• Edição 074
  • 29 de março de 2007

Microscópio

Água e Limnologia de Mãos Dadas

Tainá Saramago

Atualmente, a maioria das pessoas desconhece a importância e até mesmo o significado de Limnologia. Rios, lagos, lagoas e todas as outras águas do continente, sob ponto de vista da ecologia, são estudadas por esse ramo da biologia. E é nesse ramo que encontramos a tão escassa água doce que a sociedade contemporânea tanto preza e despreza.

Os seres humanos através de aterros, resíduos químicos e esgoto doméstico poluem incessantemente essas águas. “No Brasil, quase 98% da população lança o esgoto doméstico nos rios, e o pior, nos mesmos rios que tiram água para beber, para higiene pessoal”, revela o professor e limnólogo Francisco Esteves, da UFRJ. Estudar Limnologia hoje, é uma medida necessária. É através dela que começamos perceber as primeiras alterações nos ecossistemas aquáticos.

- Se deixarmos para cuidar da água quando começar a ocorrer a mortandade de peixes, a situação se complica. É como se fosse um câncer, quando chega nos peixes é porque todo o ecossistema já foi comprometido e aí a recuperação fica mais difícil e mais cara. Com o estudo da Limnologia podemos tomar medidas preventivas, pois se pode perceber através de plantas aquáticas e animais menores, os primeiros sinais de contaminação e alteração
- , afirma o especialista.

Outro fator lembrado pelo professor foi o chamado “indústria da água mineral”. Segundo dados estatísticos, no norte do Rio de Janeiro existem famílias que gastam até 60% de sua renda comprando águas minerais, quando essa renda poderia ser utilizada para saúde e educação. Cada vez mais a qualidade da água tem ficado pior e o seu tratamento mais caro.

Francisco revelou ainda, que no Brasil inteiro as águas estão contaminadas com hormônios femininos. “As mulheres tomam pílulas, os hormônios ficam na urina e acabam nos rios”, explica o professor. E o que muita gente não sabe é que nenhum tratamento de água elimina esses hormônios. Podendo levar crianças a terem seios desenvolvidos e uma série de outras implicações.

E é por isso que a cada dois anos a Sociedade Brasileira de Limnologia (SBL) faz um Congresso para discutir os principais problemas das águas e novas idéias. Esse ano o lugar escolhido para a realização do XI Congresso Brasileiro de Limnologia foi o Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM) e o evento ocorre de 24 a 28 de Agosto.

O Congresso vai discutir temas como, de que forma o Aquecimento Global afetará os ecossistemas aquáticos, entre outros. As atividades são constituídas de palestras, mesas redondas e exposições de trabalhos produzidos por ONGs e escolas de todos os municípios da bacia de Campos.

É importante ressaltar que o NUPEM é a primeira unidade da UFRJ fora da cidade do Rio de Janeiro e que leva desenvolvimento científico e tecnológico para a cidade de Macaé, onde está localizado. Por ter muito petróleo, as águas continentais da cidade são muito afetadas pela poluição e a degradação é assustadora. Comprometendo, inclusive, o Rio Macaé, principal abastecedor da cidade e das plataformas.