• Edição 107
  • 14 de novembro de 2007

Notícias da Semana

Unidade de pediatria da UFRJ inaugura UTI

Priscila Biancovilli

No último dia 13 de novembro, o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ) inaugurou sua nova Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O fato foi comemorado em cerimônia no salão nobre do Instituto e contou com a participação de estudantes e funcionários que tiveram a oportunidade de conhecer dados de realizações da atual gestão e históricos sobre o hospital apresentados durante o evento.

O diretor do IPPMG, Marcelo Land, comentou que algumas obras estão sendo executadas para ampliar o atendimento no hospital, como a implantação da central de atendimento, do sistema elétrico e da rede de esgotos, entre outros. “O IPPMG é o prédio mais antigo desta ilha e precisava a muitos anos de investimento em infra-estrutura, algo que esta reitoria nos proporciona. Informo também que os recursos para o Centro Cirúrgico foram aprovados, e ele deve estar pronto num prazo de dois anos”.

O IPPMG era o único hospital pediátrico de alta complexidade a não ter, até então, uma UTI em funcionamento. Esta unidade busca atender especialmente crianças com doenças crônicas. Em seu funcionamento pleno, estão previstos dez leitos (seis para UTI pediátrica e quatro para cirurgia neonatal). Para este início, apenas quatro leitos serão utilizados.

Arnaldo Prata, chefe do Serviço de Terapia Intensiva Pediátrica do IPPMG, afirma que “a inauguração da UTI veio numa época boa, pois está praticamente conciliada com as comemorações dos 200 anos da Faculdade de Medicina. Estamos começando com apenas quatro leitos, o que não parece nada. Mas por que isso é um marco tão importante? A grande diferença é que estamos inaugurando uma UTI exclusivamente pediátrica em uma universidade no estado do Rio de Janeiro. Aqui, demoramos quase trinta anos para concretizar este sonho”.

A reitoria apóia esta UTI de maneira ampla, oferecendo suporte ao funcionamento assistencial dos hospitais e também arregimentando recursos humanos na área de terapia intensiva pediátrica. Estes novos leitos fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS).


Jornada de Psicologia e Educação Física explora futebol

Monique Pereira – Agência UFRJ de Notícias – Praia Vermelha

O Instituto de Psicologia da UFRJ – IP realizou na última segunda-feira, 12 de novembro, a abertura da IV Jornada de Psicologia Aplicada e Educação Física, no campus da Praia Vermelha. A programação do evento; organizado por Bruna Velasques, psicóloga do IP; se estendeu até hoje (14) com palestras que trataram desde complicações envolvendo atletas profissionais até os benefícios do exercício físico básico para a psiquè humana.

A psicóloga ressaltou a relevância da jornada, não somente para profissionais de psicologia, como também para todos os membros atuantes na área de Pedagogia e Educação Física.

Marcos Jardim, diretor do IP, aprovou a iniciativa do evento, desde a primeira edição, destacando a importância de relacionar psicologia e esporte, acompanhados do espíritos de coletividade e cooperação em um mundo tão afetado pela perda de relações interpessoais e intimidade, como o atual.

A convidada para a primeira palestra foi Adriana Lacerda, psicóloga do Futebol de Formação do Clube de Regatas do Flamengo e da Confederação Brasileira de Judô – CBJ, que abordou o tema “Psicologia do Esporte aplicada ao Futebol de Formação”, apresentando a metodologia de pesquisa e os resultados do projeto no clube.

Flamengo: Investimento na formação psíquica do atleta

Segundo Adriana Lacerda, a participação no esporte, para a maioria das crianças, acontece até no máximo 12 anos, tendo em vista que essa idade é crítica no que diz respeito à auto-estima e a afirmação da personalidade: “O esporte atua como contribuinte na formação e no desenvolvimento social do adolescente”, lembrou a especialista.

A psicóloga considera que a discussão sobre a manutenção de mesmas formas de treinamento, equipamentos e modelos competitivos tanto para adultos quanto para crianças deve ser colocada em maior evidência: “A bola, o gol, o campo são do mesmo padrão para profissionais e crianças, o que isso pode causar física e psicologicamente a uma criança de 8 ou 10 anos?”, lamentou Adriana.

Da mesma forma que o esporte é importante na auto-afirmação, de acordo com a especialista, o professor, o treinador e os pais são fundamentais no processo de disciplina e formação do sentimento de perseverança e cooperação. Os pais, segundo ela, são responsáveis pela iniciação esportiva dos filhos e pelo suporte socio-econômico-afetivo, ou seja, eles não podem apenas arcar com os custos, como também devem se preocupar com os resultados de forma saudável e com a felicidade e satisfação dos filhos. Além disso, Adriana Lacerda destaca que deve haver muito cuidado dos pais com relação ao esporte escolhido e à cobrança: “Muitos pais colocam os filhos para praticar o esporte que gostariam de ter seguido ou seguiram carreira. Essa tentativa de superar a frustração pode acabar refletindo diretamente na criança”, observou a psicóloga. Ela contou que nesse caso a criança pode desenvolver a Síndrome de Burn-up, em que o indivíduo não somente deixa de praticar o esporte como não se aproxima de nada que tenha relação com o mesmo.

A Psicologia do Esporte é, de acordo com a palestrante, uma ciência que investiga as causas e efeitos das ocorrências psíquicas apresentadas pelo indivíduo antes, durante e depois do exercício físico tanto no âmbito educativo, recreativo, quanto no competitivo ou reabilitador. Adriana Lacerda considerou pertinente destacar que essa disciplina não pode ser caracterizada como uma espécie de suporte de conselhos ou terapia: “Muitos treinadores dizem que o jogador está maluco e deve bater um papo com a psicóloga do clube. A Psicologia do Esporte não é para ser vista dessa forma”, declarou a especialista.

De acordo com a palestrante, a metodologia da pesquisa com as categorias de formação do Flamengo — que, segundo ela, não é mais denominado ‘divisão de base’ — segue um modelo interdisciplinar, que agrega desde a atuação conjunta com o Departamento Médico e Fisioterapia na recuperação de atletas lesionados; à assistência, acompanhamento e orientação junto ao Serviço Social; além da ligação com Odontologia, Nutrição, Fisiologia, Preparação Física, Diretoria, Coordenação e Superintendência.

Adriana comentou que a atuação diretamente com os atletas é dada através de intervenções individuais e coletivas. A primeira consiste no acompanhamento dos jogos e treinos; é baseada na Entrevista de Anamnese, que explora dados da vida pregressa do atleta, informações familiares e qualidade de vida; aplicação de instrumentos psicológicos como testes e questionários adaptados para a especificidade do esporte; além do atendimento individual. Já a abordagem coletiva é realizada de acordo com as demandas vivenciadas pelo grupo, por meio de Dinâmicas de Grupo, exibição de filmes, palestras e reuniões que visam o estímulo à união, à motivação, às relações interpessoais, à liderança, entre outros.

Segundo a psicóloga, é de fundamental relevância que os profissionais da área sempre se apreendam de material teórico para a realização dos projetos e pesquisas com os atletas. De acordo com ela, é comum que os jovens jogadores, desde muito cedo, apresentem sinais de ansiedade extrema ou depressão, o que acaba desencadeando uma série de erros cognitivos como “catastrofização” — até a mínima falha é um desastre — “valia pessoal dependente do êxito” — o erro desqualifica completamente o atleta — “personalização” — tornar o mau desempenho do time culpa exclusiva: “Muitos até polarizam o pensamento, cometem uma falha e já consideram uma má fase”, disse Adriana Lacerda.