• Edição 096
  • 30 de agosto de 2007

Microscópio

UFRJ promove discussão interdisciplinar acerca da violência


Julianna Sá

Interdisciplinaridade: “integração de dois ou mais componentes curriculares na construção do conhecimento”. Essa é a definição que conta na enciclopédia virtual “wikipedia” a respeito desse conceito vasto e, atualmente, presente e necessário nas mais diversas formas de conhecimento. É permeado por este conceito que no dia 31 de agosto, próxima sexta-feira, o Laboratório de Psicopatologia e Psicanálise da UFRJ, sob coordenação do professor, psiquiatra e psicanalista, Theodor Lowenkron, em parceria com o Forum de Ciência e Cultura, presidido pelo professor Aloisio Teixeira, realiza um painel que visa discutir a violência. O evento, que lança também o mais recente título de Theodor — Psicanálise interminável ou com fim possível? —, conta ainda com a presença do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, da ex-representante do Ministério da Educação no Rio de Janeiro e atual conselheira do Estado do Rio de Janeiro para Educação Renata Gerard, o ex-secretário Nacional de Segurança pública, Luis Eduardo Soares e Joel Birmam, professor de Teoria Psicanalítica da UFRJ.

Todos, em suas devidas áreas e com abordagens específicas relacionadas aos seus campos de atuação, pretendem trabalhar a questão da violência sem restringi-la a uma só esfera social. “O tema violência foi escolhido por constituir uma questão que ocupa a sociedade brasileira e carioca no seu cotidiano, partindo, é claro, do princípio que cabe à universidade apresentar uma reflexão e um estudo a respeito daquilo que é demandado pela sociedade”, observa o professor Theodor Lowenkron.

Segundo ele, a idéia de ser um painel transdisciplinar sobre violência coincide com o espírito do laboratório que coordena, já que é um laboratório interdisciplinar ou, mais ainda, transdisciplinar, por abordar o saber da psiquiatria com o saber da psicanálise, razão pela qual ele está inserido na Faculdade de Medicina e no Instituto de Psiquiatria, ambos da UFRJ.

É nessa mesma esfera que se apresenta a nova gestão do reitor Aloisio Teixeira. Em seu discurso de posse, ele disse que sua proposta é que a universidade vá adiante da estrutura departamental, sem abandoná-la, mas superando-a. Portanto, há uma coincidência, numa perspectiva político científica do laboratório e da maneira de pensar do reitor, o que permitiu uma atenção especial à proposta, possibilitando montar esse painel em conjunto. “Acredito que essa união de saberes seja vital para o enriquecimento de qualquer discussão, principalmente no caso do tema escolhido, complementa o coordenador do evento.

Lançamento do livro

Na ocasião acontece também o lançamento do livro de Theodor Lowenkron, que traz a polêmica questão de um tratamento psicanalítico clínico findável. O título, que é baseado na primeira tese em psicanálise aprovada na Universidade Federal do Rio de Janeiro em concurso público, busca responder através do esforço investigativo promovido por Theodor Lowenkron, a questão de seu título Psicanálise interminável ou com fim possível?, partindo de um estudo desenvolvido pelo autor.

— O livro é de minha autoria, mas que eu também reputo ao meu laboratório, que se encontra também nessa perspectiva transdisciplinar, mostrando exatamente essa proposta na qual eu também me insiro, como psiquiatra e psicanalista — explicita o autor.

O professor explica ainda o porquê do título e da abordagem elaborada por ele:

— Ao nomear a tese Psicanálise interminável ou com fim possível?, quis enfatizar o limite para o tratamento psicanalítico. O objetivo da análise não é decifrar todas as peculiaridades do caráter humano em benefício de uma “normalidade” humana, nem tampouco exigir que a pessoa que foi completamente analisada não sinta paixões nem desenvolva conflitos internos. É, portanto, a necessidade prática que se faz a defesa dessa posição. A questão respondida pela tese não compromete sua contingência intrinsecamente interminável — encerra Theodor Lowenkron.