• Edição 096
  • 30 de agosto de 2007

Saúde e Prevenção

Dá para prevenir a gripe?

Priscila Biancovilli

Nos períodos de frio mais intenso, é comum ver pessoas tossindo e espirrando, com febre e dores pelo corpo. A gripe é uma doença causada pelo vírus influenza, e se prolifera com maior facilidade no inverno, “pela maior aglomeração de pessoas e a manutenção de locais fechados”, afirma Edimilson Migowski, professor de Infectologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). O vírus se transmite por via aérea, mas também por aperto de mãos e por objetos recentemente contaminados.

Sintomas

Os sintomas da gripe são diversos. Começa com uma febre elevada, de início súbito, seguida por dor muscular, tosse forte, dor de cabeça e garganta e prostração. Existe uma elevada possibilidade de complicar para quadros como otite, sinusite e pneumonia, deixando o paciente acamado por 2 a 3 dias. “É importante que o paciente não confunda gripe com resfriado. O resfriado em geral não provoca febre, ou quando ocorre é baixa. Pode ter coriza e tosse, mas com menos intensidade do que na gripe. Também a complicação é bem menos freqüente”, explica Edimilson.

O resfriado não é causado pelo influenza, mas sim por centenas de outros vírus, como oronavírus, rinovírus, parainfluenza e adenovírus.

Prevenção

Apesar de a gripe ser transmitida por via aérea, existem formas de prevenir o contágio. “O ideal é se manter afastado da pessoa gripada. Uma boa e freqüente higiene das mãos diminui a possibilidade de transmissão do vírus. Ambientes arejados também colaboram na redução da transmissão”, alerta o professor.

No entanto, a melhor forma de prevenir a gripe é mesmo a vacinação. A vacina pode ser administrada em crianças a partir de 6 meses de vida e não há limite máximo de idade. Ela é contra-indicada apenas em quem tem alergia grave (choque anafilático) aos seus componentes, ou aqueles que estejam com quadro febril. A vacina pode ser aplicada em imunodeprimidos (baixa no sistema imunológico), gestantes e em pessoas com doenças graves, sem problemas. 

A prevenção também pode ser feita com um medicamento chamado oseltamivir (comercialmente registrado com o nome de Tamiflu). “Esse medicamento é o único contra o vírus influenza para uso oral licenciado no Brasil, e pode ser utilizado para tratamento dessa infecção ou como forma de prevenção, quando uma pessoa entra em contato com pessoas gripadas. Quanto mais precocemente iniciarmos o tratamento, melhor será o resultado e menores serão as complicações decorrentes da gripe”, atesta o professor.

Devemos atentar para alguns detalhes em relação à vacina contra a gripe. O prazo de validade dela é de apenas um ano. Isto acontece por dois motivos: “primeiro, os níveis de anticorpos tendem a diminuir decorridos alguns meses. Segundo, tendo em mente que o vírus é mutante, a vacina deve ser administrada todos os anos para funcionar efetivamente”, alerta Edimilson.

Além disso, existem variações regionais. Com enorme freqüência a vacina indicada para o hemisfério norte é diferente daquela indicada para o hemisfério sul. Em alguns anos a formulação não difere.

Mesmo que a campanha brasileira de vacinação contra a gripe tenha como público-alvo apenas os idosos, o ideal seria que todos tivessem acesso a essa forma de prevenção. “Nenhuma outra doença evitável por vacinação acarreta em tanto prejuízo e absenteísmo as escolas e ao trabalho quanto a infecção pelo vírus influenza. Em algumas estatísticas a gripe aparece como responsável por até 1,5 milhão de mortes por ano. O ideal seria que todo mundo, com mais de 6 meses de vida e sem contra-indicações, fosse vacinado. O problema que não existem doses para todos. Daí a idéia de o Ministério da Saúde estabelecer grupos restritos para receber a vacina nos postos públicos. Do ponto de vista individual sou totalmente favorável à vacinação irrestrita”, comenta o professor.