• Edição 104
  • 25 de outubro de 2007

Notícias da Semana

HU inaugura Unidade de Diagnóstico Mamário

Marcello Henrique Corrêa

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) inaugurou, no dia 22 de outubro, a Unidade de Diagnóstico Mamário. A iniciativa faz parte da campanha do projeto Avon, Um beijo pela vida. O programa financia equipamentos como computadores e aparelhos de ultra-sonografia, fundamentais para o perfeito funcionamento da UDM.

O evento ocorreu no auditório Halley Pacheco, no próprio Hospital, e contou com a presença do diretor geral do HUCFF, Alexandre Pinto Cardoso. Além dele, estavam presentes na mesa de abertura Hilton Koch, professor titular do departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina; Cida Medeiros, representando o coordenador do projeto Avon; professor José Marcus Eulálio, vice-diretor da FM; dr. Ricardo Chagas, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, e dr. Afrânio Coelho, coordenador da UDM.

Além da cerimônia, o encontro reuniu especialistas que abordaram, em uma mesa redonda, diversas particularidades da cirurgia da mama. Entre eles, o professor Augusto César Peixoto Rocha, do serviço de ginecologia do HU. O professor discorreu sobre as dificuldades da cirurgia radioguiada, técnica, a princípio, mais eficaz e fácil de se trabalhar.

Antes de falar das dificuldades em si, o professor relembrou um pouco o começo do trabalho de mastologia no Hospital. “Quando começamos a fazer mastologia, tudo era muito fácil, mas ruim”, contou. “Felizmente para nós e para os nossos pacientes, o estudo foi se tornando cada vez mais complexo, e nós, conforme fomos fazendo diagnósticos mais precoces, mais especialistas foram agregados ao diagnóstico e ao tratamento médico do câncer de mama. Entre eles, radiologistas, médicos nucleares e patologistas”, relatou Augusto Rocha.

Para os radiologistas, as dificuldades são diversas. “Sabemos das dificuldades que as mamas pequenas impõem aos radiologistas, assim como as lesões mais profundamente localizadas”, comentou Rocha. O professor ressaltou a importância de especialistas bem treinados nessa área, na chamada técnica ROLL (Radioguided Occult Lesion Localization, localização radioguiada de lesão oculta, em tradução livre) que utiliza substância radioativa para, durante a cirurgia, localizar com maior precisão os nódulos. “Ocorreu um caso de uma colega que marcou com ROLL a mais ou menos cinco centímetros da lesão e se não fosse a experiência de quem estava operando, certamente a doença permaneceria no local”, relatou o professor.

Outro problema recorrente é com o médico nuclear. Augusto Rocha ressaltou principalmente as dificuldades de logística, talvez maiores que as dificuldades técnicas. “O deslocamento do médico da sua clínica para o local da cirurgia, com o material, é bastante complexo. Aqui no HUCFF esse problema está minimizado, pois os serviços são relativamente próximos”, comentou Rocha.

O professor terminou sua exposição ressaltando a questão logística e as dificuldades de reunir uma equipe multiprofissional e propôs, inclusive, uma mudança do centro cirúrgico. “A patologia está lá embaixo, a radiologia está lá embaixo; acho que o centro cirúrgico deveria ir lá para baixo também”, opinou. O professor acredita que um centro cirúrgico para as cirurgias de mama seria ideal.

– Realmente temos que mudar, para obtermos resultados de sucesso – concluiu o professor, inspirando-se em estruturas dos países desenvolvidos, que apresentam os chamados breast centers, centros de referência dedicados exclusivamente ao tratamento de câncer de mama. “Para isso é fundamental vontade política”, finalizou Augusto Rocha.