• Edição 075
  • 12 de abril de 2007

Notícias da Semana

Ciência ou Mitologia? Franklin responde

Isabella Bonisolo – Agência UFRJ de Notícias – Praia Vermelha

No dia 2 de abril, a Casa de Ciência da UFRJ realizou o debate Ciência ou Mitologia?, do projeto Ciência às Seis e Meia. A palestra, projeto da SBPC / RJ (Sociedade Brasileira para o Prograsso da Ciência), foi ministrada por Franklin Rumjanek, pesquisador do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.

A idéia do tema Ciência ou Mitologia? surgiu da intensa discussão, fora da comunidade científica,  sobre evolucionismo e criacionismo. Com o intuito de por em ordem as informações que chegam ao público, Franklin mapeou aspectos mitológicos e sua relação com as ciências.

De início, esclareceu que os mitos criados para o surgimento da Terra e fenômenos naturais nada mais são do que tentativas de formular explicações para o mundo. O desejo por respostas também fez com que o ser humano fosse direto no ambiente que o cercava.

- Não surpreende que tentam explicar os fenomenos a partir do seu ambiente mais direto. Temos como um bom exemplo as mitologias nórdicas, que são povoadas por figuras relacionadas ao gelo e vulcões. Isso é exatamente como o meio onde eles vivem -  explica o professor que ainda mostrou mitos aborígenas e siberianos.

Com essa proposição dos mitos, não é difícil imaginar que cenários comuns gerem mitos semelhantes. Os temas mais frequentes eram: caos, ciclos, ovos, obrigação da reprodução sexuada e surgimentos do nada. Como exemplo, tem-se os Egípcios com o mito de Re, que deu a luz a si mesmo e possui uma história cíclica.

Após passear rapidamente por conceitos mitológicos, Franklin retratou o pensamento de alguns filósofos que refletiram sobre a criação do mundo. Homero, importante divulgador do conhecimento politeísta, humaniza os deuses como intuito de difundir a mitologia. Figuras como Protágoras, Ludwig Feuerbach, Critias e Epicuro também foram lembradas.

Runjanek apontou ainda algumas controvérsias científicas em relação ao surgimento da Terra. Uma seria em relação a sua idade. Por volta do século XIX, chegou-se a afirmar que nosso planeta teria surgido apenas 4 mil anos antes de Cristo. Porém, com a descoberta da análise de fósseis e estratos de rochas, hoje sabe-se que a idade certa é 4,6 bilhões de anos.

A discussão terminou com as correntes científicas evolucionistas, como o Lamarkismo, Darwinismo e outras mais atuais.

Interessado no projeto? Mês que vêm tem mais!
O projeto Ciência às Seis e Meia é dirigido a todos que apreciem as ciências e tem interesse em conhecer questões e avanços científicos. Com uma linguagem leve, pode ser acompanhada por leigos sem qualquer dificuldade. O próximo encontro – Simplicidade, Complexidade, fractais e tudo isso -  será dia 2 de maio e conta com a presença de Constantino Tsallis.

Mais informações no site www.casadaciencia.ufrj.br 


Simpósio sobre pesquisa ocular na UFRJ

Priscila Biancovilli

No último dia 30 de março, o Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho e o Departamento de Oftalmologia da UFRJ promoveram um simpósio sobre pesquisa ocular, no auditório “Quinhentão”. Das 8h às 18h30, diversos palestrantes falaram sobre linhas de pesquisa, investigações científicas e inovações nesta área. Foram abordados temas como “O papel atual dos cursos de mestrado e doutorado”, “A visão da universidade não estatal e centros privados” e “O papel das agências de fomento”, entre outros.

O professor Harley Bicas, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, discursou sobre “A Política da Ciência e Tecnologia na Atualidade”. Ele iniciou sua apresentação diferenciando estudo, que trata apenas de recepção de conhecimento, e pesquisa que envolve criatividade e inovação. Disse ainda que existem dois tipos de pesquisa: a aplicada, que lida com a criação de técnica e métodos novos, e que geralmente é feita de forma independente e pessoal; e a básica, que depende de realização coletiva.

Harley falou também sobre o tipo de fomento recebido a pós-graduação no Brasil que, segundo ele, cria alguns constrangimentos. “As tantas exigências que estas instituições fazem podem esterilizar uma produção. Temos um grupamento relativamente pequeno para julgar trabalhos, enquanto na Europa sobra”, afirma.

O professor elogiou o indexador nacional de periódicos científicos, o Scielo, e fez uma crítica aos pesquisadores brasileiros, que às vezes dão mais valor a indexadores internacionais. Além disso, Bicas criticou também o estímulo que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) oferece aos pesquisadores para publicarem seus trabalhos no exterior. “O CNPq valoriza as pesquisas que são publicadas em revistas internacionais. Isso é ruim para o próprio Brasil. Não temos o retorno do dinheiro investido em pesquisa ao povo brasileiro. Pesquisa-se apenas aquilo que interessa às revistas internacionais, para que os artigos sejam aceitos”.

Bicas finalizou seu discurso reafirmando a valorização que precisa ser dada às pesquisas publicadas no Brasil. “Podemos fazer muito pelo Brasil, mudando a mentalidade dos brasileiros. Nossa ciência precisa ser voltada para nós mesmos, e não para inglês ver”, completou o professor.