• Edição 097
  • 10 de setembro de 2007

Ciência e Vida

Pesquisa revela propriedades químicas e biológicas da própolis

Priscila Biancovilli

Na dissertação de mestrado apresentada ao NPPN (Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais) a pesquisadora Adriana Passos Oliveira identificou substâncias ativas responsáveis pelo potencial antimicrobiano da própolis do Estado do Rio de Janeiro. A dissertação foi apresentada em maio de 2007, orientada pelo professor Ricardo Machado Kuster. Quase sempre o objetivo da pesquisa é comprovar a sabedoria popular: muito além de um simples alimento, a própolis possui propriedades antimicrobianas.

“Estabelecemos alguns parâmetros para controle de qualidade da própolis do Rio de Janeiro e pretendemos, futuramente, elaborar uma monografia para a Farmacopéia Brasileira – o código oficial farmacêutico do Brasil – reconhecendo a própolis como medicamento. Hoje ela é cadastrada no Ministério da Agricultura como alimento, apenas”, explica Adriana. “Queremos iniciar a validação dos métodos analíticos da própolis ano que vem. Este processo pode levar de seis meses a um ano, aproximadamente”, continua a pesquisadora.

Esta pesquisa, iniciada em 2000, aconteceu em quatro etapas. A primeira pela otimização da extração da tintura da própolis, para uma melhor atividade antibacteriana. A segunda fase pela padronização química e microbiológica de tinturas de várias cidades do Rio. A terceira etapa consistiu no isolamento das substâncias antibacterianas da própolis, e a última etapa tratou da elucidação estrutural, pela identificação das classes químicas das substâncias antibacterianas.

“Conseguimos isolar, identificar e testar estas substâncias frente a bactérias multirresistentes, com sucesso. Testamos também o potencial antioxidante, in vitro. Impedimos a oxidação de um radical chamado DPPH. As substâncias antioxidantes são bastante úteis para o homem, por exemplo, no controle dos radicais livres”, afirma Adriana. Em testes de laboratório, a própolis conseguiu combater bactérias relacionadas a infecções hospitalares (Estafilococos), infecções do trato urinário (Escherichia coli) e infecções de garganta (Estreptococos). Conhecer melhor estas propriedades possibilita desenvolver medicamentos eficientes, a partir da própolis, para curar uma série de doenças e infecções.

“Muitos questionaram a relevância da pesquisa, já que vários outros estudos comprovaram o potencial antibacteriano da própolis. O diferencial da minha pesquisa é ela se voltar apenas para o Estado do Rio de Janeiro. Há uma variação da constituição química da própolis conforme clima, vegetação e flora visitados pelas abelhas. Portanto, suas propriedades são diferenciadas. No Estado do Rio de Janeiro, encontramos uma certa homogeneidade”, esclarece Adriana.