para o Fundão”, esclarece Diana.

Atualmente, a Faculdade de Medicina da UFRJ recebe 200 alunos por ano, e seu curso de graduação dura 6 anos. Seu vestibular é o mais concorrido entre todos os cursos da universidade, com uma média de 30 candidatos por vaga.

Acervo

“Na internet, temos um Museu Virtual (http://www.museuvirtual.medicina.ufrj.br), e planejamos ampliar este acervo. Além disso, também queremos organizar diversas exposições temporárias ou permanentes durante o ano de 2008. Estes espaços atuarão no resgate da memória do CCS e da Faculdade de Medicina. Nossa coleção de quadros é muito grande. Temos mais de 200 retratos de professores e doutores. Já a parte documental está sendo organizada junto à biblioteca central”, explica a professora.  

Para Diana, este acervo deve se manter próximo dos alunos da Faculdade de Medicina. “Não se trata simplesmente de algo ‘bonitinho’, mas sim de uma peça fundamental para a formação dos alunos. Ter um contato próximo com o passado de seu ofício é extremamente importante para a formação de um profissional”, finaliza Diana.