• Edição 098
  • 13 de setembro de 2007

Notícias da Semana

Síndrome Alcoólica Fetal: a importância da prevenção


Cinthia Pascueto - Agência UFRJ de Notícias - Praia Vermelha

Aconteceu nesta quinta feira, dia 13 de setembro, a Jornada de Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), organizada pelo Centro de Ensino, Pesquisa e Referência ao Alcoolismo e Adictologia (Cepral) do Instituto de Neurologia da UFRJ Deolindo Couto (INDC), com o apoio da Sociedade Brasileira de Alcoologia.  Coordenado por José Mauro Brás de Lima, neurologista e PhD em efeitos do álcool, o evento abordou as complicações oriundas da ingestão de álcool pela mulher durante a gravidez, evidenciando a necessidade de se criar um programa de prevenção à SAF.

A Jornada contou com a participação de representantes e especialistas de diversas áreas, como Simone Palermo, coordenadora do setor de fonoaudiologia do INDC, José Luiz de Sá Cavalcante, neurologista do INDC / UFRJ, Pedro Rodrigues, psicólogo e representante da Secretaria Municipal de Prevenção ao Alcoolismo, Vera Monteiro, da maternidade Escola da UFRJ, Margarida Inocência, assistente social e presidente da SBA, e Simone Diniz, presidente do Rotary Club de Botafogo.

Segundo Brás de Lima, a síndrome alcoólica fetal pode ocorrer quando a mulher grávida consome bebidas, independente da quantidade ou teor alcoólico. “Uma dose proporcional padrão de cerveja, vinho ou cachaça possui a mesma quantidade de álcool puro: 0,2g. Em pouco tempo, esse álcool cai na corrente sanguínea da mãe, sendo repassado ao feto pelo cordão umbilical. Essa situação traz diversos riscos à saúde da criança, que pode apresentar diversas complicações clínicas, somáticas e comportamentais”, garante o especialista, enfatizando a SAF ocupar o primeiro lugar nas causas de má formação fetal e dificuldades cognitivas.

Simone Palermo também destaca algumas das manifestações possíveis em crianças que apresentam a SAF. “Baixo peso e baixa estatura ao nascer, dificuldades no período pós-natal, atraso no desenvolvimento motor e psíquico, distúrbios comportamentais (agitação, hiperatividade, déficit de atenção), defeitos congênitos e características faciais: cabeça pequena, olhos pequenos e afastados, lábio superior fino, queixo curto, são ocorrências possíveis, dependendo da forma de contato do feto com o álcool”, enumera Simone, enfatizando muitas vezes a criança não apresentar caracteres visíveis. Nesses casos o diagnóstico é feito a partir da observação comportamental e do encaminhamento para um especialista que, de acordo com o histórico familiar e com as reações do paciente em um tratamento tradicional, pode determinar ou não a ocorrência da síndrome.

Todos os palestrantes convidados fizeram coro à consideração apresentada por Brás de Lima, de que a síndrome alcoólica fetal é um problema de saúde pública e, como tal, precisa da elaboração de um programa de prevenção bem difundido na sociedade. “Nos Estados Unidos e na França, por exemplo, a SAF faz parte de programas de atenção e prevenção das ações de saúde coletiva. O Brasil, por sua vez, como um dos maiores produtores e consumidores de bebida alcoólica do mundo, com um mercado consumidor crescente, de mulheres e jovens, não possui abordagens eficientes para prevenir essa síndrome, que é irreversível.” O coordenador lembra que o estado de maior ênfase a esta causa é o Rio de Janeiro, graças ao trabalho que o Cepral e a UFRJ têm desenvolvido em parceria com a SBA, a Secretaria Municipal de Prevenção ao Alcoolismo e o Rotary Club de Botafogo.

Reforçando ainda o argumento do neurologista, Vera Monteiro destaca a dificuldade das camadas mais baixas da população no acesso ao acompanhamento especializado no tratamento da SAF. “Essas pessoas não apresentam condições de oferecer um tratamento adequado ao portador da síndrome, sendo primordial a prevenção: é melhor esclarecer a mulher, a jovem sobre o perigo de consumir o álcool durante uma gestação do que tratar dos efeitos de uma síndrome facilmente evitada”, afirma a médica.

A prevenção da síndrome alcoólica fetal pode ser feita através de medidas simples, defende Pedro Rodrigues. “O necessário é conscientizar a população sobre as conseqüências da SAF e a fácil prevenção. Através de projetos como o Saúde da Família, do trabalho de assistentes sociais, psicólogos e médicos junto às comunidades e escolas, é possível reduzir essa ocorrência”, defende o psicólogo. Brás de Lima completa: “Se faz necessário também uma redução do incentivo ao consumo da bebida alcoólica, principalmente à cerveja. Apesar de lícita, o álcool também é uma droga”, ressalta o especialista.

Enquanto não é efetivo um programa voltado à saúde pública no sentido dessa discussão, a prevenção à SAF tem recebido reforços pelas mãos de Simone Diniz, presidente do Rotary Club de Botafogo, que incentivou um concurso de desenhos na escola Municipal Nossa Senhora de Aparecida, em Duque de Caxias. Os alunos aprenderam sobre os problemas relacionados à ingestão de álcool durante a gravidez e foram convidados a participar de uma seleção de oito desenhos para exposição durante a Jornada de Síndrome Alcoólica Fetal, sendo que o melhor irá ilustrar o livro de José Mauro de Lima sobre o tema. O ganhador do concurso, Adauto Borges, de oito anos, esteve presente ao evento, recebendo a medalha de Honra ao Mérito das mãos de Antônio Carlos de Santanna Gomes, o Mussunzinho, que abraçou também a causa e será nomeado embaixador oficial da prevenção à SAF.


Farmacologista recebe título de Doutor Honoris Causa


Flávia Fontinhas

A Universidade Federal do Rio de Janeiro concedeu o título de Doutor Honoris Causa, ao professor e farmacologista Marcos Vinícius Gomez. A outorga aconteceu dia 11 de setembro, durante a sessão solene do Conselho Universitário, ocorrida no anfiteatro Hélio Fraga, no Centro de Ciências da Saúde (CCS).

Esse título é o maior reconhecimento acadêmico prestado por uma Universidade, tem finalidade de premiar pessoas físicas nacionais ou estrangeiras. Em especial, o título de Doutor Honoris Causa, só pode ser concedido a personalidades de grande expressão, de distintivo saber, ou de atuação em prol das artes, ciências, filosofia, letras ou do melhor entendimento entre os povos.

Para presidir a solenidade, compuseram a mesa a vice-reitora Sylvia Vargas, o decano do Centro de Ciências da Saúde, Almir Fraga Valadares; o professor do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rafael Linden; o diretor do Centro de Ciências Biomédicas, Roberto Lent; e o homenageado, professor Marcos Vinícius Gomez.
Segundo o professor Rafael Linden, que proferiu a homenagem, o título Doutor Honoris Causa teve seu berço na cidade de Oxford, ainda no século XV. E, segundo os arquivos da Universidade de Oxford, foi concedido pela primeira vez entre 1478 e 79. Os candidatos deveriam ser capazes, conforme os estatutos da Universidade, e dispostos a executar seus exercícios. Algo que o professor Marcos Gomez cumpriu muito bem.

- Vinícius, se me permite o tratamento coloquial de seus amigos e colaboradores, além de exímio jogador de buraco, e torcedor apaixonado pelo Atlético-Mineiro e Vasco da Gama, é um dos farmacologistas mais importantes do Brasil -, afirmou o Rafael Linden, no início de sua homenagem.

Seu trabalho está registrado em cerca de 160 artigos, livros e capítulos de livros, publicados em todo o mundo. E é freqüentemente citado como exemplo e base para o progresso na área de farmacologia. Orientou até hoje 15 mestres e 12 doutores que enriquecem a comunidade científica brasileira.

Ao longo de sua carreira, o professor Marcos recebeu numerosas distinções, dentre elas: o Prêmio Lafi de Ciência Básica Aplicada a Medicina; a Medalha da Inconfidência, do Estado de Minas Gerais; e a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico, da Presidência da República e do Ministério de Ciência e Tecnologia.

Assim, o professor Rafael Linden concluiu a saudação ao professor Marcos Gomez, dizendo que “ao agraciá-lo com mais essa homenagem, a Universidade Federal do Rio de Janeiro se engrandecia, por poder conferir um título honorífico a uma personalidade como ele, que continua a oferecer inúmeras contribuições importantes à ciência brasileira. E, acima de tudo, continua dedicando sua vida à causa universitária, sempre calcado na ferrenha defesa do mérito acadêmico, inspirando novas gerações".

Em seu discurso de agradecimento, o professor Marcos Vinícius Gomez, agradeceu ao Conselho Universitário a homologação de seu nome. E afirmou que, embora em seus 45 anos de atividade de ensino e pesquisa houvesse recebido muitas homenagens e honrarias, nenhuma se igualava a esta.

E, por fim, fez questão de frisar na Ciência um processo criativo perpétuo, que eleva o homem a limites antes conderados impossíveis de alcançar. Que todo o trabalho científico é fruto de paciência e perseverança combinadas a muita dedicação.

E que ensino e pesquisa se complementam, constituindo os dois lados formadores do ângulo de sua carreira científica.
No Brasil, dentre os títulos Honoris Causa, estão personalidades como o geógrafo Milton Santos, o também farmacologista Sérgio Henrique Ferreira, o economista Celso Furtado, o médico Josué de Castro e o escritor Mário Quintana.


Alterações no projeto de expansão do CCS


No espaço Leopoldo de Meis no CCS, a fase atual do projeto foi apresentada aos professores do Instituto de Bioquímica Médica

Camila Gomes e Carolina Ladeira, do projeto de expansão do CCS

A equipe do “Fronteiras do diagnóstico e das terapias das doenças prevalecentes no século XXI, responsável pela ampliação do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, expôs, no último dia 5 de setembro, as mudanças do projeto. Em maquete eletrônica, estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) apontaram as modificações na área de convivência, no auditório e na proteção solar para fachada do novo prédio. Os avanços no planejamento do aproveitamento da água pluvial e no levantamento topográfico do terreno – apresentados pelos alunos de engenharia – concluíram a reunião.

A composição arquitetônica, coordenada por Guilherme Lassance, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e Patrícia Figueira Lassance, professora da Escola de Belas Artes (EBA), iniciou a apresentação. A principal vantagem na nova organização, segundo Rodrigo Nunes, um dos responsáveis pela concepção do prédio, é a melhor utilização dos espaços de convívio e do auditório. A área de convivência foi deslocada para o primeiro pavimento com o objetivo de ampliar o espaço de auditório e valorizar o convívio, agora colocado em uma elevação. Destacou-se a preocupação em estabelecer uma conexão entre os prédios já construídos e os novos.

As rampas tornaram-se mais simples e confortáveis obedecendo à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e dão acesso ao segundo pavimento onde passou a localizar-se o auditório. Este ganhou um novo formato: o de anfiteatro, capaz de comportar um público de 150 pessoas, número reivindicado pelos professores do CCS. Estuturas elétrica, rede de dados e de voz sofreram mudanças de localização e de dimensão para atender às normas de incêndio e de acessibilidade.

Outra alteração foi no planejamento do telhado. Essa estrutura ganhou uma inclinação mais suave combinando estética com a demanda de captação da água da chuva, a ser aproveitada. “Essa água será utilizada nas descargas de sanitários e com isso haverá a redução de aproximadamente 50% no gasto de água normal” afirma o aluno Jonas Brito, do departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente responsável pelo aproveitamento da água de chuva. Somando-se a isso, haverá a reutilização da água dos destiladores. Com essa proposta, o consumo diário, estimado em 45 mil litros, será reduzido para 12 mil litros por dia.

A novidade ficou para a fachada. A meta é construir uma estrutura metálica aramada coberta por plantas protegendo as janelas. O usuário poderá optar por uma vegetação mais ou menos densa, não prejudicando a vista externa. A finalidade é ela reduzir a incidência solar no interior da edificação (ocorrida durante boa parte do dia) formando também uma sombra na calçada para os transeuntes. Além de diminuir o gasto de energia elétrica, a utilização de vegetação proporciona um conforto visual e térmico. A aplicação desta idéia é inovadora no país.

Já em fase conclusiva encontra-se a composição paisagística. Seguindo as normas de que para cada árvore derrubada, cinco outras sejam plantadas, o replantio chegaria a 150 árvores.

No momento, está sendo realizada uma sondagem da percussão do terreno onde será realizada a obra. Esse procedimento, a cargo de uma empresa contratada, é capaz de amostrar o subsolo a fim de conhecer seu tipo e sua resistência à perfuração.

Para finalizar a reunião uma apresentação do modo de levantamento topográfico, realizado pelos alunos da Engenharia de Transportes orientados por Virgílio Noronha, professor.