• Edição 099
  • 20 de setembro de 2007

Argumento

Informações acessíveis: um remédio pra chamar de seu


Julianna Sá

Toda vez que alguém se dirige a uma farmácia e adquire um medicamento,  encontra, dentro da caixinha, um folheto com inúmeras informações sobre o remédio comprado. Mas não só pela enorme quantidade de informações as bulas, de textos em letras miúdas, são rejeitadas. Mais por sua escrita e seu conteúdo complexos, o paciente, geralmente leigo a respeito de terminologias científicas, acaba por esquecê-las dentro das caixinhas. Dessa forma, os benefícios do medicamento ficam, muitas vezes, desconhecidos pelo usuário. Este, dentre outros fatores motivadores da automedicação, é uma das razões que levou, há mais de dez anos, a criação do Centro Regional de Informação de Medicamentos, o CRIM. Iniciativa da Farmácia Universitária da Faculdade de Farmácia da UFRJ, por intermédio da professora Márcia Maria dos Passos, coordenadora do projeto, que objetivou, desde sua criação, promover o uso racional de medicamentos por meio da informação técnico-científica idônea.

- O CRIM é um serviço de utilidade pública que fornece, tanto aos profissionais de saúde quanto aos usuários de medicamentos, informações atualizadas, idôneas e científicas sobre efeitos colaterais, eficácia comparativa, incompatibilidades físico-químicas, dentre outras dúvidas inerentes à assistência farmacêutica - , explica Márcia Maria dos Passos.

Outro forte argumento motivador de uma política de alerta à sociedade quanto aos riscos do consumo desordenado de remédios sem prescrição médica é a publicidade – em televisão, jornais e rádio – de produtos farmacêuticos cujas ações soam milagrosas. No entanto, o paciente se encontra vulnerável por falta de conhecimento sobre os riscos da utilização inadequada desses produtos.  “As farmácias e drogarias vendem esses medicamentos sem exigências de prescrição, de forma oportunista, aproveitando-se da falta de acesso da população ao Sistema de Saúde Pública e Privada”, comenta a professora.

- Em relação às conseqüências do uso de remédios é preciso frisar que reações adversas podem acontecer com uns e com outros não. Já o efeito colateral está relacionado diretamente ao medicamento. Problemas assim podem ser evitados pelo médico no momento da prescrição  - , destaca a coordenadora.

Neste sentido, desde 2005, o CRIM-UFRJ integrou-se como Unidade Notificadora Pólo, ao Programa de Farmacovigilância do Estado do Rio de Janeiro. O CRIM tem a função de receber, validar e encaminhar notificações de eventos adversos com medicamentos à Unidade de Farmacovigilância do Rio de Janeiro (UNIFARJ). Além disso aplica e desenvolve o Programa de Farmacovigilância em âmbito local e auxilia nas análises de causalidade e no desenvolvimento de estudos epidemiológicos.  Fornece também informação técnica sobre medicamentos envolvidos nas notificações  à UNIFARJ.

Por esses fatores, o Centro Regional da Informação de Medicamentos é responsável não somente por oferecer informações científicas sobre medicamentos, tanto a técnicos quanto a pacientes, mas por desenvolver programas de Educação continuada em Farmacoterapêutica voltados aos profissionais de saúde em parceria com o Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro. Tudo isso com o intuito de dar melhor informação para o paciente e para os profissionais da saúde, acelerar este processo, por meio de avaliações criteriosas e responsáveis, melhor informando sobre o uso de medicamentos.