• Edição 097
  • 10 de setembro de 2007

Microscópio

Dia Mundial de Conscientização sobre Linfomas


Flávia Fontinhas

Linfoma é uma neoplasia maligna, ou seja, câncer da célula linfóide. A linfóide é uma célula que circula no sangue, é agente de defesa contra infecções, vírus e outros agressores ao organismo, participando do sistema imune humano. Os linfomas podem ser descritos como o crescimento descontrolado das células linfóides.

A fim de alertar a população mundial para esse tipo de câncer, seu diagnóstico e suas formas de tratamento, dia 15 de setembro ocorrerá simultaneamente em mais de 20 países, e pelo quarto ano consecutivo, o Dia Mundial de Conscientização sobre Linfomas.

A campanha pretende evitar o aumento de casos de mortalidade e possibilitar seu diagnóstico precoce. A ação global é realizada pela Coalizão Linfoma, uma organização sem fins lucrativos de grupos de pacientes que apresentam a doença. No Brasil, o evento é organizado pela ABRALE (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) e visa ampliar o conhecimento da população acerca dos linfomas.

Segundo o professor e pesquisador do Serviço de Hematologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dr. Rodrigo Doyle Portugal, os linfomas não têm uma causa estabelecida, mas os principais agentes diretamente envolvidos são virais – os vírus da mononucleose, o vírus do HIV e o vírus do HTLV-1 predispõem o surgimento de linfomas.

Há pelo menos 20 diferentes linfomas, agrupados em dois grandes tipos: os linfomas Hodgkin (LH) e os linfomas não-Hodgkin (LNH). Os linfomas Hodgkin podem ser os mais agressivos, necessitam de um tratamento mais intenso. Já os linfomas não-Hodgkin podem ser caracterizados os indolentes, ou de baixo grau de malignidade, o que permite, às vezes, ao paciente, ficar apenas em observação.

“O principal sintoma dos pacientes da doença é o aumento dos linfonodos, ou nódulos linfáticos, principalmente na região cervical do pescoço, na região axilar ou na região inguinal da virilha. Outros sintomas recorrentes também são: febre, perda de peso e suor, principalmente à noite”, explica o doutor.

O diagnóstico é feito pela retirada e biópsia de um desses linfonodos. Se  realmente for constatado o linfoma, o tratamento mais adequado é a quimioterapia, a ser iniciada o quanto antes. “O linfoma Hodgkin precisa de tratamento imediato com quimioterapia venosa, enquanto os linfomas indolentes podem receber uma quimioterapia mais simples, às vezes com comprimidos; existe até a possibilidade de alguns pacientes não serem tratados”, diz o professor.

Segundo Rodrigo, a radioterapia também é utilizada, mas em geral é complemento da quimioterapia. “A radioterapia só é usada para linfomas muito localizados ou para remover algum resíduo deixado pela quimioterapia. Mas é raro o linfoma estar em um ponto só, mesmo que um segundo ponto não esteja facilmente visível. A princípio, o linfoma é considerado doença sistêmica.

É importante que os pacientes não se desesperem; ao procurar um especialista logo aos primeiros sintomas da doença as chances de cura são muito altas. “De um modo geral, os linfomas, mesmo em estado avançado, têm uma resposta boa ao tratamento. Com os tumores sólidos em estágio avançado, como mama e estômago, entre outros, a resposta não é tão boa. Para os linfomas existe uma boa perspectiva de cura. Hoje em dia, bem mais do que a metade dos pacientes são curados”, afirma o doutor.

No Brasil há muitos casos, mas poucas pessoas conhecem a doença e seus sintomas. Esse evento é importante para isto: somente com o  conhecimento e a conscientização da população os sintomas serão identificados e a doença poderá ser diagnosticada precocemente, evitando diversas mortes.