• Edição 094
  • 20 de agosto de 2007

Saúde e Prevenção

Inverno intensifica dermatite seborréica

Julianna Sá

A seborréia, doença crônica para a qual se atribui, muitas vezes, apenas o aparecimento de caspas, engloba outras manifestações incômodas. Trata-se da dermatite seborréica, que acontece com pequena predominância em homens, acometendo as áreas chamadas seborréicas do corpo, que são o maciço central da face, a região inter-mamilar, o umbigo e a região genital, atingindo também o couro-cabeludo, entre outras áreas. De diagnóstico simples, a doença que tem significativo aumento no período de inverno pode ter sua manifestação bastante variada, com lesões de diferentes graus.

— A dermatite seborréica se caracteriza por ter descamação nessas áreas citadas. Em algum momento da doença ela pode se manifestar muito eritematosa, ou seja, mais avermelhada. Em outras pessoas pode ocorrer de forma mais esbranquiçada e escamativa. Às vezes é pruriginosa, provocando coceira — explica Sueli Carneiro, professora da faculdade de Medicina e dermatologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.

O incômodo da doença está não só na coceira, mas na área atingida, geralmente visível, já que pode se manifestar na face, dentre outras regiões, gerando um aspecto desagradável. “Há casos muito intensos de dermatite seborréica, com grandes erupções na pele”. Tal manifestação se deve, em grande parte dos casos, ao aumento do stress do indivíduo, alterando significativamente o emocional dele. “Situações assim agravam, e muito, a dermatite seborréica, aumentando a manifestação de seus sintomas significativamente”, complementa a professora.

O diagnóstico é simples e pode se restringir ao exame clínico. “Raramente é preciso fazer exame de pele, como biópsia. Se houver necessidade de estudos e análises mais detalhadas para pesquisa, pode-se retirar um pequeno pedaço da pele do paciente para checagem, mas não é necessário num procedimento comum”, explica a dermatologista.  

Manifestada principalmente em pessoas de pele oleosa, podendo também aparecer em pacientes de pele seca, a doença não tem causa conhecida. “Atualmente se discute muito a causa da dermatite seborréica. Durante muito tempo acreditava-se saber o que era, mas hoje existem algumas dúvidas a respeito. Nós estamos desenvolvendo uma pesquisa aqui para estudar o que acontece debaixo da pele de quem tem dermatite seborréica, na parte não visível para verificar o infiltrado inflamatório.” O que se sabe hoje é que na realidade existe uma inflamação na derme — parte da pele localizada entre a epiderme e o tecido subcutâneo — onde se encontra células de inflamação no paciente que tem a doença.  

O tratamento é baseado, principalmente, na diminuição da oleosidade da pele, acrescido do uso de alguns remédios indicados, sempre, por um médico especialista. Os pacientes que têm dermatite seborréica costumam, em geral, ter a pele mais sensível, o que exige um cuidado especial para reduzir as conseqüências da irritabilidade.  É importante tratá-la tanto nas crises, como nos períodos amenos, como meio de prevenção. Não há um tratamento de cura efetiva, já que é uma doença crônica.

— Às vezes o indivíduo possui pequenas descamações que não chamam atenção, mas já são dermatites seborréicas. Quando mais velho, por questões emocionais, ou aumento de oleosidade em função de má alimentação, por exemplo, pode agravar o caso, levando o paciente a crer que desenvolveu a doença, embora ela já estivesse presente de forma mais branda — conclui Sueli Carneiro.