• Edição 095
  • 23 de agosto de 2007

Saúde em Foco

Roedor com TOC dá pistas sobre doença

Transtorno obsessivo compulsivo causa repetição de comportamentos ansiosos.
Cientistas agora mostram que proteína tem papel importante em seu desenvolvimento.

Do G1, em São Paulo

O transtorno obsessivo compulsivo (ou TOC) pode ser causado por um defeito na comunicação entre os neurônios provocado pela ausência de uma proteína no cérebro, segundo cientistas que conseguiram criar, em laboratório, camundongos com os sintomas do problema.

Com a ajuda da engenharia genética, os pesquisadores criaram animais que nasceram sem a proteína SAPAP3, que faz exatamente esse trabalho de ajuda à comunicação dos neurônios. Sem ela, os camundongos limpavam seus rostos até sangrarem e passavam a ter aversão a espaços brilhantes e abertos -– sintomas típicos de pacientes com TOC.

De acordo com o líder do estudo publicado na revista científica “Nature” desta semana, Guoping Feng, da Duke University, nos Estados Unidos, o TOC faz as pessoas acreditaram que não podem controlar a si mesmas.

Com isso, passam a sofrer de ansiedade intensa, com pensamentos obsessivos incontroláveis que as fazem repetir compulsivamente alguns comportamentos, quase sempre ligados à limpeza, como lavar as mãos. As “manias” de quem tem TOC — cerca de 2% da população mundial — atrapalham seu dia-a-dia e se transformam em uma verdadeira tortura.

 Foi para investigar as causas desse mal que os cientistas desenvolveram os roedores sem o gene que produz a proteína que coordena a comunicação dos neurônios. No início, eles eram aparentemente normais. Mas cerca de cinco semanas depois, os pesquisadores começaram a notar machucados em suas faces. Observando as câmeras que os monitoravam 24hs, eles notaram os sinais da limpeza excessiva.

Outros testes mostraram a ansiedade das cobaias. Normalmente, camundongos colocados em um ambiente escuro com uma porta para um mais claro se aventuram para o ambiente externo. Os animais sem a proteína não se arriscavam.
A cura, no entanto, foi tão possível nos animais como é nos humanos. Com remédios usados normalmente para tratar o transtorno obsessivo compulsivo, como a fluoxetina, os camundongos passaram a se comportar normalmente, com a ansiedade controlada.

A descoberta mostra onde começam os sintomas de ansiedade excessiva em pacientes com TOC. Com essa informação, será possível desenvolver tratamentos e remédios mais eficazes contra o problema.

Do G1, em São Paulo
Editoria: Ciência e Saúde
Data: 23/08/2007
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL92271-5603-71,00.html